Brasil tem a segunda maior porção de manguezais do planeta: 75% deles estão nas costas de Amapá, Pará e Maranhão, área sob a mira de petroleiras.
A extração de petróleo na foz do Amazonas “até a última gota” pode devastar um dos maiores estoques de carbono azul (capturado pela vegetação de ambientes costeiros e marinhos) do planeta, “preso” nos manguezais amapaenses. Esse gás carbonico (CO2), se liberado, agravará as mudanças climáticas, piorando o estrago ao clima provocado principalmente pela, veja só, queima de combustíveis fósseis.
Os manguezais do Amapá, do Pará e do Maranhão – que são conectados ao bioma da Amazônia e formam a maior faixa contínua de manguezais do planeta – totalizam 1,043 milhão de hectares e estocam 1,44 bilhão de toneladas de CO2. É 75% da área total e do estoque de carbono azul dos manguezais do Brasil, que, por sua vez, tem a segunda maior extensão de manguezais do mundo – 1,4 milhão de hectares e 1,9 bilhão de toneladas de carbono -, ficando atrás apenas da Indonésia.
Os dados são do estudo “Oceano sem Mistérios: Carbono azul dos manguezais”, da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza e do projeto Cazul, repercutido por g1, CBN, Climatempo e Brasil em Folhas.
Os manguezais brasileiros se espalham por 300 municípios, principalmente nas regiões Norte e Nordeste. Além da Amazônia, são conectados aos biomas da Mata Atlântica [18%], Cerrado [5%] e Caatinga [2%].
A pesquisa estima que o Brasil já perdeu 25% da vegetação original de seus manguezais. As principais ameaças ao ecossistema incluem: a conversão de áreas para a produção de commodities na aquicultura e na agricultura; o desmatamento para extração de carvão vegetal e madeira; a ocupação desordenada devido ao crescimento urbano; práticas predatórias de pesca; poluição por resíduos químicos como agrotóxicos e derramamentos de petróleo; lixo e esgoto; além dos efeitos das mudanças climáticas, como o aumento do nível do mar e a erosão costeira.
Nos manguezais amazônicos, a exploração de combustíveis fósseis na foz do Amazonas e em outras bacias sedimentares da região, como Pará-Maranhão e de Barreirinhas, é a “cereja do bolo” para acelerar a destruição. Um estudo feito por pesquisadores do Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá, a bordo do veleiro Witness, do Greenpeace Brasil, mostrou que um vazamento de petróleo no bloco 59, onde a Petrobras quer atuar, atingiria não só a costa do Amapá como a de outros países. A própria petroleira apontou esse risco em seus estudos para o licenciamento.
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ICMBio