Por Por Daniele Bragança, em ((o))eco
Que a chefia do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) estava na mão do Partido Republicano da Ordem Social (PROS), até as árvores do Parque Nacional de Brasília já sabiam. Após os protestos dos servidores e ambientalistas, caiu o nome do primeiro indicado, Moacir Bicalho, vice-presidente do PROS Nacional, e entrou o de Cairo Tavares, que é diretor-técnico da Fundação da Ordem Social (FOS), ligada ao partido, e tem uma graduação em ciência política.
Desde a sua criação em 2007, será a primeira vez que o ICMBio será gerido por alguém sem ligação com a área ambiental.
Tavares esteve nesta quinta-feira (24) em reunião com diretores na sede do ICMBio, em Brasília. A princípio, não se sabia se ele seria o indicado ou se estaria negociando um nome. No final da tarde, a rádio corredor da área ambiental já dava como certo o nome de Cairo para mandatário da pasta, que cuida da criação e gestão de Unidades de Conservação federais e da conservação de espécies ameaçadas.
Na noite desta quinta (24), a reportagem de ((o))eco trocou mensagens por WhatsApp com Cairo, que disse que só responderia perguntas nesta sexta-feira (25). Natural de Valparaíso de Goiás, Cairo Tavares é bacharel em ciência política pela Centro Universitário do Distrito Federal (UDF), curso concluído em 2010. Tem 31 anos e além de diretor da FOS é Secretário Nacional de Formação Política do PROS. Não há no seu currículo qualquer menção sobre algum trabalho ou experiência na área ambiental.
O ICMBio entrou na barganha para o governo manter seu frágil apoio no Congresso Nacional após a aprovação da medida provisória da compensação ambiental, que autoriza a autarquia a selecionar um banco público para gerir uma espécie de “Fundo Amazônia” da compensação ambiental. Cerca de 1,4 bilhões que estavam “presos” no caixa geral do governo serão transferidos para esse fundo. O dinheiro atraiu a atenção dos partidos apoiadores do governo.
Ninguém confirma
A assessoria de comunicação do Ministério do Meio Ambiente se recusou a responder se ocorreu a reunião entre Tavares e a diretoria do ICMBio, se limitando a dizer que a pergunta deveria ser enviada ao ICMBio. Já a assessoria do ICMBio afirmou que as nomeações são oriundas da Casa Civil e do Ministério do Meio Ambiente e que “os questionamentos deverão ser feitos às referidas instituições”.
Nesta sexta-feira, os servidores do ICMBio farão um ato de protesto contra a indicação e prometem fazer barulho na posse. Um ato também está sendo programado para acontecer no Corcovado, no Rio de Janeiro. Os Parques Nacionais da Tijuca, Iguaçu, Serra dos Órgãos, Brasília, Itatiaia e Fernando de Noronha ficarão fechados por uma hora amanhã, a partir das 11h, para expressar o descontentamento com a nomeação de um indicado de partido ruralista para a chefia do órgão.
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Manifestação de servidores do ICMBio em Novo Airão, Amazonas. Foto: Rede Pro-UC /Facebook