Confira a experiência de escola no Centro-Oeste que realiza doação de mudas em ação de agroecologia neste Dia da Árvore, e fortalece o bioma do Cerrado
Por Fernanda Alcântara, da Página do MST
Nos preparativos do Dia da Árvore, comemorado no próximo sábado, 21 de setembro, e na perspectiva do Dia do Cerrado, comemorado na última quarta (11), o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra destaca uma experiência na região Centro-Oeste do Brasil, onde educação e agroecologia se alinham por uma sociedade mais saudável e livre de veneno no Mato Grosso do Sul.
A iniciativa da Escola Municipal de Educação Infantil e Ensino Fundamental São Judas, em Rio Brilhante, no MS, compõe um projeto do MST de recuperação ambiental na região. “As escolas realizam, através desse projeto, diversas ações relacionadas à agroecologia e ao meio ambiente. Esta escola no Mato Grosso do Sul vem implementando um projeto de doação de mudas para a comunidade, como parte de uma iniciativa mais ampla voltada para a educação em agroecologia”, afirma Camilo Augusto, do Plano Nacional Plantar Árvores, Produzir Alimentos Saudáveis, e do Coletivo Nacional de Juventude do MST.
Rosângela Torres, uma das coordenadoras do projeto na escola, explica como a experiência se desenvolve na prática. “Como é uma comunidade pequena, recebemos muitas visitas dos pais. Nos grupos da comunidade escolar, são divulgados os trabalhos realizados nas escolas, além das páginas da escola”, conta.
Na Escola do Campo São Judas, a coleta de sementes feita por alunos e membros da comunidade são depois utilizadas para a produção de mudas na própria instituição, em um processo que envolve não somente os estudantes, mas também fortalece os laços entre a escola e a comunidade, promovendo um senso de pertencimento e responsabilidade ambiental.
“A coleta da semente é uma fase muito importante do ciclo do plantio. Apesar de fazermos de forma simples e artesanal, o armazenamento conta com a mão de obra das crianças. Precisamos adaptar vários fatores, como clima e fatores ecológicos”, conta Rosangela, que complementa. “Seguimos algumas etapas, que incluem a finalidade, as espécies e o armazenamento, geralmente utilizando garrafas PET e garrafinhas descartáveis de refrigerante. Colocamos a identificação e procuramos coletar conforme a época de maturidade fisiológica das sementes.”
Neste sábado (21), as mudas produzidas na escola foram doadas às famílias da comunidade, que poderão plantá-las em suas residências. “As ações realizadas, além das doações de mudas, incluem as trocas de sementes com alguns assentados e as visitas para troca de informações em alguns sítios.”
Cerrado
A prática desta experiência contribui para o aumento da cobertura vegetal na região, uma vez que o bioma representa um quinto do território nacional e é o segundo maior da América do Sul, estando presente em dez estados brasileiros. Formado por uma vegetação resistente, que mesmo sem chuva apresenta flores, o Cerrado está localizado em uma área com grande potencial aquífero e diversos tipos de vegetações. Ainda assim, segue sendo o segundo bioma mais ameaçado pelas queimadas e devastações, perdendo apenas para a Mata Atlântica.
A ação se alinha com as comemorações do Dia do Cerrado, que celebra a biodiversidade e a importância desse bioma. A professora destaca ainda as atividades realizadas na escola, a importância da doação de mudas e as dificuldades na comunicação destas experiências.
“A iniciativa destaca a necessidade de uma comunicação mais eficaz entre as escolas que participam do projeto. A falta de informações sobre atividades semelhantes em outras instituições da região pode limitar a troca de experiências e a disseminação de boas práticas. A coordenação do projeto reconhece essa lacuna e busca formas de melhorar a comunicação interna, permitindo que experiências exitosas sejam compartilhadas e replicadas em outras escolas.”
A expectativa é que a ação deste sábado não apenas celebre o Dia da Árvore, mas também inspire outras instituições a adotarem práticas semelhantes, contribuindo para a preservação do meio ambiente e a educação em agroecologia nas comunidades no país. “A avaliação do impacto do projeto de educação em agroecologia nas comunidades e nos alunos foi observada a partir de mudanças de atitude e de postura. Para reforçar, foi feito um questionário no início e depois. Muitos estudantes tiveram a oportunidade de desenvolver tudo o que foi aprendido e aplicar em casa com seus pais, nas hortas da agricultura familiar. Inclusive, muitos deles fazem entregas semanalmente para o comércio local”.
Rosangela conclui destacando que, na era tecnológica atual, os recursos midiáticos, quando bem estruturados e manejados corretamente, possibilitam a divulgação de todas as atividades realizadas na escola. “Um exemplo é que a escola tem um perfil nas redes sociais, onde são divulgadas mensalmente as atividades educacionais desenvolvidas com os estudantes”.
*Editado por Solange Engelmann
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Confecção de bombas de sementes é realizada três vezes ao ano pelos estudantes. Foto: Arquivo da Escola/Reprodução