MPF alerta para risco de ataques a aldeias indígenas no Pará

O Ministério Público Federal (MPF) alertou para a situação da Terra Indígena Apyterewa, no Pará. Desde o último domingo (15/5), indígenas denunciam que vêm recebendo ameaças de invasão por grupos armados associados a fazendeiros da região de São Félix do Xingu e Altamira. Os procuradores do MPF pediram à superintendência da Polícia Federal em Belém e aos órgãos estaduais de segurança pública o envio de tropas para a região para proteger as comunidades indígenas da etnia Parakanã.

A área é uma das mais invadidas e desmatadas do Brasil. Sua demarcação foi homologada em 2007, mas a desintrusão (retirada de invasores não indígenas) não foi efetivamente realizada pelo poder público, descumprindo compromisso feito com os indígenas antes da construção da usina hidrelétrica de Belo Monte. Embora 17 famílias Parakanã tenham decidido abrir duas aldeias no interior da reserva, a Ka’a’ete e a Tekatawa, por conta das invasões,  fazendeiros interessados na terra estariam ameaçando o grupo para expulsá-lo da área.

“O MPF processa o estado brasileiro para obrigar a desintrusão e desde 2009 pede à Justiça Federal que multe o governo por não cumprir as decisões judiciais”, afirmou o MPF. “Conflitos com fazendeiros e grileiros são frequentes na área e nos últimos dois anos invasores confrontaram diversas vezes fiscais ambientais e servidores da FUNAI que trabalhavam na área, chegando a atirar bombas contra eles”. Folha e g1 repercutiram a notícia.

Enquanto isso, na Terra Yanomami, seguem as ameaças aos representantes indígenas que denunciaram um caso de violência sexual seguido de homicídio contra uma adolescente por garimpeiros. A Folha destacou que representantes de um tal “Movimento Garimpo é Legal” estão aproveitando o fato de as investigações ainda não terem encontrado evidências do crime para acusar o presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye’kwana (Condisi-YY), Junior Hekurari, de calúnia e difamação.

O grupo é liderado por Rodrigo Martins de Mello, dono de uma empresa alvo de ação da Polícia Federal no ano passado, que resultou na apreensão de helicópteros que estariam sendo utilizados no garimpo ilegal na Terra Yanomami. “Esses garimpeiros ameaçam me processar? Quem deveria processar sou eu, porque eles colocam vidas do meu Povo em risco. As mesmas pessoas que querem me processar alimentam os grandes garimpos”, respondeu Hekurari.

Em tempo: Bela Megale trouxe n’O Globo duas denúncias de servidores do IBAMA que acusam diretores e superintendentes de assédio moral e perseguição política. Na superintendência do órgão em Goiás, o chefe do IBAMA no estado, Bruno Pinheiro, é acusado de agredir verbalmente funcionários e de favorecer os interesses políticos do ex-deputado Alexandre Baldy, pré-candidato ao Senado, na liberação de carga de madeira de origem suspeita. Já na sede do IBAMA, em Brasília, as acusações giram em torno da remoção do analista ambiental Roberto Cabral Borges, responsável por ações como a que identificou maus-tratos às girafas importadas pelo Zoológico do Rio de Janeiro. Para colegas dele, a mudança atenderia interesses políticos próximos do governo federal.

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