Está na hora

Terça-feira, 25 de março de 2025: dia de começar a tirar da cara deles aquele risinho cínico de nós

em Come Ananás

Nos ataques do 8/1, o edifício-sede do Supremo Tribunal Federal foi o mais destruído entre as sedes dos Três Poderes.

Em resposta, a então presidenta do STF, Rosa Weber, disse pisando ainda sobre os destroços que o tribunal estaria pronto para a abertura do ano judiciário poucas semanas depois, no dia 1º de fevereiro de 2023. E assim foi, num esforço para demonstrar força, resiliência, diante da tentativa de golpe de Estado.

Outro esforço neste sentido veio um pouco mais tarde, com o lançamento pelo STF da campanha Democracia Inabalada, que incluiu um documentário com o mesmo nome.

“A gente se viu aqui com três mil, quatro mil pessoas chegando no Supremo Tribunal Federal. E a gente viu que existia um treinamento e uma coordenação entre eles. A gente tá falando de pessoas que tinham escudos para se proteger de elastômero, que são balas de borracha, vários utilizando máscara contra gás, que a gente utilizava gás contra eles, e diversas outras atitudes que eles tomaram, de conhecimentos de certos locais do Supremo Tribunal Federal, que nos fazem ter a certeza de que eles têm um treinamento diferenciado e que eles vieram com planejamento feito para poder invadir as três casas dos poderes”, disse no documentário o secretário de segurança do STF, Marcelo Schettino.

Também no documentário, o diretor-geral do STF, Miguel Piazzi, contou que no 8/1, quando os voluntários civis de Bolsonaro e do bolsogolpismo militar começaram a atacar o STF, ele mandou um segurança correr até o anexo II do prédio do Supremo para arrancar as placas de identificação dos gabinetes dos ministros, “em razão de provável alvo do ministro x ou do ministro y”.

Sabemos bem quem era o x, o y e o z.

Há – e já havia ali – um ponto de convergência entre as percepções de golpistas e democratas deste país: não fosse a presença de Alexandre de Moraes no STF, dificilmente a reação ao golpismo, desde antes do 8/1, teria o mesmo nível de vigor que ora desemboca no início do julgamento de Jair Bolsonaro e altos comparsas, neste 25 de março de 2025, dia de começar a tirar da cara deles aquele risinho cínico de nós.

(A presença de Moraes no STF, ela mesma, é fruto direto de um golpe de Estado, o que só reforça a conhecida tese do talento extraordinário do roteirista do Brasil, Mas isso hoje é isso mesmo: só um parêntese).

“Tire esse risinho da cara!”, fala grosso, grita um um assistente do promotor Richard Scruggs, numa cena de tribunal do filme O informante, quando um advogado das tabaqueiras – as embusteiras e assassinas tabaqueiras -, desdenha da tentativa do Estado do Mississippi de levá-las ao tribunal.

A ameaça de outra anistia ainda paira sobre o Brasil, mas nesta terça-feira, daqui a pouco, as placas de identificação dos ministros estarão em seus devidos lugares na tribuna da 1ª Turma do STF.

Hoje é dia daquele risinho chorar.

Ministro Alexandre de Moraes (Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil).

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