Greenpeace e IEPA vão avaliar impacto da exploração de petróleo na foz do Amazonas

Expedição Costa Amazônica Viva vai apoiar pesquisadores para fomentar produção de conhecimento científico sobre as correntes marinhas da foz do Amazonas, alvo da indústria petrolífera.

ClimaInfo

Já está em águas brasileiras o Witness, veleiro do Greenpeace que será a base da Expedição Costa Amazônica Viva, que acontece ao longo do mês de março. A embarcação vai navegar pelas costas do Amapá e do Pará com pesquisadores do Instituto de Pesquisa Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá (IEPA) para coletar dados sobre as correntes marítimas da região.

É nessa área, da bacia da foz do Amazonas, que a Petrobras quer perfurar um poço para exploração de combustíveis fósseis no bloco FZA-M-59, a cerca de 160 km da costa de Oiapoque, no Amapá. Assim, os cientistas do IEPA pretendem fazer parte daquilo que a petroleira e o Ministério de Minas e Energia (MME) deveriam ter providenciado há tempos: avaliar os impactos que a atividade petrolífera pode causar numa região de alta sensibilidade ambiental e com pouquíssimos dados.

Assim, o objetivo da expedição, segundo o Greenpeace Brasil, é fomentar essa discussão, entendendo como funcionam as correntes marítimas e quais são os riscos de um eventual vazamento de petróleo na região, explica Mônica Bergamo na Folha. Afinal, há incertezas se, em caso de acidente, o petróleo vazado poderá atingir a costa amazônica, manguezais, rios, Terras Indígenas e lavouras da região.

A modelagem de dispersão de óleo apresentada pela Petrobras no pedido de licença que está sob análise do IBAMA – um dos parâmetros usados para identificar os riscos de uma perfuração – indica que o petróleo não tocaria a costa brasileira, mas foi recebida com ceticismo por oceanógrafos de referência no país, afirma o Greenpeace. Além disso, contraria relatos das populações locais, que afirmam ter testemunhado a chegada de objetos caídos em alto mar nos rios e mangues da região. Por isso, a Expedição Costa Amazônica Viva irá ouvir também os Povos Indígenas e outras pessoas que atuam no local.

Vale lembrar que, no processo de licenciamento do IBAMA, o grau de impacto ambiental do projeto de exploração para o FZA-M-59 atingiu escala máxima, com alta magnitude do impacto negativo, influência em biodiversidade formada por espécies ameaçadas de extinção e comprometimento de áreas ainda desconhecidas. A perfuração do poço teve grau de impacto ambiental calculado pelo órgão ambiental em 0,5%. É o máximo possível na escala que varia de 0 a 0,5%. Os principais componentes do indicador – magnitude dos impactos, biodiversidade, persistência dos impactos e comprometimento de área prioritária – também foram definidos em seus valores máximos, o que levou ao índice de 0,5%.

Osvaldo Tesoro / Greenpeace

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