Após ameaça de despejo, famílias Sem Terra trancam rodovias na Paraíba

“O trancamento das vias é a única alternativa para resistir e permanecer na área que já está produzindo”, afirma dirigente do MST

Por Thaís Peregrino, da Página do MST

O Acampamento Arcanjo Berlaminio, localizado no município de Pedras de Fogo, na Paraíba, recebeu na manhã desta última terça-feira (28), um mandato de reintegração de posse. Composto por 600 famílias Sem Terra, o que faz do acampamento um dos maiores do estado, o mandato deixou a todos em estado de alerta. 

Em resposta a liminar de despejo, na manhã desta quarta-feira (29), as famílias realizaram o trancamento das Brs 101 e 230 nas proximidades de Pedras de Fogo, em denuncia ao mandato de despejo e para exigir uma audiência com representantes do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), da Secretaria de Direitos, Polícia Militar do Estado e do poder privado responsável por mover a ação.

“A manifestação com o trancamento das vias é a única alternativa para resistir e permanecer na área que já está produzindo”, afirma Orlando da Silva, integrante da direção do MST na Paraíba.

Segundo Silva, o Incra foi solicitado várias vezes para realizar a vistoria na área, porém fechou os olhos para os camponeses. “Se acontecer o despejo, as 600 famílias perderão toda essa trajetória de resistência e cultivo por isso a única saída é pressionar e resistir”, pontua.

Liminar de despejo

A ação foi movida pela empresa Mamoaba Agro Pastoril S/A e garantida pela Vara de Feitos Especiais da Capital, que determinou a desocupação imediata e autorizou a reintegração através da força policial, caso as famílias não saiam da área no prazo determinado.

Nesse sentido, a direção do MST na região denuncia o poder Judiciário, que é conivente com os interesses do poder privado, e o Incra, que também mostrou descomprometimento com os trabalhadores rurais. Além disso, continua denunciando a improdutividade da área e seu abandono por parte da empresa Mamoaba.

Entrada do Acampamento Arcanjo Berlaminio, em Pedras de Fogo (PB). Foto: Divulgação MST

Produtividade

Após ocupação pelas famílias Sem Terra, uma diversidade de alimentos saudáveis já estavam sendo comercializados nas cidades da região. Segundo as famílias, foi possível ressignificar a área com o plantio de macaxeira, hortaliças, feijão, milho e as mais variadas culturas.

Em julho deste ano, a ocupação comemorou seu primeiro ano de resistência com um festejo organizado pelos acampados, onde foi reafirmado o sentimento de solidariedade e companheirismo, que acompanham diariamente a luta das famílias.

“Em um ano de ocupação, os trabalhadores e trabalhadoras fizeram o que o latifúndio nunca fez […]. Hoje, as famílias produzem em cerca de 1.500 hectares”, finaliza Silva.

*Editado por Wesley Lima.

Imagem destacada: Famílias trancam BRs contra liminar de despejo. Foto: Divulgação MST

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