Assim é a escola mais exclusiva de Nova York que abrirá filial em São Paulo

A mensalidade no Avenues brasileiro será de 8.350 reais, mas eles insistem que ensinar humildade é uma das metas

Por Sandro Pozzi, em El País

Nos Estados Unidos, o processo de preparação das crianças cujas famílias desejam que estudem em uma universidade de prestígio, como Harvard ou Stanford, começa antes que aprendam a ler, no jardim da infância das escolas particulares que formam as elites. A cidade de Nova York concentra dez dos 25 centros educacionais mais caros dos Estados Unidos. O mais recente a entrar nessa competição feroz é o Avenues, onde o custo anual é de cerca de 45.000 dólares (cerca de 148.500 reais), e que está prestes a abrir uma filial em São Paulo, onde o custo anual será de R$108.550 (8.350 reais por mês).

Em Nova York, o Avenues abriu as portas há cinco anos ao lado do jardim suspenso que atravessa o bairro de Chelsea e já é considerado o maior projeto de ensino particular da história da cidade. Mas a ideia original do empresário Chris Whittle vai além das águas que cortam Manhattan. Além de São Paulo, onde funcionará em uma sede nos bairro nobre dos Jardins, o plano é criar uma aldeia educacional global composta por quinze campi em grandes capitais como Londres, Paris ou Madri ou nos próximos cinco anos.

Whittle, que deixou a escola, elaborou o projeto durante cinco anos. A filosofia é simples: dedicar todos os recursos pedagógicos para identificar a paixão dos alunos e, assim, oferecer-lhes o maior conhecimento possível nessa área. E tudo isso alimentando um sentimento de humildade, algo que pode ser difícil de aceitar para os filhos de pais extremamente ricos. Na site da escola em português, eles publicaram um exercício onde as crianças são estimuladas a debater os conceitos de igualdade, equidade e liberdade. Entre os primeiros passageiros dessa viagem educacional está Suri Cruise, a filha já celebridade dos atores Tom Cruise e Katie Holmes.

As salas de aula dos andares superiores têm vista para o High Line e, através de suas granes janelas entra a luz direta da rua, sem obstáculos. Nos corredores existem telas de alta definição, nas quais os alunos, que recebem um laptop e um tablet no início do curso, podem mostrar seus trabalhos. A escola também estabeleceu vínculos com as galerias de arte do bairro e com empresas de tecnologia como o Google, que também tem sua sede no Chelsea.

Não é raro ver Katie Holmes buscando a filha depois das aulas e fazendo as mesmas coisas que outros pais anônimos fazem com seus filhos. O dinheiro dos gestores de fundos ou a fama das estrelas de Hollywood, insistem na escola, não são um fator para decidir como tratar a família ou os estudantes. Além disso, insistem que o que mais os preocupa é criar os novos cidadãos do século XXI e não formar a próxima geração de reis.

Mas, apesar das boas intenções, o Avenues começa a se parecer cada vez mais com as outras escolas particulares de elite de Nova York. Em 2016 recebeu 350 pedidos de admissão para as 25 vagas que foram abertas no jardim da infância. Ou seja, não basta apenas ter dinheiro para superar o concorrido processo de admissão. Para dar algum equilíbrio, 10% dos estudantes se beneficiam de algum tipo de ajuda financeira que lhes permite reduzir significativamente o custo da matrícula. No Brasil, a página da escola também informa que é possível pleitear para obter bolsas de estudos e, segundo a Folha de S. Paulo, já há fila de espera de pais.

O Avenues ainda é muito jovem nessa arena e seus alunos ainda devem demonstrar que o novo modelo que proclama é robusto o suficiente para vencer centros com vários séculos de tradição, como a Trinity School, no Upper West Side. Este colégio, fundado em 1709, é considerado o melhor para preparar os alunos que aspiram ao MIT ou a uma universidade da Ivy League, o conjunto das mais conceituadas universidades americanas. Entre seus alunos mais ilustres está David Ebersman, ex-diretor financeiro do Facebook.

As famílias ricas que procuram uma educação mais liberal, sem a rigidez da escola primária tradicional, experimentam a Ethical Culture, ao lado de Columbus Circle. Lá estudou Jill Abramson, ex-diretora executiva do The New York Times, ou Robert Oppenheimer, diretor do projeto científico que desenvolveu a bomba atômica.

Do outro lado do Central Park fica a The Browning School, colégio só para crianças, onde estudou John Rockefeller ou o atual CEO do JPMorgan Chase, Jamie Dimon. E não muito longe, subindo dez quarteirões no Upper East Side, está a Birch Wathen Lenox, uma escola que começou sendo só para meninas e na qual estudaram a atriz Brooke Shields ou a apresentadora Barbara Walters.

Os responsáveis pelas admissões de estudantes na Bank Street, outra das escolas mais desejadas pelas elites em Manhattan, deixam claro que cada um desses centros tem algo diferente a oferecer. “Isso não significa que alguns sejam melhores do que outros”, avaliam, “todos têm pontos fortes”. O Avenues se apresenta como a “Escola do mundo” e seu ponto forte é o programa de imersão linguística. É a única escola da cidade que oferece uma educação bilíngue. Os alunos aprendem assim matemática ou música, em espanhol ou em chinês mandarim até os 10 anos de idade. Um dia eles aprendem em inglês e no dia seguinte na segunda língua escolhida. A possibilidade de oferecer francês também está sendo considerada, mas para os alunos de classes superiores.

Comments (1)

  1. Quer concordemos ou não com certas propostas pedagógicas, uma coisa é certa: educação é uma coisa séria. Qualquer proposta requer elaboração muito bem planejada, sobretudo se visamos preparar jovens para ocupar espaço em um mundo tão competitivo como o em que estamos vivendo.

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