Método para extrair gás fóssil tem altíssimo impacto ambiental, como já mostraram indígenas Mapuche, da Argentina, que sofrem com o fraturamento hidráulico em seu país.
Quando se trata do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, nada é tão ruim que não possa ser piorado. Árduo defensor da exploração de combustíveis fósseis no país, inclusive na foz do Amazonas, “até que o Brasil seja um país desenvolvido”, Silveira também pressiona a Petrobras para que ofereça mais gás fóssil ao mercado. E para aumentar a oferta de energia suja vale tudo, até mesmo técnicas de grande impacto ambiental e social.
Em entrevista à Folha, o ministro defende que o país discuta o começo da exploração do gás por fracking, ou fraturamento hidráulico. A técnica usa água com areia e químicos para quebrar rochas profundas em terra e extrair o combustível fóssil. Silveira reconhece que há impactos ambientais, mas defende que o país analise a possibilidade de autorizar a atividade, adicionando a obrigação de compensações ambientais. O mesmíssimo discurso de “compensações” que ele aciona para justificar a exploração de combustíveis fósseis na foz do Amazonas.
A técnica é criticada por ambientalistas pelos diversos problemas no processo: contaminação do lençol freático por substâncias químicas, uso intensivo de água, degradação do meio ambiente e riscos para a saúde. E segundo Ilan Zugman, diretor da 350.org na América Latina e gestor ambiental, falar em compensar os efeitos ambientais do fracking é utópico. “Os principais impactos do fracking estão nos vazamentos de metano”, explicou. O gás é 80 vezes mais potente para o efeito estufa que o dióxido de carbono.
O fracking é banido em países europeus, como Espanha, França e Reino Unido. Além disso, os estados de Paraná e Santa Catarina, onde fica uma das maiores bacias potenciais de gás de xisto do Brasil, têm leis proibindo a prática. Já Estados Unidos e Argentina liberam o uso da técnica.
No Brasil, segundo a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), há reservas potenciais de gás que podem ser extraídas por fraturamento hidráulico em Amazonas, Pará, Piauí e Maranhão. Neste último, um grupo de indígenas Mapuche da Argentina esteve no ano passado para alertar sobre os perigos da técnica. Os Mapuche vêm sofrendo graves impactos ambientais e sociais com a aplicação do fracking em Vaca Muerta, região que concentra grandes reservas de gás na Argentina.
Ao defender o fracking, Silveira ignora um debate sobre a técnica que já acontece há mais de uma década, afirma Nicole Oliveira, diretora executiva do Instituto Arayara. Segundo a especialista, os riscos ambientais, sociais e produtivos associados ao fraturamento hidráulico foram extensivamente analisados e rejeitados.
“O apelo à expansão exploratória do ministro é um contrassenso diante das evidências científicas. Estudos nos Estados Unidos e Argentina, onde o fracking é comercialmente explorado, detalham os danos ambientais, sociais e produtivos causados. As operações de perfuração podem levar à contaminação das fontes de água potável, com mais de 80% dos poços apresentando vazamentos em até três anos após a perfuração”, explicou Nicole em artigo n’((o))eco.
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