O último adeus da Ñandesy Damiana

Por Kuñangue Aty Guasu

Seu corpo, suas rezas ecoaram por décadas e décadas na busca da tão sonhada demarcação da Terra Indígena de Apyka’i.

Damiana e toda a comunidade sofreram vários despejos, foram muitas longas estadias às margens da BR-463, em Dourados/MS, sofrendo inúmeras violações, invisibilizada aos olhos do estado Brasileiro, convivendo com as várias mortes de suas parentelas.

A plantação de cana tem proteção e aval do estado, Damiana sempre foi vista como “invasora”, estrangeira em sua própria terra nativa. O latifúndio de MS matou Damiana lentamente com aval do estado que nunca reconheceu a terra nativa dela. Foram décadas de sofrimento!

Seu corpo hoje aos 81 anos descansou, haverá o cortejo agora de manhã, saindo da beira da rodovia onde morava a Ñandesy Damiana na frente da tão sonhada Apyka’i até a retomada de Ñu Porã.

A tristeza e a revolta tomam conta de nossos olhares e transbordam, toda a terra da Damiana está ocupada pela Usina São Fernando e está sendo utilizada por plantações de cana, e essas plantações de cana de açúcar têm SIM sangue do povo Kaiowá e Guarani.

Que as nossas ancestralidades confortem o coração de todos que estão tristes com a morte cruel da Ñandesy Damiana. Jary Guasu e Ñande Ramõi já receberam Damiana de volta em nossa grande casa espiritual.

Damiana será lembrada hoje e sempre, com suas rezas ancestrais travou uma batalha árdua e nunca desistiu. Atyma porã Ñandesy Damiana, nós seguiremos em Marcha pela Demarcação dos territórios Kaiowá e Guarani em MS.

#damiana #luto #nandesy #apykai

Encaminhada para Combate Racismo Ambiental por Neyla Mendes.

Foto: Cacique Damiana. Imagem capturada de vídeo. 2015.

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Complemento de Combate:

“Documentário produzido pelo Comitê de Solidariedade aos Povos Indígenas, da cidade de Araraquara (SP), retratando a realidad da retomada de Apyka’i, localizada a 7km de Dourados, no Mato Grosso do Sul, a partir de testemunhos dos próprios indígenas Guarani e Kaiowa.

Damiana e Nivaldo dividem falas e rezas sobre as difíceis condições de vida na comunidade, e denunciam a violência do agronegócio contra a vida de seu povo: ataques químicos, atropelamentos criminosos, assassinato por arma de fogo são apenas alguns dos crimes realizados pelos fazendeiros e seus jagunços na região.”

 

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