Ato em memória dos 60 anos da morte de João Pedro Teixeira ocorre neste sábado (2), na Paraíba

Evento homenageia, ainda, outros lutadores do campo, que também foram tombados; líder camponês foi assassinado em 1962

Cida Alves, Brasil de Fato

O Memorial das Ligas e Lutas Camponesas, juntamente com movimentos sociais, partidos, entidades e sindicatos, realizam neste sábado (2), em Sapé, na Paraíba, um ato em memória da morte de João Pedro Teixeira, mártir pela terra, fundador da primeira Liga Camponesa na Paraíba.

A manifestação sairá da comunidade tradicional de Barra de Antas, às 14h, até o Memorial das Ligas Camponesas, onde haverá falas de movimento, partidos, representações institucionais e comunidades. Também haverá apresentações culturais com artistas populares. “Os nossos artistas que trazem na letra de suas músicas a poesia de continuar lutando, o aconchego para que a gente possa esperançar e continuar a luta como Elizabeth Teixeira continuou”, conclui Alane.

O momento também servirá para rememorar e homenagear outros lutadores do campo, companheiros de João Pedro Teixeira que foram assassinados, a exemplo de Nego Fuba e Pedro Fazendeiro.

João Pedro Teixeira foi um líder camponês que se indignou frente à mão de obra explorada pelos donos da terra e organizou mais de 10 mil camponeses para lutar contra os abusos de fazendeiros e latifundiários. O líder camponês foi assassinado por capangas do latifúndio, em 2 de abril de 1962, na rodovia Café do Vento, em Sapé. O agricultor foi um dos fundadores das Ligas Camponesas de Sapé, em 1958, juntamente com Biu Pacatuba, João Alfredo, Pedro Fazendeiro e Ivan Figueiredo.

No dia do crime, João Pedro Teixeira foi até João Pessoa se reunir com os advogados e aproveitou para comprar livros para seus filhos. Ao voltar para casa, quando desceu do ônibus, na BR-230, que liga Sapé a João Pessoa, veio caminhando e, já próximo à sua casa, foi covardemente assassinado com três tiros nas costas, numa emboscada. O crime ocorreu a mando do Grupo da Várzea, conhecido grupo de fazendeiros latifundiários, temidos à época.

Após sua morte, sua esposa, Elizabeth Teixeira, continuou sua luta pela reforma agrária e por justiça no campo.

Em 2002, os camponeses da cidade de Sapé iniciaram uma caminhada até a região de Café do Vento, em Barra de Antas, relembrando o trajeto que João Pedro realizou quando foi assassinado. 

Ameaça de construção de uma Barragem

O ato de 60 anos de assassinato de João Pedro Teixeira acontece em meio à luta contra a instalação de uma Barragem na vila Barra de Antas, a ser construída pelo governo da Paraíba, retirando cerca de 700 famílias ligadas ao Memorial das Ligas Camponesas. Desde janeiro deste ano, os moradores das comunidades rurais do município de Sapé têm visto topógrafos realizando medições nos arredores das vilas e assentamentos, acompanhados de funcionários de fazendas da região.

Para Alane Lima, presidenta do Memorial das Ligas e Lutas Camponesas, este é um ano para dar continuidade à organização da unidade dos povos do campo. “É um ano em que a gente precisa se unir para lutar contra quem nos oprime, lutar contra o agronegócio, contra as oligarquias que ainda se mantém sobre o povo campo camponês”, comenta ela.

Edição: Heloisa de Sousa e Rodrigo Durão Coelho

Imagem: João Pedro Teixeira (sentado ao centro) foi casado com a também paraibana Elisabeth Teixeira (à esq.), com quem teve 11 filhos – Arquivo Memorial das Ligas Camponesas (PB) – Reprodução

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