Operação Akuanduba: PF suspeita que escritório de Salles era fachada para pagamentos ilegais

ClimaInfo

Novidades na Operação Akuanduba, que investiga o envolvimento de Ricardo Salles e de auxiliares dele no ministério do meio ambiente com um esquema de contrabando de madeira ilegal da Amazônia. Para os investigadores da Polícia Federal envolvidos no inquérito, o escritório de advocacia mantido pelo ministro é uma empresa de fachada para facilitar o recebimento de pagamentos indevidos. Segundo informou Bela Megale n’O Globo, os agentes da PF que cumpriram mandado de busca e apreensão em endereços da Carvalho de Aquino e Salles Advocacia, em São Paulo, não encontraram um escritório em funcionamento. Um dos endereços é o da mãe de Salles, Diva Carvalho de Aquino, que também é sócia na empresa; em outro, os policiais não conseguiram identificar uma sala comercial vinculada ao ministro.

Enquanto isso, o delegado da PF Alexandre Saraiva, ex-superintendente da corporação no Amazonas responsável pela notícia-crime que resultou na abertura de mais um inquérito contra Salles no Supremo Tribunal Federal, reforçou as acusações contra o ministro. Em entrevista ao Roda Viva (TV Cultura), Saraiva afirmou que Salles e o presidente afastado do IBAMA, Eduardo Bim, tentaram interferir na Operação Handroanthus, que investiga a atuação de madeireira em áreas públicas e que resultou na maior apreensão de madeira de origem suspeita da história do país, no final de 2020. Para ele, as provas contra Salles e Bim são “claríssimas” e sustentam a acusação de advocacia administrativa e obstrução da fiscalização em favor de madeireiros suspeitos de crimes ambientais. Estadão e Poder360 repercutiram as afirmações de Saraiva.

Falando na Operação Handroanthus, a Corregedoria Nacional de Justiça intimou o juiz federal Antonio Carlos Almeida Campelo, titular da 4ª Vara da Seção Judiciária do Pará, para prestar esclarecimentos sobre indícios de infração em decisões judiciais. No final de abril, Campelo liberou parte da madeira apreendida pela PF na ação. De acordo com o Ministério Público Federal, as decisões judiciais proferidas por Campelo podem ser consideradas “incomuns”, pois foram tomadas durante as férias ou ausência dos juízes titulares em processos que não eram da competência originária dele e sempre em ações penais. A decisão de Campelo sobre a carga de madeira se encaixa nessas condições. O Estadão deu mais detalhes.

Em tempo: Segundo Andrea Jubé no Valor, Bolsonaro insiste em manter Salles no governo, mesmo com os dois inquéritos correndo contra o ministro no Supremo. Mas o entorno do presidente enxerga a possibilidade de Salles deixar o governo em uma possível reforma ministerial mais ampla, que envolveria também mudanças em outras pastas, tal como aconteceu com outro ex-queridinho dele, o ex-chanceler Ernesto Araújo. Para eles, essa seria uma maneira de Bolsonaro dar o braço a torcer sem admitir que cedeu à pressão política crescente contra Salles.

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