Conhecido por posições xenófobas, Matteo Salvini deve se reunir com presidente brasileiro em Pistoia, durante homenagem aos pracinhas que morreram lutando contra o nazifascismo na Segunda Guerra Mundial.
Na DW
O líder do partido italiano de extrema direita Liga Norte, Matteo Salvini, se reunirá com o presidente Jair Bolsonaro na próxima terça-feira (30/10), na cidade de Pistoia, região central da Itália.
Os dois vão participar de uma cerimônia em frente ao monumento erguido em memória dos quase 500 pracinhas brasileiros que morreram na Segunda Guerra Mundial.
O presidente brasileiro viajou a Roma neste final de semana para participar da cúpula do G20, que reúne as principais economias do mundo, e na próxima segunda seguirá para o vilarejo de Anguillara Veneta, em Pádua, onde nasceu um de seus bisavôs, Vittorio Bolzonaro.
“Estou feliz e orgulhoso de prestar homenagem aos brasileiros mortos durante a Segunda Guerra Mundial, na terça-feira, juntamente com o presidente Bolsonaro: eles deram uma contribuição importante para a libertação da ocupação nazifascista”, afirmou Salvini.
Em agosto, subsecretário de Economia da Itália filiado à Liga, o partido de Salvini, renunciou após sugerir que um parque de sua cidade natal fosse renomeado em homenagem ao irmão do ditador fascista Benito Mussolini. A sugestão provocou uma onda de críticas.
O líder de ultradireita e ex-ministro do Interior italiano acrescentou que será “uma oportunidade para reafirmar a profunda amizade que une Itália e o Brasil”. Ele ainda falou que agradecerá “o empenho e a seriedade que permitiram ao terrorista comunista Cesare Battisti voltar para a Itália em 2019” – embora Battisti tenha tido seu status de refúgio revogado durante o governo Michel Temer.
Atualmente, Salvini responde a uma ação judicial por ter impedido – na época em que ocupou o cargo de ministro do Interior – o desembarque de um navio com mais de 140 migrantes resgatados no mar Mediterrâneo por uma ONG.
Conhecido por suas posições xenófobas, Salvini já se referiu várias vezes a Jair Bolsonaro como “o meu amigo brasileiro“. Ele também tem relações com Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente brasileiro, e já participou de lives com o deputado brasileiro. Salvini também já defendeu publicamente a forma como Jair Bolsonaro lidou com a pandemia, que deixou até o momento mais de 600 mil mortos no Brasil.
Isolado internacionalmente, Bolsonaro deve ter uma agenda magra em sua estada na Itália.
Na reunião do G20, sua programação incluiu até o momento apenas um encontro com o presidente italiano Sergio Mattarella – reunião foi uma mera formalidade já que a Itália sedia a cúpula – e uma reunião com o secretário-geral da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), Mathias Cormann.
Homenagem contestada
Na província de Pádua houve protestos de políticos e até da Diocese local sobre a atribuição do título de cidadão honorário a Bolsonaro, decidida por vereadores de Anguillara Veneta, uma cidadezinha de 4.000 habitantes. A homenagem que foi criticada por causa do histórico antiambiental e anti-direitos humanos do presidente brasileiro.
Um dos frades do convento de Santo Antônio de Pádua, que também visitará o presidente, disse sob anonimato ao jornal local Corriere del Veneto: “Estamos falando de uma pessoa que acaba de ser acusada por seu próprio país de crimes contra a humanidade. Uma pessoa que também, em várias ocasiões nos últimos anos, se confrontou seriamente com o papa Francisco devido ao desmatamento da Amazônia”, disse.
Portanto, segundo o jornal, Bolsonaro chegará à Basílica de Santo Antônio apenas como mais um peregrino.
A Diocese de Pádua, na Itália, que engloba Anguillara Veneta, também divulgou na sexta-feira nota afirmando que a concessão de uma homenagem pelo vilarejo Anguillara Veneta a Jair Bolsonaro é motivo de “grande constrangimento”.
“Não é segredo que a concessão da cidadania honorária criou um grande constrangimento, ligado ao respeito pelo principal cargo no querido país brasileiro e as tantas e fortes vozes de sofrimento que sempre nos chegam, e não podemos ignorar, pois são gritadas por amigos, irmãos e irmãs”, diz o comunicado oficial da Diocese de Pádua.
jps (EFE, DW, ots)
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Premier polonês Mateusz Morawiecki, premier húngaro Viktor Orbán e senador italiano Matto Salvini após entrevista coletiva na qual lançaram aliança de extrema direita para o Parlamento Europeu, em abril 2021. Foto: ATTILA KISBENEDEK / AFP / Globo