Organizações da sociedade civil pedem equidade de gênero, raça e classe na COP30

Manifesto pede que a diversidade de gênero, raça e classe de participantes seja respeitada tanto durante a organização do evento no Pará quanto nas negociações.

ClimaInfo

As conferências anuais do clima da ONU, embora atraiam milhares de pessoas de diferentes gêneros, raças e classes, não costumam ser marcadas por um equilíbrio de forças nos debates sobre as mudanças climáticas. As corporações vêm ganhando cada vez mais espaço, e mesmo segmentos econômicos que são os principais responsáveis pela crise climática, como o de combustíveis fósseis, conseguem mais espaço do que setores da sociedade civil diretamente atingidos pelos problemas climáticos.

Para mudar esse cenário, mais de 50 organizações da sociedade civil – entre elas o Instituto ClimaInfo – divulgaram na 6ª feira (8/3), Dia Internacional da Mulher, um manifesto demandando paridade de gênero, raça, etnia, classe social, geração, identidade de gênero e orientação sexual nos preparativos e nas negociações da COP30, que vai acontecer no Brasil em novembro de 2025. O documento foi organizado pelo Observatório do Clima, informa a Folha.

O “Manifesto pela Paridade de Gênero e raça na COP30” pede que, além de garantir representatividade no comitê organizador, sejam observadas seis condições: equidade e representatividade nas delegações; promoção da igualdade de oportunidades; inclusão de perspectivas de gênero em políticas climáticas; investimentos em formação; combate à violência de gênero relacionada ao clima; e transparência.

“Acreditamos que a inclusão plena e a igualdade de participação de mulheres, homens e outras identidades de gênero é essencial para a construção de um futuro resiliente e sustentável para o nosso planeta”, afirma o documento.

Para Isvilaine Silva, assessora de mobilização e engajamento do Observatório do Clima, depois de três COPs sediadas por países “em que ser mulher já é algo desafiador” – Egito, Emirados Árabes e Azerbaijão –, o governo brasileiro tem a oportunidade de promover uma COP mais democrática, destaca a epbr. “Começando pela delegação do Brasil e se estendendo para as negociações, cada vez mais urgentes em respostas abrangentes e efetivas”, comenta.

A COP29, que acontece em novembro em Baku, no Azerbaijão, foi alvo de críticas no início do ano após anunciar um comitê organizador composto por 28 homens e nenhuma mulher. Depois da repercussão negativa, a organização da COP29 decidiu incluir mulheres.

O Observatório do Clima também produziu uma campanha com as “Mulheres que dão as cartas pelo clima”. Trata-se de um baralho virtual, com a imagem de líderes que se destacam na luta contra a crise climática e as consequências do aquecimento global.

As 14 primeiras “cartas” já começaram a circular e ilustram figuras como a ministra do STF Cármen Lúcia; a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva; a ministra do Povos Indígenas, Sonia Guajajara; a secretária nacional de Mudança do Clima, Ana Toni; a líder indígena Wapichana Sinéia do Vale; a líder comunitária de Caranguejo Tabaiares (PE), Sarah Marques; a jornalista Elaíze Farias; além de artistas como a cantora Maria Gadú e a atriz Laila Zaid.

GT de Gênero do OC

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