Num estado de crises em tempos pandêmicos, mulheres são as principais vítimas. Entrevista especial com Flávia Biroli

Para a professora, os grandes dilemas que vivemos hoje são materializados no sofrimento dos corpos femininos que, desde a economia do cuidado, arcam com todo o desgaste que a sociedade vive

Por: João Vitor Santos, em IHU On-Line

Ainda bem antes da pandemia, já havia sinais de que um estado de crises vinha se instaurando. Com a eclosão das ondas de Covid-19, parece ter havido uma aceleração de todas essas crises que, segundo a professora e historiadora Flávia Biroli, tem posto as mulheres como “as principais vítimas do que tem sido descrito como múltiplas crises, colocando em destaque o caráter de gênero e seus efeitos”.

É óbvio que todos sofrem, mas ela aponta que os corpos femininos são atingidos de formas muito específicas. “A resposta inadequada à pandemia e o que tem sido descrito por especialistas como estratégia de propagação do vírus pelo governo brasileiro já ceifou 400 mil vidas. Também produziu uma taxa de desemprego recorde, de 14,4%, segundo os dados mais recentes. Entre as mulheres, chegou a 17%. A participação das mulheres na força de trabalho remunerada retrocedeu 30 anos”, analisa, na entrevista concedida por e-mail ao Instituto Humanitas Unisinos – IHU.

Além disso, “como o Brasil foi um dos países do mundo que manteve as escolas fechadas por mais tempo, com uma completa ausência de coordenação política que priorizasse a segurança das crianças e de professoras e professores, tornou-se mais difícil ainda sair para trabalhar ou para procurar emprego”. E com escola fechada e muita gente em casa e sem emprego, o maior custo fica com as mulheres. “São elas, também, que cuidam mais frequentemente das pessoas que adoeceram – em casa e nas redes familiares ou como cuidadoras, técnicas de enfermagem, enfermeiras”, acrescenta Flávia.

Isso ainda sem desconsiderar o flagelo da fome que passa a assombrar muitos lares brasileiros. “Diante das evidências existentes dos efeitos conjuntos das múltiplas crises sobre as mulheres, é urgente construir respostas que evitem a reprodução e ampliação de desigualdades e injustiças no futuro próximo”, provoca. Para a professora, uma dessas respostas passa pela reflexão acerca da chamada economia do cuidado. “Nesse aspecto, a pandemia abriu uma oportunidade, a de ampliar a discussão sobre os efeitos de uma economia de cuidado ancorada nas desigualdades de gênero e atravessada pelas desigualdades de classe e de raça”, sugere.

Ainda assim, mesmo sendo elas as maiores vítimas, Flávia acredita que a maior potência de transformação está no feminino. “Não tenho dúvidas de que as mulheres são agentes transformadores. Não se trata de essencialização, mas do reconhecimento de que sua posição é específica: elas são atingidas pelas múltiplas crises de modo que isso compromete fundamentalmente sua autonomia e sua dignidade; elas são chave para a compreensão das relações de cuidado e do que não funciona na economia”.

Flávia Biroli é doutora em História pela Universidade Estadual de Campinas – Unicamp, professora do Instituto de Ciência Política da Universidade de Brasília – UnB. Foi presidente da Associação Brasileira de Ciência Política (ABCP, 2018-2020) e fez parte do Grupo de Assessoras da Sociedade Civil da ONU Mulheres (2016-2017), com a qual mantém parcerias desde então. É autora, entre outros, de Autonomia e desigualdades de gênero: contribuições do feminismo para a crítica democrática (Eduff/Horizonte, 2013), Feminismo e democracia (com Luis Felipe Miguel, Boitempo, 2014), Família: novos conceitos (Perseu Abramo, 2014), Gênero e desigualdades: limites da democracia no Brasil (Boitempo, 2018), Gênero, neoconservadorismo e democracia (com Maria das Dores Campos Machado e Juan Vaggione, Boitempo, 2020). Entre suas publicações mais recentes está também a obra coletiva Mulheres, Poder e Ciência Política (co-organizada com Luciana Tatagiba, Carla Almeida, Cristina Buarque de Holanda e Vanessa Elias de Oliveira, Editora da Unicamp, 2020).

Confira a entrevista.

IHU On-Line – A senhora é uma das organizadoras da Rede Brasileira de Mulheres Cientistas, que quer promover um olhar mais atento aos impactos da pandemia. Gostaria que detalhasse como foi criada a rede e quais seus objetivos.

Flávia Biroli – A Rede começou com uma reunião entre cerca de 10 mulheres cientistas, de diferentes áreas de conhecimento, a partir de conversas iniciais provocadas pela colega Vanessa Elias de Oliveira, cientista política, pesquisadora na área de políticas públicas, professora da Universidade Federal do ABC – UFABC. A motivação principal para essa primeira reunião e para as articulações que a seguiram foi trazer de maneira mais destacada ao debate público os efeitos da pandemia sobre as mulheres, dando visibilidade a pesquisas e iniciativas que podem colaborar para respostas públicas mais adequadas.

Essas respostas serão mais eficazes e justas se forem pautadas, ao mesmo tempo, pelo conhecimento científico e pelo compromisso com a igualdade e a justiça social. Somos hoje mais de três mil cientistas, de diferentes áreas de conhecimento e regiões do país. Nosso compromisso é com a saúde da população, com a construção de paradigmas de desenvolvimento mais justos, com a produção de respostas para as múltiplas crises que enfrentamos pautadas pela ciência.

Estamos desenvolvendo ações para contribuir com gestores públicos, sobretudo na ponta, nos municípios; para ampliar a visibilidade de ações já existentes e fortalecer redes pelo país, com atenção às desigualdades regionais; para incidir no debate público colaborando para ampliar as informações sobre as desigualdades de gênero e as respostas adequadas a elas, em um contexto de desmonte das políticas públicas voltadas para garantir direitos e superar essas desigualdades.

IHU On-Line – Podemos considerar que as mulheres são uma das principais vítimas da pandemia e de todos os danos gerados a partir dela, especialmente no Brasil? Por quê?

Flávia Biroli – No Brasil, quem mais morre de Covid-19 são homens negros e empobrecidos. Isso é sem dúvida importante, indicando uma correlação entre a mobilidade dos que não puderam manter isolamento social, sobretudo dos trabalhadores informais e dos que necessitam de transporte coletivo para chegar ao seu local de trabalho, e o acesso possivelmente mais precário a cuidados e atendimento hospitalar.

Ao mesmo tempo, as mulheres são as principais vítimas do que tem sido descrito como múltiplas crises, colocando em destaque o caráter de gênero e seus efeitos. As mulheres são atingidas de maneira específica por essas crises. Vou dar alguns exemplos. A resposta inadequada à pandemia e o que tem sido descrito por especialistas como estratégia de propagação do vírus pelo governo brasileiro já ceifou 400 mil vidas. Também produziu uma taxa de desemprego recorde, de 14,4% segundo os dados mais recentes. Entre as mulheres, ela chegou a 17%. A participação das mulheres na força de trabalho remunerada retrocedeu 30 anos.

Como o Brasil foi um dos países do mundo que manteve as escolas fechadas por mais tempo, com uma completa ausência de coordenação política que priorizasse a segurança das crianças e de professoras e professores, tornou-se mais difícil ainda sair para trabalhar ou para procurar emprego. Os dados que temos (das pesquisas de uso do tempo, por exemplo) mostram que essa responsabilidade recai predominantemente sobre as mulheres. São elas, também, que cuidam mais frequentemente das pessoas que adoeceram – em casa e nas redes familiares ou como cuidadoras, técnicas de enfermagem, enfermeiras.

Violência doméstica e outros problemas
Numa outra frente, a violência doméstica tem atingido meninas e mulheres de maneira brutal durante a pandemia, indicando que a combinação entre isolamento, ausência de rotinas escolares e precarização torna mais agudos padrões preexistentes. O acesso à saúde não se restringe, é claro, ao atendimento das pessoas contaminadas pela Covid-19: a saúde reprodutiva, por exemplo, tem sido seriamente comprometida, sobretudo em um contexto de retrocessos nas políticas públicas no país.

Sem esgotar o conjunto de problemas que atingem de maneira específica as mulheres, não poderia deixar de citar o fato de que a insegurança alimentar – a fome e a desnutrição, para dar nome de maneira mais clara à catástrofe – avança entre os lares mais empobrecidos, eles são justamente aqueles chefiados por mulheres negras. Diante das evidências existentes dos efeitos conjuntos das múltiplas crises sobre as mulheres, é urgente construir respostas que evitem a reprodução e ampliação de desigualdades e injustiças no futuro próximo.

IHU On-Line – Quem são essas mulheres que têm suas condições de vida ainda mais degradadas no contexto da pandemia?

Flávia Biroli – Quando dizemos que as respostas não podem ser neutras se os efeitos das crises não são, isso significa tornar visíveis as desigualdades de gênero, mas também outras desigualdades estruturais às quais se entrelaçam. No Brasil, as desigualdades são constituídas racialmente, isto é, não é possível compreendê-las e superá-las sem abordar o racismo. Racismo e desigualdades de gênero e de classe se combinam de modo a limitar as possibilidades de vida das mulheres negras.

Para elas, o acesso a ocupações, renda, a uma vida digna e à realização de seus potenciais, esbarram continuamente em um conjunto – ao mesmo tempo silencioso e muito estridente, por mais contraditório que isso possa parecer – de obstáculos, recusas, agressões. A pandemia e as múltiplas crises que mencionei acima aprofundam essa situação. Elas são a maioria entre as pessoas desempregadas e também entre aquelas que têm ocupações mal remuneradas e com alta exposição a riscos nesse período, como a de trabalhadora doméstica.

IHU On-Line – Muitos analistas apontam que a pandemia não traz nada de novo, mas recrudesce situações que já eram problemáticas. No caso das mulheres, como podemos compreender a origem desses ataques? E como a pandemia impacta esse cenário?

Flávia Biroli – No Brasil, a catástrofe humanitária tem várias dimensões. Para as mulheres, é especialmente nocivo um ambiente que combina a negação da ciência, a recusa da agenda de direitos humanos (e da agenda de igualdade de gênero, em particular) e uma crise econômica de grandes proporções. Não é casual que a desaprovação do atual governo seja maior entre as mulheres, aliás, desde o processo eleitoral de 2018.

Estudos internacionais têm apontado para o fato de que os países em que têm ocorrido processos mais desacelerados de desdemocratização (ver, por exemplo, o índice V-DEM), como Hungria, Turquia, Polônia e Brasil, têm sido palco para um ataque à igualdade de gênero que é uma agenda em si, ao mesmo tempo que fortalece o sexismo e a misoginia, justificando a violência contra as mulheres e a população LGBTQ+.

IHU On-Line – A economia do cuidado é quase sempre relegada a mulheres. Quais os impactos sociais dessa economia do cuidado em tempos de pandemia? Como isso impacta, no longo prazo, a saúde física e mental das mulheres?

Flávia Biroli – Essa é uma questão central. As relações de cuidado, que são parte do cotidiano, são tão centrais às vidas das pessoas quanto invisibilizadas como uma questão política, coletiva. Nesse aspecto, a pandemia abriu uma oportunidade, a de ampliar a discussão sobre os efeitos de uma economia de cuidado ancorada nas desigualdades de gênero e atravessada pelas desigualdades de classe e de raça.

A divisão sexual do trabalho torna “natural” que as mulheres sejam as principais responsáveis pelo cuidado das pessoas mais vulneráveis – as crianças, as pessoas idosas, as que necessitam de cuidados especiais. E a rotina da vida, a reprodução social, não se dá sem uma enorme quantidade de trabalho que é gratuito ou mal remunerado, que pode também ser classificado como cuidado: cozinhar, lavar as roupas, limpar a casa e mantê-la organizada, alimentar e ajudar a vestir quem não pode fazê-lo sem ajuda, entre outras atividades.

Com a pandemia, essas atividades se tornam mais exigentes, por uma série de razões. Mais gente adoeceu, as crianças estão sem rotina escolar ou da creche, os idosos precisam de apoio adicional, as pessoas estão mais ansiosas e o cuidado emocional se torna ainda mais necessário, a perda de renda e de emprego torna a alimentação de si e dos familiares um desafio maior. As mulheres são mais afetadas no seu tempo e na sua energia, podem estar mais cansadas e mais desgastadas. Ao mesmo tempo, as meninas têm seu futuro comprometido pela falta de políticas para garantir a justiça de gênero e um futuro sustentável.

Interdependência e fragilidade humana
Mais do que nunca, é importante trazer para o centro de nossas reflexões sobre a justiça e a democracia o fato incontornável da interdependência e da fragilidade humana. Precisamos construir alternativas que não façam de conta que somos todos independentes e capazes de cuidar de si, como se tivéssemos nascido adultos e não adoecêssemos. Elas só servem para aprofundar as desigualdades de gênero – porque o trabalho não reconhecido recai sobre as mulheres – e de classe – porque a despolitização abre caminho para soluções privadas, acessíveis de modo muito desigual para as pessoas.

IHU On-Line – A mulher pode ser um agente transformador nesse grande ponto de inflexão que a pandemia tem causado na humanidade? Quais os desafios, do ponto de vista prático, para efetivarmos esse protagonismo feminino?

Flávia Biroli – Não tenho dúvidas de que as mulheres são agentes transformadores. Não se trata de essencialização, mas do reconhecimento de que sua posição é específica: elas são atingidas pelas múltiplas crises de modo que isso compromete fundamentalmente sua autonomia e sua dignidade; elas são chave para a compreensão das relações de cuidado e do que não funciona na economia atual; os feminismos são os movimentos mais potentes na construção de paradigmas de justiça social para reinventarmos o modo como vivemos sem deixar ninguém para trás.

Isso significa que todas as mulheres serão potências de transformação? Ou que todos os feminismos o serão da mesma forma? Não me parece o caso. Não é possível reconstruir o mundo de modo que assegure nosso futuro comum sem uma crítica aguda e lúcida do capitalismo em seus padrões atuais, com os padrões de destruição que ele tem colocado em curso. Os feminismos críticos, que têm se mostrado de forma muito potente e exuberante na América Latina, sabem que as vidas das mulheres estão em risco juntamente com nosso futuro comum, que a precarização da vida que recai de forma específica sobre elas é parte de dinâmicas de destruição que dependem da naturalização da violência, do desprezo pela vida humana e pela natureza.

O caso brasileiro da erosão da democracia
Veja o caso brasileiro. A degradação ambiental intencional, o desprezo pela vida, a recusa da agenda de direitos humanos e a recusa da ciência são parte de processos de erosão da democracia, mas também do nosso futuro. A agenda feminista é hoje, sem dúvida, a mais capaz de articular todas essas dimensões em um projeto de futuro com justiça social e sustentabilidade. As mulheres negras, em especial, têm apresentado uma linguagem de luta que coloca no centro a defesa da vida e o bem-estar.

IHU On-Line – Em seu último livro, Gênero, neoconservadorismo e democracia (São Paulo: Boitempo, 2020), a senhora trata do neoconservadorismo. Em que consiste esse conceito e como, desde uma perspectiva de estudos de gênero, pode se constituir como ameaça à democracia?

Flávia Biroli – Nesse livro, que foi escrito com Maria das Dores Machado e Juan Vaggione, enfrentamos uma questão que me parece bastante importante: a reação atual às agendas de igualdade de gênero e diversidade sexual é conectada a formas anteriores do conservadorismo, mas é também nova em muitos sentidos. Colocamos como uma questão de pesquisa, uma questão também para nossa reflexão conjunta, o que é novo nessa reação.

A primeira parte do livro explica, assim, quais dimensões se transformaram e por que optamos, então, pelo conceito de neoconservadorismo para tratar das reações atuais. Recomendo a leitura do livro (risos). Mas destaco que o caráter transnacional das reações; as alianças entre setores conservadores católicos e evangélicos na América Latina; a forte atuação no âmbito do Judiciário, fazendo com que muitas disputas se travem nesse campo; uma atuação que se tornou possível em contextos democráticos, mas contribui para a desdemocratização; e uma relação redefinida ou fortalecida com a racionalidade neoliberal são dimensões apresentadas e discutidas no livro. É muito importante compreender a temporalidade dessas reações.

Agenda de igualdade de gênero
A agenda da igualdade de gênero foi parte da construção e aprofundamento das democracias em diferentes níveis, na segunda metade do século XX. O sistema internacional de direitos humanos se ampliou e se modificou com as pressões dos movimentos de mulheres e feministas, de modo a dar visibilidade (desnaturalizar) e produzir compromissos para a superação da violência e da desigualdade de gênero. As reações, que se iniciaram nos anos 1990 e se tornariam mais coordenadas a partir da segunda década do século XXI, procuram retroceder as conquistas e, principalmente, colocar em xeque a legitimidade política conquistada para essas agendas e políticas de gênero. Trata-se, como definiu Juan Vaggione, de uma “politização reativa”. Ela vai no sentido da retradicionalização dos papéis, da renaturalização das desigualdades e da violência.

IHU On-Line – Nessa mesma perspectiva de avanço do neoconservadorismo, como a senhora analisa a mulher no espaço político do Brasil de nosso tempo?

Flávia Biroli – No Brasil, enfrentamos uma conjuntura difícil para as mulheres, em muitos sentidos. Como mencionei acima, as crises múltiplas têm face de mulher e estão produzindo retrocessos que deixarão marcas por algum tempo. Ao mesmo tempo, é um momento de articulações, de maior difusão e presença variada e em diferentes espaços dos feminismos.

Eu dizia que o Brasil nunca foi tão marcado pelos feminismos e pela defesa da igualdade de gênero. Mas também nunca enfrentou uma reação tão aberta e misógina a essa agenda. A violência contra as mulheres na política tem se mostrado de forma aguda e ela atinge de maneira específica mulheres negras, mulheres lésbicas e trans, assim como as mulheres ativistas, comprometidas com agendas de transformação social. Ela atinge as mulheres que “ousam” falar, posicionar-se na esfera pública, por isso atinge políticas, ativistas, jornalistas, acadêmicas.

O neoconservadorismo não é apenas uma agenda de manutenção, é uma reação que tem como objetivo desconstruir e pressionar pelo retrocesso, pela retradicionalização, como o atesta o caso brasileiro. Inclui a reafirmação da masculinidade de formas abertamente hierárquicas e violentas. Estamos, assim, em um entrecruzamento peculiar de forças e potências: de um lado, uma agenda de justiça e de autonomia cada vez mais marcada pelas ideias feministas, pelas reivindicações dos movimentos feministas; de outro, uma agenda autoritária que tem no antifeminismo um de seus pilares importantes.

Flávia Biroli (Foto: Arquivo pessoal)

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