A Guerra Política das Vacinas é uma das expressões mais eloquentes da História Brasileira da Infâmia — essa que no momento se repete como genocídio.
Doria amava Bolsonaro que amava Caiado que amava seus touros. Ninguém amava ninguém. Todos iriam para os Estados Unidos, se pudessem. Pazuello a tudo assistia. O povo foi assassinado e o poder público se casou com a Covid 19.
Eu peço desculpas a Drummond, mas a palavra “quadrilha” não poderia ser mais apropriada para sintetizarmos esse misto de escárnio com descaso absoluto pelo que é público. Esses senhores estão a celebrar o vírus, a gozar com o vírus, com cada tubo de cada paciente terminal.
Ontem mataram John Lennon de novo, como acontece todos os dias. Imaginem um mundo sem psicopatas e sem delírios políticos, sem botox e sem cheques, sem fardas e sem arame farpado. Imaginem um mundo sem arminhas. Imaginem todas as pessoas vivendo. Com vacinas.
Roger Waters imaginou um memorial para políticos assassinos, em “The Fletcher Memorial Home”. Era um manicômio para políticos de alta periculosidade. Fosse hoje os pesadelos de Waters teriam de ser privatizados, a instituição seria tomada de assalto por Doria e Pazuello, sob as gargalhadas de Bolsonaro.
Esses senhores só não são as gárgulas sem máscara de um edifício que vai ruir porque suas monstruosidades não têm qualquer origem estética. Eles são uma casa sem calhas e uma farmácia sem seringas, mas também um teatro de marionetes onde o público tenha sido sequestrado — e obrigado a assistir à demolição da casa ao lado.
Eles são especialmente infames porque brincam com as presas (antes de matá-las) com patas políticas, a população se vê indo para o matadouro como se seus algozes tivessem um especial prazer no caminho cínico para isso — é caminhando que se assassina, pensam eles. Destruir sem escarnecer, jamais.
Faltam dois anos para degolarmos toda essa gente. Sim, degolarmos no sentido simbólico. Arrancarmos de nossos prédios públicos (os que restaram) cada uma dessas faces do horror. Com exposição pública (imaginem que estaríamos resgatando a educação, por exemplo) do nome de cada genocida.
Isto como primeiro passo. Pois precisaremos fazer em seguida uma auditoria para identificarmos cada empresário (cada dono da mídia, por exemplo) que ajudou a construir esses monstros — cada um dos genocidas engomadinhos e envernizados — e agora já começa a posar de Defensor da Civilização.
Esses defensores da barbárie, primos desses políticos infames, não hesitarão em nos empurrar goelas abaixo qualquer cloroquina maldita, atenda ela pelo nome de Huck ou Mandetta ou qualquer nova farsa que convenha ao capital — esse que rege essas bocarras e essas arminhas e essa farsa, essa anestesia coletiva, essa cloaca.
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Enviada para Combate Racismo Ambiental por Isabel Carmi Trajber.
Foto: Luis Moura /Estadão