O que perdemos com Jaider Esbell

Ativista, artista, escritor e produtor cultural Makuxi era uma estrela brilhante e tinha muita pressa – além de visão profética e obras iluminadas. Podia continuar conosco para desafiar e iluminar esse país obscuro com sua tremenda sensibilidade

Por Lilia Schwartz, em sua rede social / Outras Palavras

Gostaria de fazer aqui minha profunda e sentida homenagem ao artista Jaider Esbell: um intelectual, um interlocutor, um agitador no senso mais amplo da palavra. Um amigo e uma inspiração. Jaider era ativista, artista, escritor e produtor cultural indígena da etnia Makuxi. Nasceu em Normandia, estado de Roraima, e viveu, até aos 18 anos, onde hoje é a Terra Indígena Raposa – Serra do Sol (TI Raposa – Serra do Sol). Passou a viver em Boa Vista. Trabalha na Eletrobrás ao mesmo tempo em que realiza ações de educação ambiental, atividades socioculturais, participa em pesquisas e faz contatos bilaterais empresa/comunidades indígenas.

Esbell faz vestibular, é aprovado e conclui o Curso de Geografia em 2007. Em 2010 participa e vence um edital de literatura: Bolsa Funarte de Criação Literária. Em 2012 lança o seu primeiro livro, Terreiro de Makunaima – Mitos , lendas e estórias em vivências.

No ano seguinte, passa a pintar profissionalmente e, desde então, são várias exposições coletivas, viagens, inclusive para a Europa. Em 2013 é convidado para expor e dar aulas nos Estados Unidos, (Pitzer College). Esbell articula o Encontro de Todos os Povos e participa da Exposição Coletiva e Latinoameríndia MIRA – Artes Visuais Contemporâneas dos Povos Indígenas, UFMG 2013. Abre seu ateliê, que denomina Galeria de Arte Indígena Contemporânea. Sem ser uma empresa ou ONG, inclui no portfólio a formação de alunos, e oferece estágios a estudantes de artes da UFRR. Faz também articulações e trabalhos coletivos comunitários com o povo Xirixana.

Propõe nesse contexto o Encontro de Todos os Povos, que caminha para a quarta edição. Em 2016, recebe o Prêmio PIPA. Jaider tem um papel destacado na 34ª Bienal agora aberta em São Paulo, suas obras foram compradas pelo museu Georges Pompidou e representaria o país em Veneza. Era uma estrela brilhante e tinha muita pressa. Sua visão profética e suas obras iluminadas fizeram seu curso. Ele podia continuar conosco para desafiar e iluminar esse país obscuro com sua tremenda sensibilidade. Virou Makunaima e deve estar lá no céu ao lado da constelação da Ursa Maior.

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