“Permanecer é Preciso”: Estudantes indígenas e quilombolas realizam o I Fórum de Educação Superior, em Brasília

Nos próximos cinco dias, cerca de 700 estudantes irão debater sobre os desafios do acesso e permanência de quilombolas e indígenas no ensino superior brasileiro

No Cimi

Nesta conjuntura de retirada de direitos, estudantes indígenas e quilombolas se mobilizam frente as dificuldades de permanência nas universidades e realizam o “I Fórum Nacional de Educação Superior Indígena e Quilombola – FNESIQ”. Com o tema “Os desafios do acesso e permanência de quilombolas e indígenas no ensino superior brasileiro”, o evento está organizado em forma de acampamento, instalado no espaço da Fundação Nacional de Artes (Funarte), em Brasília.

Em mobilização permanente, após reunião da Coordenação Nacional dos Estudantes Indígenas e Quilombolas com as entidades dos movimentos nacionais indígena e quilombola, Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) e Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos (CONAQ), deliberam pela realização do Fórum. O objetivo é somar forças contra os retrocessos que, atualmente, são impostos à Educação Superior Indígena e Quilombola. “Permanecer é preciso”, destaca a baixa do evento exposta no acampamento.

Ao longo dos próximos cinco dias, de 4 a 8 de outubro, entorno de 700 estudantes de todos os estados irão debater sobre os desafios do acesso e permanência de quilombolas e indígenas no ensino superior brasileiro. A abertura do Fórum ocorreu na tarde da última segunda-feira, 4, com rituais e roda de cantos.

Arlindo Baré, representando o Encontro Nacional de Estudantes Indígenas (ENEI), destacou a importância do Fórum, da mobilização permanente diante da escalada de retrocessos, inclusive na Educação Pública. “Os estudantes que aqui estão é porquê entenderam o chamado, que o tema é importante. Dando sequência às manifestações dos acampamentos ‘Luta Pela Terra’ e ’Luta Pela Vida’, em seguida à II Marcha Nacional das Mulheres Indígenas, agora chegou a hora da juventude mostrar sua força e somar nessa luta”, assegura Arlindo Baré.

O momento histórico foi destacado pelo secretário executivo do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Antônio Eduardo Cerqueira. “Os povos indígenas e os povos negros são a maioria da população brasileira, então imagine a perspectiva em que se constrói essa articulação entre os povos, imagine a perspectiva dessa luta. Só tem uma palavra, esperança. É o Brasil que está se levantando, é o Brasil que está lutando”, destacou Eduardo, durante a abertura do Fórum.

A educação é a luta que une a flecha e a caneta, e também, o maracá com o atabaque. Izabel Garcia, do Movimento Negro Unificado (MNU), destacou a resistência e a participação do povo negro na Universidade. “Sempre estivemos na luta pelas políticas públicas, principalmente nas políticas de Educação. Não podemos parar, nós somos resistência, nós somos quilombo, somos parte desse povo brasileiro”, reafirma Izabel.

A luta é para garantir a bolsa permanência dos estudantes e uma educação básica de qualidade que atenda todos os povos, essa é a principal pauta frente a falta de apoio e reconhecimento que os indígenas e quilombolas têm dentro da universidade. Além do desrespeito para com os direitos adquiridos e a invisibilidade da luta desses povos.

“Essa luta e resistência não devem recuar. A universidade tem cara de mulher preta, indígena, periférica, da universidade pública que é sucateada 24 horas, e que no seio dela quer abarcar os povos indígenas e quilombolas. Não adianta nós militantes, ativistas da educação defendermos a universidade pública sem antes defender os povos indígenas e quilombolas”, lembra Tel Guajajara, diretor executivo da União Nacional dos Estudantes (UNE). Além do acesso à universidade, é preciso pensar na permanência desses estudantes, é isso que o Fórum busca, reforça o estudante.

Por sua vez, Paulino Montejo, assessor político parlamentar da Apib, destacou o embrião da luta pela educação pública e as políticas indigenistas. “Há mais de 30 anos temos dito, índios e negros são irmãos de mesma história, de mesma luta. Seguimos, homens e mulheres, sempre com a testa erguida jamais nos dobraremos a qualquer domínio político ideológico das oligarquias, que historicamente quiseram sumir conosco, nos massacrar, inclusive como tem sido agora durante a pandemia. Vamos mudar essa história”, finaliza Montejo com um “fora Bolsonaro”, seguido pelos participantes do evento.

Mobilização permanente

Com debates, manifestações, atos, rituais e incidências políticas e culturais, de 4 a 8 desse mês, os estudantes indígenas e quilombolas irão debater a permanência e permanência de quilombolas e indígenas no ensino superior brasileiro. Os desafios e perspectivas da educação pública, estão no centro das discussões do I Fórum Nacional de Educação Superior Indígena e Quilombola.

Seguindo os protocolos sanitários contra a covid-19, com todos os participantes com o ciclo imune completo, o acampamento instalado no espaço da Funarte em Brasília é organizado pelos estudantes indígenas e quilombolas, com o apoio da organização de apoio à causa como: a APIB; CONAQ; MNU; UNE; CIMI; Fórum Nacional de Educação Escolar Indígena (FNEEI); Encontro Nacional dos Estudantes Quilombolas (ENEKI); e, a Frente Parlamentar Mista em Defesa dos Direitos e Povos Indígenas.

As ações desta semana dão sequência às manifestações iniciadas desde junho desse ano, que reuniu cerca de 15 mil indígenas, de 176 povos indígenas, de todas as regiões do país, na luta por seus direitos e na resistência aos retrocessos impostos pela política anti-indígena.

Imagem: I Fórum Nacional de Educação Superior Indígena e Quilombola, outubro de 2021. Foto: Regis Guajajara/ Mídia Índia

Comments (1)

  1. Muito bem!!! Apoio tital! Fundamental para a te/criação desta NAÇÀO multidiversa. Chega deesa imposição branca…de ttos “vendilhões” de templos! Claudinha nutri.

Deixe um comentário

O comentário deve ter seu nome e sobrenome. O e-mail é necessário, mas não será publicado.

2 × cinco =