Aproximação com EUA ainda não gerou mudanças nas políticas ambiental e climática de Bolsonaro

ClimaInfo

Em sua coluna na revista Época, Natalie Unterstell parte do cenário geral do estado atual das negociações climáticas para chegar até onde se encontra o Brasil na fila do clima. E a conclusão não é nada animadora: apesar de um cenário que pede maior ambição climática e da disposição dos EUA de dar o exemplo e também financiamento, tudo esbarra nas intenções e ações do governo Bolsonaro – até agora contrárias a esses objetivos.

Na prática, a política bolsonarista para o meio ambiente não mudou em nenhum aspecto, a despeito das fotos de reuniões entre representantes dos dois governos nas redes sociais nas últimas semanas que, como Natalie bem lembrou, só têm servido para valorizar Ricardo Salles perante os apoiadores do governo.

Em seu texto, a autora traça o cenário geral para que o leitor tenha a exata noção da gravidade da situação: se a ambição climática dos países não aumentar, o mundo estará na perigosa rota para um aumento de 3,7oC na sua temperatura média até o fim deste século. Somente 2 dos 18 maiores emissores, o Reino Unido e a União Europeia, apresentaram metas atualizadas em 2020 com sinalização de maior redução de emissões do que anteriormente previsto. O Brasil, por exemplo, recuou em relação à meta anterior. O saldo geral é de um avanço de apenas 1% em relação a cinco anos atrás.

Nesse contexto, a Cúpula da Terra, que Joe Biden organiza para o dia 22 deste abril, surge como uma oportunidade. Na reunião, espera-se que os EUA apresentem uma meta atualizada de redução de emissões até 2030. Natalie lembra que há forte pressão doméstica para que o número a ser apresentado por Biden supere os 50% de redução. O nível de ambição dos norte-americanos poderá motivar outros países – como China, Índia, Austrália e México – a aumentarem suas ofertas. O Japão, por exemplo, já anunciou sua disposição de aumentar a ambição depois de ver a meta dos EUA.

Até o momento, tudo indica que, apesar de estar no fim da fila da ambição, o Brasil tentará furar a fila do dinheiro climático. Resta saber se os anfitriões do encontro permitirão.

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