Área queimada no Brasil neste ano equivale ao território do Tocantins

Sede da COP30, em 2025, Pará foi o estado mais devastado por incêndios no mês passado, de acordo com o Monitor do Fogo do MapBiomas.

ClimaInfo

Depois de um setembro devastador, com recorde de incêndios florestais, as chamas deram uma trégua em outubro, com uma queda de 50% entre os dois meses. Mesmo assim, houve mais incêndios em outubro deste ano do que no mesmo mês de 2023. E a área queimada no país no acumulado anual já equivale ao território do Tocantins, o 10º maior estado brasileiro.

De acordo com dados do Monitor do Fogo, do MapBiomas, outubro teve uma área de 51.770 km² queimada – praticamente um Rio Grande do Norte, ou uma Costa Rica. O número representa um aumento de 42% no índice de queimadas em relação a outubro do ano passado, quando foram registrados 36.213 km².

Com os números de outubro, 2024 acumula 275.622 km² de área devastada pelo fogo. É quase 120% de crescimento em relação a igual período do ano passado, informam FolhaBom Dia BrasilValor e Poder 360. E 3 em cada 4 quilômetros quadrados queimados até outubro eram de vegetação nativa.

Sede da COP30, em 2025, o Pará foi o estado que mais queimou no mês passado. O estado registrou 15.130 km² em chamas, um aumento de 46% sobre outubro de 2023. Entre os municípios paraenses mais atingidos estão São Félix do Xingu (3.690 km²), Altamira (2.002 km²) e Novo Progresso (1.964 km²), cidades que têm a pecuária como uma de suas principais atividades econômicas, senão a principal.

O bioma mais afetado pelos incêndios em outubro foi a Amazônia, com 38.032 km². Uma área quatro vezes maior do que a queimada no Cerrado, o segundo bioma mais incendiado no mês passado, com 9.337 km².

IPAM destaca que a área queimada na Amazônia neste ano – 67 mil km² – é 10 vezes maior que a atingida por desmatamento no mesmo período. Para Ane Alencar, diretora de Ciência do IPAM, isso praticamente anula os esforços pela redução do desmate que vêm sendo feitos pelo governo federal.

“O impacto das mudanças climáticas mostra que as secas severas podem gerar esse cenário de incêndios, que tomou uma proporção alarmante”, afirmou.

Em tempo: O Ministério dos Transportes elabora uma proposta de contrato permanente de fiscalização ambiental da BR-319, rodovia que liga Manaus a Porto Velho e que o governo federal quer pavimentar, apesar de estudos mostrando a devastação que isso causará na Floresta Amazônica. Segundo a Folha, o plano é bancar, com recursos públicos, a prestação de serviços de monitoramento e controle de tráfego, envolvendo sistemas eletrônicos e fiscalização in loco, como forma de evitar que a retomada da estrada possa acelerar o desmatamento. Dois portais de controle de acesso estão previstos no planejamento, com gerenciamento de cargas que entram e saem da rodovia. A promessa “só” esquece os ramais ligados à estrada federal, que estão sob responsabilidade do governo do estado do Amazonas e que, mesmo antes do asfaltamento, já provocam grande estrago na floresta.

Marcelo Camargo/Agência Brasil

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