Hildegard Angel: “Já notaram o aumento do câncer no Brasil? O agro é morte, o agro é câncer”

Internada com covid-19, a jornalista divulga carta e afirma que não quer “deixar nada por dizer”

Redação Brasil de Fato

Na última quarta-feira (1), a jornalista Hildegard Angel, que está internada com covid-19, se manifestou, utilizando seu perfil no Twitter, para criticar o agronegócio e as mazelas provocadas pelo uso de agrotóxicos em produtos que vão parar na mesa dos brasileiros, provocando doenças e mortes.

A jornalista, filha de Zuzu Angel e irmã de Stuart Angel, ambos torturados e assassinados pela ditadura militar, exaltou os pequenos agricultores, as cooperativas e o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), por “levarem comida aos brasileiros.”

Confira o texto na íntegra:

A carta dessa segunda-feira (30/08) das entidades brasileiras do Agro negócio deve ter sido parto difícil, arrancado a fórceps. Demorou demais, fez-se de distraída, ficou contando estrelas no horizonte, enquanto Bolsonaro arrotava empáfia, como se estivesse com todos eles nas mãos.

O AGRO no Brasil tem histórico de invasões, grilagem, roubo de terras públicas na cara dura, escrituras nebulosas, cartórios de faroeste, jagunços armados matando agricultores, famílias, padres, ambientalistas, indígenas. O AGRO não produz alimentos para a mesa do brasileiro.

O AGRO Produz exportação, commodities, dólar em Wall Street e, quanto pior pra nós, melhor pra eles. Temos fama de ser a grande horta que alimenta o mundo, mas tudo campanha fajuta de TV. Quem leva comida pra mesa brasileira é o pequeno agricultor, são as cooperativas, é o MST.

Porém isso não se divulga porque os pequenos não tem grana pra campanha. O AGRO é MORTE, despejo de toneladas de agrotóxicos em plantações, águas, solo, proibidos no 1o. mundo, que a política maligna dessa ministra de Agricultura chiquezinha, de fala fácil, conseguiu liberar.

A verdade é dura, a verdade dói, mas assim é se lhes parece. Abram os olhos, brasileiros! Já notaram o aumento impressionante do câncer no Brasil? O AGRO é morte, AGRO é câncer, AGRO são bilionários brasileiros luxando no exterior, nas penthouses mais opulentas do Planeta.

Esse AGRO top de linha levou três anos pra escrever e divulgar nessa segunda uma carta “patriótica”, porque pra ele está tudo ÓTIMO. O problema é que o “mercado”, “Febraban”, “Fiesp”e outros resolveram decepar BolsoGuedes porque a política econômica é uma catástrofe.

A geopolítica também assusta o AGRO, com o apocalipse do Afeganistão. Os EUA demonstraram que não são rede de segurança pra ninguém. É salve-se quem puder e olhem lá.

São muitos os paralelos em nossa mídia dos talibãs sanguinários com a milícia bandida bolsonarista.

Sem esquecer os filhos ZERO, taxados pelos analistas das redes sociais como psicopatas, gananciosos e desonestos. Não interessa ao AGRO ser identificado com essa corja. E nem estou dizendo que o AGRO também não seja tipo uma variante Corja…

Somos um barril de pólvora. Os milicianos amados por esse governo distópico explodem cidades, matam inocentes. O odor fétido da morte intoxica nossos pulmões, cheiro de gente queimada, bicho, matas, índios.

Para Bolsonaro, em sua perversão, um odor “paradisíaco”, que deve inspirar corpos putrefatos em cova rasa, sangue pisado de torturas nas bases militares, carne queimada em fornos das usinas de açúcar, pus de jovens estupradas na Casa da Morte. Bolsonaro tem o perfume que merece.

UM RECADO AOS AMIGOS

Meus amigos. Ainda não falei sobre isso aqui porque são muitas prioridades. Mas estou há dias hospitalizada, com COVID, muito bem tratada pelo meu médico dr. João Gaspar, porém com um cutelo sobre a cabeça. Como ocorre com todos em mesma condição.

Certamente por isso, tenho sido mais contundente do que sempre em meus escritos.

Não sei o dia de amanhã. Não quero deixar nada por dizer. Vocês não merecem. O Brasil não merece.

Seria tão bom falar só coisas amenas. Lembrar só o mundo maravilhoso que sempre esteve à minha frente. As festas, as viagens, a moda, os amigos, as ótimas amigas, as poesias. Meus projetos de memória da moda, da qual muito me honra ser a pioneira do Brasil. O Museu da Moda. O primeiro curso superior de moda do RJ, concebido por mim, com a tônica da brasilidade, o apego às nossas raízes, delicadezas, fragilidades, que aprendi com a mulher genial que foi minha mãe. O olhar carinhoso não só para o belo e opulento, mas também para o singelo e simples. Esse mix corajoso, impetuoso e surpreendente de nosso país.

Edição: Anelize Moreira

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