Terra Indígena mais desmatada do país tem entre seus invasores uma ex-vice-prefeita de São Félix do Xingu (PA) e fornecedores de grandes frigoríficos.
A Folha deu detalhes sobre as denúncias apresentadas pelo Ministério Público Federal (MPF) no último dia 20 sobre invasores da Terra Indígena Apyterewa, campeã de desmatamento entre os territórios indígenas nos últimos anos no Brasil. A relação de denunciados inclui políticos e pecuaristas que fornecem carne bovina a grandes frigoríficos.
Os invasores, que estão sendo retirados por agentes federais desde o começo do mês, teriam ocupado a Terra Apyterewa com quase 50 mil cabeças de gado. Os dados foram obtidos a partir do cruzamento de informações do sistema da ADEPARÁ (Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Pará) com guias de trânsito animal emitidas para deslocamento do gado.
Entre os denunciados, está Cleidimar Gama Rabelo, vulgo Cleidi Capanema, ex-vice-prefeita de São Félix do Xingu entre 2013 e 2016. A documentação identificou que, no final de julho de 2019, a política movimentou 1.859 cabeças de gado oriundas de Apyterewa para processamento nas instalações da Marfrig. O Pará Terra Boa também repercutiu as denúncias.
Há uma forte pressão política para frear a desintrusão da Terra Apyterewa, feita por prefeituras como a de São Félix do Xingu, parlamentares e integrantes do governo do Pará. Há quase um mês, agentes da Polícia Federal, do IBAMA e da Força Nacional de Segurança Pública trabalham na saída voluntária de não indígenas que ocupam ilegalmente a reserva.
O prazo para a saída pacífica dos invasores termina nesta 3ª feira (31/10), informou a Agência Brasil. O Ministério dos Povos Indígenas (MPI) e a PF destacaram que a desintrusão já resultou na melhora dos indicadores referentes ao desmatamento na Terra Apyterewa. Houve uma queda de 98,5% das áreas de floresta derrubada, de 10,68 km2 em outubro de 2022 para apenas 0,16 km2 neste mês. O número de alertas de desmate também caiu de 91 para 12 no comparativo dos dois meses.
Entretanto, o esforço de retirada tem sido marcado por tensões. Mesmo com o alerta de que o prazo está acabando, alguns invasores seguem no território. Entre os indígenas, o temor é de ataques de não indígenas contra as aldeias. Por isso, a expectativa é de que as forças federais permaneçam na região pelos próximos meses, enquanto a FUNAI trabalha na recuperação e proteção do território desocupado. A piauí abordou a situação.
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Comunicação Operação Tiatb (Terras indígenas Apyterewa e Trincheira Bacana) – Divulgação