Indígena é baleado em retomada Guarani e Kaiowá (com vídeo e mais informações)

CIMI

O indígena Isael Reginaldo foi alvejado durante um ataque de fazendeiros contra o tekoha Ita Poty, na divisa dos municípios de Dourados e Itaporã (MS), no último sábado, 12. Esta é a segunda ação violenta contra acampamentos indígenas após a visita da relatoria da Organização das Nações Unidas (ONU) no Mato Grosso do Sul. Na quinta-feira, 10, momentos depois da saída da relatora Victoria Tauli-Corpuz de Kurusu Ambá, em Coronel Sapucaia, a aldeia também foi atacada a tiros por pistoleiros das fazendas que incidem sobre a terra tradicional.

Indígenas registraram o momento do ataque em telefones celulares, onde se ouve o som contínuo dos disparos. Em uma das gravações, é possível ver um homem não identificado – e, conforme os indígenas, com uma arma nas costas – ameaçando e intimidando os Kaiowá.

Segundo a liderança Ka’aguy Rendy, diversos homens armados, em três carros, chegaram à área do tekoha, ocupada pelas famílias indígenas na manhã do sábado. “Eles já chegaram atirando. Eu vi que o Isael tava sangrando demais, aí eu vim segurando ele, quase caindo”, relembra. “Nosso avó, nosso bisavó, morava por aqui. É por isso que fizemos retomada. Não é invasão. Mas ele [fazendeiro] fez com nós igual faz com bicho”.

Levado por familiares ao Hospital da Vida após o ataque, Isael apresenta ao menos oito perfurações pelo corpo. Nem familiares, nem Fundação Nacional do Índio e nem Ministério Público Federal tiveram, ainda, acesso ao exame balístico para identificar que tipo de projéteis atingiram o indígena – que, apesar dos ferimentos, segundo os médicos, não corre perigo de vida. A Polícia Federal interrogou o indígena, e confirmou que ele tem diversas perfurações leves por todo o corpo, mas não pode precisar a quantidade e o calibre dos projéteis que o atingiram.

O território Ita Poty, reivindicando pelos Guarani e Kaiowá, é vizinho à reserva de Dourados. “Isso aqui é nosso. Não queremos o que é de ninguém, só o que é nosso. Nós temos o direito. Como é que os brancos vão tomar de nós?”, questiona Tajy Poty. Segundo ela, sobre o território ocupado incide a fazenda Cristal, que seria dos mesmos proprietários de uma rádio FM local.

“Nós temos um monte de criança, eles tem um monte de terra. Nós não vamos sair daqui. Se eles não quiserem sair daí, nem nós, nem eles, vão plantar nada. Nós vamos permanecer aqui”, conclui a indígena.

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