Jamil Chade analisa os bastidores da ação dos EUA de Trump contra o Brasil

Publicada originalmente no UOL, com o título “Ideologia, ‘big techs’, China: os bastidores da investida dos EUA ao Brasil”

Por Jamil Chade

Semanas antes da eleição presidencial nos Estados Unidos, em novembro de 2024, o Itamaraty decidiu mandar uma comitiva para a capital americana, Washington. O objetivo era entrar em contato com republicanos e democratas para tentar entender as prioridades políticas de cada grupo, e, assim, levantar as ameaças e oportunidades para o Brasil.

A equipe voltou com uma conclusão: se chegasse ao poder, a ala que apoiava Donald Trump no Partido Republicano faria uma forte pressão contra governos progressistas na América Latina, colocaria os interesses das “big techs” como prioridade e não toleraria a influência estratégica da China na região. Os recados estavam dados. Um documento foi produzido e enviado ao chanceler Mauro Vieira, no que seria um alerta preciso do que aconteceria nos meses seguintes.

Nesta semana, a decisão de Trump de aplicar justamente ao Brasil as taxas mais elevadas desta fase do seu tarifaço deixou claro, para o governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o mundo, que a Casa Branca está instrumentalizando o comércio internacional com fins geopolíticos e ideológicos.

Porém, a despeito dos sinais premonitórios detectados pela comitiva no ano passado, o anúncio da medida foi a culminação de meses de negociações, pressões, manipulações, desencontros e suspeitas. Nos últimos dias, o UOL conversou com diplomatas brasileiros, negociadores e membros da equipe envolvida na negociação com os EUA e ouviu também assessores e diplomatas do governo Trump para contar a história de como estourou a pior crise em décadas entre os dois países mais populosos do Ocidente.

Alertas iniciais

Trump não esperou nem ser eleito para declarar quais seriam as suas estratégias para lidar com os países emergentes em geral e o Brasil. Em 16 de outubro de 2024, ainda candidato, alertou que imporia uma tarifa de 100% a qualquer país do Brics (grupo de 11 países fundado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) que optasse por usar menos o dólar americano em suas transações comerciais. O comentário foi imediatamente interpretado como ameaça no governo brasileiro, que assumiria a presidência do bloco em 2025.

Já eleito, em 30 de novembro o republicano ampliaria a pressão, insistindo que não permitiria que o Brics caminhasse na direção da desdolarização sem ser punido.

Manter a primazia do dólar no cenário internacional sempre foi uma questão de poder para os EUA, não de comércio. A fim de tentar barrar o aumento da influência global da China, que fala e age mais e mais para diminuir a preponderância da moeda americana, defender sua divisa virou prioridade da política externa da Casa Branca.

Relação congelada

Quando Trump foi declarado vencedor na eleição, a dúvida que persistia entre Washington e Brasília era se haveria uma ligação telefônica entre o republicano e Lula. O presidente brasileiro havia feito declarações simpáticas à candidata democrata Kamala Harris, mas a esperança era de que o “pragmatismo” prevalecesse.

De fato, houve uma tentativa de telefonema entre Lula e Trump. No entanto, a data oferecida pelos americanos coincidia com a cúpula do G20 (grupo das 19 maiores economias mundiais mais União Europeia e União Africana), realizada entre 18 e 19 de novembro de 2024 no Rio de Janeiro. O Brasil então optou por dar preferência aos chefes de Estado que estavam no país.

Ainda em dezembro, a embaixadora do Brasil em Washington, Maria Luiza Viotti, trocou algumas palavras com o conselheiro de Segurança Nacional de Trump, Mike Waltz, apontando o interesse do Itamaraty de abrir canais de diálogo. O chanceler, Mauro Vieira, chegou a enviar uma carta ao secretário de Estado, Marco Rubio. O gesto foi ignorado.

Assim que assumiu o poder, em 20 de janeiro, Trump sinalizou que o Brasil não seria tratado como aliado. Haveria uma hierarquia. O novo presidente americano nomeou embaixadores para dezenas de países, porém escolheu deixar a representação dos EUA em Brasília vazia. O atual chefe da delegação é apenas um encarregado de negócios, um sinal diplomático de que não haveria uma aproximação.

Em 21 de janeiro, Trump escancarou seu pensamento: “Nós não precisamos deles [brasileiros]. Eles precisam de nós. Todos precisam de nós”. O foco do republicano, ao falar com jornalistas naquele dia, foi o plano do Brics de usar moedas locais para o comércio. “Não há como fazer isso, vão desistir”, disse.

O primeiro embate

Não demorou para que o primeiro atrito aparecesse. E não teve a ver com a extrema-direita nem com o comércio. A desavença envolveu os brasileiros deportados por Trump no final de janeiro de 2025.

Dias antes, segundo as fontes brasileiras ouvidas pelo UOL, o Palácio do Planalto havia entendido que o americano não mediria esforços para chantagear um país. Quando o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, anunciou que não iria receber os aviões de deportados como os EUA queriam mandar, com os cidadãos acorrentados, a Casa Branca adotou duras sanções contra o governo de Bogotá e tarifas comerciais. A região toda estava avisada. A opção do Brasil foi convocar o diplomata americano em Brasília e sugerir a criação de um grupo de trabalho para resolver a celeuma de forma conjunta. A tática, na avaliação do governo brasileiro, funcionou e evitou que o tema transbordasse.

“Reciprocidade”

Em Brasília, no entanto, a preocupação era tentar entender o que os americanos queriam no campo comercial. Por semanas, Trump afirmou que adotaria tarifas recíprocas contra todas as economias do mundo. Mas, no caso brasileiro, o que existia era um saldo favorável aos americanos em mais de US$ 1 bilhão.

A Casa Branca estipulou que o seu novo regime tarifário entraria em vigor em 2 de abril, abrindo caminho para que dezenas de governos solicitassem reuniões para iniciar uma negociação. A ameaça contra o Brasil ficou clara quando, em 13 de fevereiro, o governo Trump divulgou o que seria uma indicação da lógica de suas tarifas, citando especificamente as barreiras ao etanol americano no mercado brasileiro como um exemplo do que teria de ser corrigido.

A partir de fevereiro, o governo Lula e entidades empresariais passaram a enviar documentos e argumentos para tentar convencer a Casa Branca de que não existia motivo econômico ou comercial para as barreiras. No espaço de um mês, três reuniões foram feitas entre os dois governos, inclusive com a presença do vice-presidente Geraldo Alckmin, que também é ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. O Brasil ainda afirmou aos americanos que, no lugar de retaliações ou decisões de recorrer à OMC (Organização Mundial do Comércio), privilegiaria a negociação. Queria mostrar boa-vontade. Sugeriu, inclusive, abrir o mercado de etanol nacional, com a condição de que houvesse uma redução de tarifas ao açúcar brasileiro.

Entretanto, o que ficava cada vez mais claro aos diplomatas brasileiros era de que não parecia haver nenhum argumento econômico que criasse algum tipo de interesse por parte dos americanos. Já pairava no ar naquele momento a suspeita de que o problema não era comercial.

O bolsonarismo entra no jogo

À medida que as semanas se passavam, a relação entre EUA e Brasil ganhava uma nova dinâmica conforme o bolsonarismo ampliava sua gestão sobre aliados de Trump e organismos internacionais para tentar mostrar que existiria censura e ditadura no Brasil.

Desde a posse do novo presidente americano, em 20 de janeiro, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, passou a visitar de forma frequente os EUA. Em 40 dias, ele já havia viajado quatro vezes ao país. Sua missão: convencer a ala mais radical da extrema-direita americana a pressionar a Casa Branca por uma ação contra o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes e outros nomes tidos como algozes do seu grupo no Brasil. Para isso, ele tinha como aliado Steve Bannon, ícone do novo populismo de direita e ex-chefe de estratégia de Trump. A ala ideológica precisava fazer parte da operação.

No começo de fevereiro, surgiu entre os bolsonaristas a esperança de que a viagem ao país de Pedro Vaca, relator da Comissão Interamericana de Direitos Humanos para Liberdade de Expressão, pudesse servir para esse objetivo. A ideia era usar o relatório que seria produzido a partir dessa visita para pressionar a base de Trump a agir contra o Brasil. Eduardo Bolsonaro começou então a visitar os gabinetes dos parlamentares de direita na capital dos EUA para pedir apoio.

Na preparação para a viagem de Vaca, congressistas americanos próximos do presidente escreveram uma carta para a Comissão Interamericana colocando pressão. Segundo eles, se a relatoria de Vaca não lidasse com a censura contra os bolsonaristas, eles exigiriam que Trump encerrasse os repasses para o órgão. Sem esse dinheiro, a OEA (Organização dos Estados Americanos) ficaria paralisada. Fontes da sociedade civil, do governo brasileiro e do STF (Supremo Tribunal Federal) consultadas pelo UOL  admitiram que a viagem tinha o potencial de ser “um desastre” se fosse sequestrada pelo bolsonarismo.

Até então, a administração Lula mantinha uma relação apenas protocolar com a relatoria da Comissão Interamericana. Naquele ponto, porém, decidiu atuar nos bastidores para se aproximar. A percepção era de que um comportamento mais aberto por parte do governo permitiria que a relatoria se sentisse confortável para fazer indagações profundas e avaliar de forma equilibrada o país.

Mauro Vieira, o chanceler, se reuniu com Vaca e reafirmou o compromisso do Brasil com a liberdade de expressão e o combate à desinformação. No STF, os ministros Luis Roberto Barroso e Alexandre de Moraes também receberam o relator, algo raro em visitas de missões internacionais. O propósito era fazer Vaca se sentir respeitado com a atitude do Supremo de prestar contas de suas ações.

Enquanto o relatório de Vaca ainda não tem data para sair, Eduardo Bolsonaro acabou pedindo oficialmente licença do Congresso, em março, e se estabeleceu nos EUA.

Rumble e republicanos se movimentam

A ofensiva americana ainda envolveu uma ação nos tribunais e a criação de novas leis.

Em 20 de fevereiro, a plataforma de compartilhamento de vídeos Rumble foi à Justiça na Flórida contra Alexandre de Moraes, que havia determinando o bloqueio da sua operação no Brasil porque a empresa não apontou um representante legal no país. A Rumble alegou, no tribunal, que Moraes estava cometendo censura ao pedir a suspensão de contas de usuários em redes sociais inclusive fora do Brasil. De maneira orquestrada, o bilionário Elon Musk, à época chefe do Departamento de Eficiência Governamental do governo Trump, sugeriu o confisco de bens que o ministro brasileiro eventualmente tivesse nos EUA.

Estava montada a tropa ideológica e comercial das plataformas para impedir que se criasse, no Brasil, um precedente “perigoso” para seus negócios. Uma regulamentação do setor em uma democracia importante seria um exemplo a não ser seguido.

No dia 26 de fevereiro, foi um comitê do Congresso americano que indicou que a base trumpista não iria facilitar para o Brasil. O Comitê Judiciário deu prosseguimento para a proposta “No censors on our shores act” (Sem censores em nosso território), que estabelece a deportação e o veto de entrada nos EUA a qualquer estrangeiro que atue contra a liberdade de expressão, violando a Primeira Emenda da Constituição dos EUA.

Instantes depois, o Escritório de Assuntos do Hemisfério Ocidental do Departamento de Estado americano foi às redes sociais para mandar um alerta ao Brasil. “Respeito pela soberania é uma via de duas mãos com todos os parceiros dos EUA, incluindo o Brasil”, afirmou, na rede X. “Bloquear acesso à informação e impor multas a empresas sediadas nos EUA por se recusar a censurar pessoas vivendo nos EUA é incompatível com valores democráticos, incluindo liberdade de expressão.”

Tratava-se do primeiro alerta público do governo Trump ao Brasil nessa área. No Congresso e no Executivo, a advertência foi considerada um recrudescimento da tensão entre os dois países.

Dia da Libertação

Quando a data para a aplicação das tarifas comerciais chegou, o Brasil respirou aliviado. A taxa anunciada em 2 de abril seria de apenas 10%, a mais baixa entre todos os países. A escolha do governo Lula foi de continuar a negociar, não anunciar retaliações e voltar a conversar com o gabinete de Trump.

Isso incluiu tanto o chanceler Mauro Vieira como o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. No nível técnico, o embaixador Maurício Lyrio assumiu o trabalho de negociação.

Uma vez mais, porém, o debate patinava, com integrantes do governo inquietos sobre as reais motivações da Casa Branca.

Missão ao Brasil causa estranhamento

Um mês depois, em 6 de maio, uma missão de uma delegação americana ao Brasil causou um estranhamento dentro do governo. Oficialmente, os funcionários do Departamento de Estado iriam ao país para falar do combate ao crime organizado e classificar o PCC como grupo terrorista.

A Polícia Federal sequer aceitou se reunir com os americanos. O governo brasileiro disse aos EUA que era contra a proposta da Casa Branca de classificar o crime organizado como terrorismo. O temor era de que, se o caminho fosse adotado, o país correria o risco de ser alvo de sanções por parte do governo Trump e ainda de ter seus cidadãos deportados para prisões como a de El Salvador.

Mas o bolsonarismo revelou que o objetivo da missão era reforçar a aliança com a ultradireita brasileira. Um dos membros da delegação americana esteve reunido com Jair Bolsonaro e seu filho mais velho, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ).

Primeira sanção

Em 21 de maio, o que era uma ameaça começa a ganhar corpo e se transformar em política. Ao responder uma pergunta de um congressista republicano aliado ao bolsonarismo, Marco Rubio, o secretário de Estado americano, confirmou que existia a forte possibilidade de medidas contra autoridades no Brasil.

Naquele momento, o governo Lula disse que trataria uma eventual sanção contra Alexandre de Moraes como uma “ingerência externa” em temas domésticos brasileiros e um ataque à soberania do país, e não como um ato voltado a um ministro do STF. “Deixamos claro que tínhamos linhas vermelhas que eles não poderiam cruzar”, afirmou um experiente diplomata.

Duas semanas depois, Rubio anunciou a restrição de vistos para autoridades estrangeiras que sejam consideradas responsáveis por supostas censuras a cidadãos ou empresas americanas. A medida era uma reação a governos, parlamentos ou cortes que possam pressionar plataformas digitais por medidas de moderação, na defesa da democracia. “Durante demasiado tempo, os americanos foram multados, assediados e até acusados por autoridades estrangeiras por exercerem os seus direitos de liberdade de expressão”, afirmou o chefe da diplomacia americana.

Como a mensagem de Rubio foi traduzida para o português e disseminada também pela conta da embaixada dos EUA em Brasília, a mensagem foi entendida como um recado ao governo Lula e a Alexandre de Moraes. Nos EUA, o ex-conselheiro de Donald Trump Jason Miller fez questão de citar Moraes nas redes sociais ao se referir à iniciativa do governo. Chris Pavlovsky, dono da Rumble, também comemorou.

Momento de agir

Aos poucos, a construção de uma aliança entre diferentes partes do governo Trump convergiam contra o Brasil.

Para alguns na Casa Branca, uma ação contra Alexandre de Moraes, com sanções, confiscos e vistos, poderia levar muito tempo para surtir qualquer tipo de efeito.

A oportunidade de agir chegou com a cúpula do Brics, no Rio de Janeiro, na semana passada. A reunião costurava uma declaração final repleta de pontos divergentes dos interesses americanos, incluindo o Irã e a regulação das “big techs“. Além disso, seria uma demonstração de força por parte da China.

O cenário que se desenhava chegou à mesa dos assessores de Trump na segunda-feira (7). Ao site Politico Mauricio Claver-Carone, um aliado próximo do secretário de Estado Marco Rubio e ex-enviado especial de Trump para a América Latina, afirmou que “o Brics fez pender a balança”.

Naquele mesmo dia, o presidente americano foi às redes sociais alertar que “qualquer país que se alinhe com as políticas antiamericanas do Brics terá de pagar uma tarifa adicional de 10%. Não haverá exceções a essa política”. Na Casa Branca, a porta-voz do governo americano, Karoline Leawitt, justificou o ataque, apontando que o Brics tem como objetivo “prejudicar os interesses dos EUA”.

Trump não se limitou ao Brics. Pela primeira vez desde que assumiu a presidência, saiu em defesa de Jair Bolsonaro e criticou as instituições brasileiras. O presidente Lula respondeu, alertando, nas redes sociais, que o Brasil “não aceita a interferência ou tutela de quem quer que seja”. Sem citar Trump, o brasileiro disse que “ninguém está acima da lei”.

Perder o dólar é perder uma guerra mundial

A escalada estava em curso. Na terça (8), Trump usou uma reunião de seu gabinete para reforçar a coação ao Brics.

“O Brics não é, na minha opinião, uma ameaça séria. Mas o que eles estão tentando fazer é destruir o dólar para que outro país possa assumir o controle e ser o padrão, e nós não vamos perder o padrão em momento algum”, disse Trump durante a reunião. “Se perdêssemos o padrão mundial do dólar, seria como perder uma guerra, uma grande guerra mundial, não seríamos mais o mesmo país. Não vamos permitir que isso aconteça.”

O presidente americano completou: “Estou apenas dizendo que, se as pessoas quiserem desafiá-lo, elas podem, mas terão de pagar um preço alto, e não acho que nenhuma delas esteja disposta a pagar esse preço”.

Tanto na terça como na quarta, Trump repetiu os ataques e coube à embaixada dos EUA em Brasília incrementar a pressão, dizendo, em comunicado oficial, que “perseguição política” contra Bolsonaro é “vergonhosa e desrespeita as tradições democráticas do Brasil”.

No Palácio do Planalto, considerou-se convocar de volta a embaixadora Maria Luiza Viotti como uma manifestação contundente de descontentamento. Mas preferiu-se chamar o encarregado de negócios da embaixada dos EUA em Brasília para afirmar que o governo não havia gostado do tom das críticas, que aquilo era uma ingerência indevida no país e que tal atitude ameaçava relações sólidas de 250 anos.

Instantes depois de o diplomata deixar o Itamaraty depois dessa dura reunião, Trump foi às redes sociais para revelar que estava taxando em 50% todos os produtos brasileiros exportados aos EUA, fazendo uma vinculação direta entre a punição e o julgamento de Jair Bolsonaro no processo de tentativa de golpe de Estado. Atendendo a outra ala dentro do Casa Branca, ainda mencionou os ataques do Brasil contra as “big techs“.

O encarregado de negócios americano voltou a ser convocado ao Itamaraty. Quando ele entrou na sala, foi recebido imediatamente com uma pergunta: confirmava que aquela postagem nas redes sociais era de fato o posicionamento do governo americano?

Ao assentir, o diplomata recebeu de volta a carta, em uma indicação do governo brasileiro de que não reconheceria o que foi considerado como uma intromissão nos assuntos de uma nação soberana.

O tarifaço, portanto, jamais foi só sobre evitar a prisão de Jair Bolsonaro. É fruto da convergência dos interesses de grupos ideológicos, de empresários de tecnologia e dos anti-China. O Brics, o avanço do Brasil sobre as plataformas digitais e a pressão da ala mais radical da direita americana por socorrer seus aliados bolsonaristas levaram à medida. A meta: criar condições para que a eleição de 2026 no Brasil abra espaço para um governo alinhado aos interesses políticos e econômicos de Trump.

Imagem: André Carrilho / Vanity Fair

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