A intensificação da degradação na Amazônia em 2024 está diretamente relacionada à expansão das queimadas, especialmente nos meses de agosto e setembro, destacou o Imazon.
A queda na taxa de desmatamento na Amazônia em 2024 não foi suficiente para conter a degradação florestal do maior bioma brasileiro. Dados divulgados pelo Imazon nesta 2ª feira (27/1) indicam que a intensificação dos episódios de fogo, como queimadas, no ano passado impulsionou a degradação na região amazônica, que cresceu seis vezes em relação a 2023.
Segundo o Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD), foram desmatados 3.739 km2 de vegetação na Amazônia em 2024, o que representou uma queda de 7% em relação ao ano anterior (4.030 km2). Na comparação com 2022, último ano da gestão antiambiental do ex-presidente Jair Bolsonaro, a redução é ainda mais significativa, de 65% (10.362 km2). Apesar da queda, o saldo de floresta perdida no ano passado representa mais de mil campos de futebol derrubados por dia.
Contrastando com a queda no desmatamento, o SAD indicou uma “explosão” da degradação florestal na Amazônia em 2024. Segundo o Imazon, foram degradados 36.379 km2, 497% a mais do que em 2023 (6.092 km2). Essa taxa foi a maior dos últimos 15 anos, superando em muito o recorde anterior, de 2017 (11.493 km2).
Para o Imazon, a intensificação da degradação florestal na Amazônia está diretamente relacionada à alta nas queimadas, principalmente no período entre agosto e setembro de 2024, quando a taxa de degradação saltou mais de 1.000%. Junto com o fogo, a seca também contribuiu para esse processo, bem como a extração de madeira.
O Pará, que se prepara para sediar a COP30 em novembro, lidera o ranking do desmatamento. Esse único estado respondeu por um terço do total, ou 1.260 km2 desmatados (alta de 3% em relação a 2023), e da degradação florestal, com 17.195 km2 degradados (+421%). O estado também concentra as Áreas Protegidas mais afetadas por desmatamento e degradação florestal em 2024.
Entre as áreas indígenas, os destaques negativos foram a TI Cachoeira Seca, localizada entre Altamira, Placas e Uruará, que perdeu 14 km2 de vegetação no ano passado. Já a TI Kayapó, no sudeste do Pará, foi o território indígena mais degradado da Amazônia, com 4.928 km2.
Já entre as Unidades de Conservação, a Área de Proteção Ambiental (APA) Triunfo do Xingu lidera o ranking do desmatamento e da degradação florestal amazônica em 2024. Segundo o SAD, o território perdeu 51 km2 de vegetação , com outros 1.426 km2 degradados.
Os dados do SAD para a Amazônia em 2024 tiveram grande repercussão na imprensa, com matérias no Estadão, Exame, g1, Globo Rural, Nexo Jornal, Um Só Planeta e VEJA, entre outros.
Em tempo: Ainda sobre devastação ambiental, dados do Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais (LASA) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) indicaram que o Pantanal teve 2,6 milhões de hectares queimados em 2024, cerca de 17% da área total do bioma. O número é quase três vezes maior do que o registrado em 2023 (cerca de 900 mil hectares). Os dados de 2024 só ficam atrás daqueles registrados em 2020, quando o Pantanal sofreu sua temporada de fogo mais devastadora da história recente. A notícia é da Folha.
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PF