Representantes do MST e outras lideranças relembraram massacre em ato. Crime ainda está impune
Cristiane Sampaio, Brasil de Fato
Nesta terça-feira (17), os 22 anos do Massacre de Eldorado dos Carajás, no Pará, foram lembrados em clima de luto e luta por trabalhadores reunidos durante ato em Brasília, no Acampamento Lula Livre.
O dirigente João Pedro Stédile, do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST), destacou a importância da preservação da memória do episódio como motor da luta camponesa.
Ele disse que a data é reveladora das problemáticas do país no que se refere às desigualdades. “A história do Brasil está vinculada ao 17 de abril”, completou.
A chacina, ocorrida em 17 de abril de 1996, terminou com um saldo de 22 mortos e 69 feridos e é considerada um marco na batalha pela democratização da terra. Além da intensa repercussão nacional, o massacre ganhou projeção global e a data foi batizada de Dia Internacional da Luta Camponesa.
“Nesse dia, todos os camponeses do mundo param pra fazer uma homenagem, pra fazer o que nós estamos fazendo aqui: relembrar a memória da nossa história, porque quem não conhece a história nunca vai planejar o futuro”, bradou o dirigente.
Stédile e os outros militantes que participaram do ato reforçaram a importância da luta camponesa para a conquista de direitos por parte da classe trabalhadora. O secretário-executivo da Comissão Brasileira Justiça e Paz, Carlos Moura, celebrou a importância das ocupações de terra ao longo da história.
“Se queremos vencer, precisamos agora ocupar as ruas”, completou, abordando a importância da mobilização das massas no atual contexto de avanço neoliberal e deterioração de direitos.
Seguindo a mesma linha de raciocínio e debatendo o futuro, o deputado federal Edmilson Rodrigues (Psol-PA), disse que a luta agrária é fundamental para o avanço e a consolidação das conquistas populares.
“A história da humanidade caminha pra esse futuro sonhado pelo MST, que é o futuro em que a luta deve se expressar na perspectiva antilatifundiária, anticapitalista, antimonopolista e profundamente comprometida com a democracia”, acrescentou o parlamentar.
Para o deputado federal João Daniel (PT-SE), que tem longa trajetória no MST, a chacina de Eldorado dos Carajás contribui fortemente para a resistência diante da onda conservadora e da criminalização das forças populares. Ele destacou a ligação do tema com a prisão política do ex-presidente Lula (PT) e defendeu a continuidade das mobilizações.
“Não temos outra alternativa que não seja continuar a luta pela democratização da terra, pelo fim da impunidade no Brasil, pela libertação imediata do ex-presidente Lula e pela construção de um projeto popular que seja pra todos os brasileiros e brasileiras”, destacou.
Em memória do Massacre de Eldorado dos Carajás, os cerca de 500 militantes do Acampamento Lula Livre vão realizar, na tarde desta terça-feira (17), um protesto em frente à sede do Supremo Tribunal Federal (STF), na Praça dos Três Poderes.
Edição: Juca Guimarães.
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Imagem: João Pedro Stédile (MST) fala para militantes do movimento durante ato em memória do massacre, em Brasília / Alessandro Dantas/PT no Senado