Nas áreas de fragmentos de vegetação nativa da Mata Atlântica localizados nos limites com Cerrado, Caatinga e Pantanal, a redução do desmate chegou a 58%.
O aumento da fiscalização dos órgãos ambientais e as operações deflagradas para proteger a Mata Atlântica – o bioma mais devastado do Brasil – resultaram em redução de 55% em seu desmatamento de janeiro a junho deste ano, comparado a igual período de 2023. Mesmo assim, o bioma está longe do desmatamento zero.
No primeiro semestre foram devastados 21.401 hectares, o que equivale a 135 Parques Ibirapuera, na cidade de São Paulo, segundo o Sistema de Alertas de Desmatamento (SAD) Mata Atlântica. Em igual período do ano passado, o desmate totalizou 47.896 hectares, informam Folha, Valor, InfoMoney e TV Cultura.
Nas áreas de encraves – fragmentos de vegetação nativa da Mata Atlântica localizados nos limites com Cerrado, Caatinga e Pantanal –, onde o desmatamento chamou atenção ao longo de 2023, a redução da destruição chegou a 58%, mostra o SAD.
Na avaliação de Luís Fernando Guedes Pinto, diretor executivo da Fundação SOS Mata Atlântica, a restrição de crédito para desmatadores ilegais e o aumento das multas e dos embargos de áreas desmatadas ilegalmente foram fundamentais para a melhora do índice. Outro fator foi a operação “Mata Atlântica em Pé”, organizada pelo Ministério Público, com monitoramento por satélites e uso de novas tecnologias e articulação com as políticas ambientais de governos estaduais.
“A redução é resultado da retomada do funcionamento do sistema de fiscalização brasileiro ambiental, que foi bastante fragilizado no período de Bolsonaro. Então, primeiro é a fiscalização, o IBAMA voltando a funcionar, e a atuação dos governos estaduais”, disse Pinto.
A Mata Atlântica possui hoje em dia apenas 24% da cobertura florestal original, segundo o MapBiomas. As florestas naturais do bioma encontram-se restritas a espaços extremamente fragmentados (a maior parte não chega a 50 hectares) e em 80% dos casos estão em propriedades privadas, informou a SOS Mata Atlântica.
“O mapeamento indica que atualmente o processo de regeneração da vegetação é maior que o desmatamento, o que é uma ótima notícia. No entanto, o desmatamento continua ocorrendo sobre florestas maduras, mais antigas, que contêm maior riqueza de espécies da flora e da fauna”, explicou Marcos Rosa, coordenador técnico do MapBiomas.
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Rafa Neddermeyer/Agência Brasil