FUNAI libera Linhão de Tucuruí sem acordo sobre compensações a comunidades indígenas

ClimaInfo

O presidente da FUNAI, Marcelo Xavier, deu aval para o início das obras da linha de transmissão entre Manaus (AM) e Boa Vista (RR), o chamado “Linhão de Tucuruí”, mesmo sem um acordo básico com comunidades indígenas que terão suas terras atravessadas pela construção.

Pelo ofício do presidente da fundação, Marcelo Xavier, à direção do IBAMA, o projeto poderá ser iniciado e prevê a criação de um “grupo de trabalho para monitoramento dos impactos potenciais e discussão da valoração de compensação dos impactos irreversíveis”. No entanto, como destacou André Borges no Estadão, o texto não explica como esse grupo funcionará, nem quem fará parte dele ou mesmo qual é sua agenda de trabalho.

A confirmação pública foi anunciada nesta 4ª feira (29/9) por Bolsonaro em visita à Roraima. A despeito do projeto ter sido desenhado ainda no governo Dilma, o Linhão foi abraçado por Bolsonaro como uma de suas prioridades de infraestrutura. A aprovação da medida provisória que abriu caminho para a privatização da Eletrobras também referendou o início das obras do Linhão sem necessidade de licenças ambientais. Carta CapitalCNN Brasil e Poder360 repercutiram essa informação.

Em tempo: O cientista do INPA, Philip M. Fearnside, foi alvo de ataques xenófobos durante uma audiência pública sobre o licenciamento ambiental para a pavimentação da BR-319, a Manaus-Porto Velho. O é uma das prioridades do governo Bolsonaro na área de infraestrutura, mas é bastante criticado por especialistas por conta do impacto negativo potencial em uma das áreas mais conservadas da floresta. Fearnside, vencedor do Prêmio Nobel da Paz junto com Al Gore e o IPCC em 2007, se posicionou contra a obra e explicou suas razões. No entanto, outro participante da audiência, Sergio Kruke, líder do Movimento Conservador Amazonas, não mediu palavras – nem sua falta de bom senso – ao recusar as alegações do cientista. “Como é que pode o cara vir de lá [EUA] dizer o que eu vou fazer na minha casa. Essa casa é nossa. Se a gente quiser derrubar todas as árvores, a gente derruba. É nossa”. Uma frase para os anais (literais e figurados) da ignorância. A notícia é da Folha e do G1.

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