Adaptação: chuvas intensas explicitam despreparo das cidades brasileiras para a mudança climática

ClimaInfo

Bahia, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Pernambuco. As tragédias causadas pelas fortes chuvas que caíram nos últimos meses no Brasil se repetem com uma naturalidade que assusta. Sim, é o “novo normal” da crise climática, onde esse tipo de fenômeno se torna mais frequente e intenso. Mas não dá para acharmos normal que, a cada pancada mais forte de chuva, tenhamos tanta destruição e morte como temos experimentado no Brasil nesses dias. Achar isso normal não é apenas um atestado de fracasso: é um indício concreto de que a pessoa perdeu o sentido básico de humanidade.

“As mais de 90 mortes registradas na Grande Recife com as chuvas dos últimos dias são uma amostra do caos que as próximas décadas devem reservar por conta de um misto de desigualdade social e negacionismo diante das mudanças climáticas”, desabafou Leonardo Sakamoto no UOL. “Ainda mais porque temos governantes que usam tragédias para conseguir votos”.

Também no UOL, Josias de Souza destacou a sensação de inépcia que toma conta do poder público em face às repetidas tragédias climáticas ocorridas no país. “Todos sabem o que precisa ser feito. No curto prazo: investimentos no sistema tecnológico de acompanhamento do clima, aperfeiçoamento dos planos de alerta em situações de emergência, valorização da Defesa Civil e abandono do negacionismo que trava a percepção de que as mudanças climáticas, com a elevação da temperatura global, potencializam as tragédias. No longo prazo, a implementação de programas habitacionais capazes de oferecer tetos seguros aos brasileiros que são empurrados para as zonas de risco”, escreveu. “O horror das enchentes é repetitivo porque a inépcia de sucessivos governos faz com que velhas tragédias naturais se tornem tragédias estatais”.

Ou seja, diferentemente do que disse o presidente da República nesta 2a feira (30/5), durante visita às áreas afetadas pela chuva em Recife, catástrofes não simplesmente “acontecem”. Quem diz isso se isenta de qualquer responsabilidade sobre a questão. Se bem que, considerando o que vimos em dois anos de pandemia no Brasil, surpresa é a última coisa que podemos ter ao ouvir a fala de nosso atual supremo mandatário.

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