Fiocruz disponibiliza banco de dados sobre plantas medicinais

Alexandre Matos, Farmanguinhos/Fiocruz

O Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos/Fiocruz) disponibiliza mais um benefício para a comunidade científica e a sociedade. Trata-se do banco de dados que reúne as informações bibliográficas disponíveis sobre plantas medicinais a partir do conhecimento tradicional. A plataforma resulta de um estudo realizado pelo herbário Coleção Botânica de Plantas Medicinais (CBPM), do Centro de Inovação em Biodiversidade e Saúde da unidade (Cibs), com o apoio da Vice-Presidência de Pesquisa e Coleções Biológicas (VPPCB/Fiocruz).

A iniciativa tem como objetivo valorizar o conhecimento popular e a pesquisa etnobotânica a fim de estimular a repartição de benefícios com comunidades provedoras. Além disso, visa também a subsidiar pesquisas voltadas para a comprovação dos usos populares de plantas medicinais e estimular o desenvolvimento de produtos e políticas de saúde que priorizem a biodiversidade brasileira.

O projeto foi idealizado pelo biólogo Marcelo Galvão, curador adjunto da CBPM/Fiocruz. O levantamento bibliográfico foi realizado pelo técnico do CBPM/Fiocruz, Marco Antonio Filho. O site foi desenvolvido pelo analista computacional da VPPCB/Fiocruz, Carlos Henrique da Silva. Galvão explica que a nova ferramenta pode ser útil para profissionais que trabalham com produtos naturais e buscam novas espécies para estudar ou precisam comprovar tradicionalidade de uso para notificar produtos à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

“Este banco pode subsidiar pesquisas na área farmacêutica de produtos naturais, auxiliar registros de produtos tradicionais fitoterápicos na Anvisa, fomentar questões de repartição de benefícios junto ao [Conselho de Gestão do Patrimônio Genético] CGEN, além de outros benefícios”, destaca.

O Brasil possui aproximadamente 40 mil espécies vegetais conhecidas, inúmeras dessas plantas são consideradas medicinais por povos originários e diversas comunidades tradicionais. No entanto, as listas oficiais de plantas medicinais possuem um número muito inferior ao já registrado por estudos etnobotânicos. Desta forma, o trabalho realizado pela instituição é contínuo, ou seja, à medida que uma nova espécie entre no acervo da CBPM, o levantamento bibliográfico sobre ela será incluído no banco, além da atualização das espécies já catalogadas.

O banco também é voltado para indústrias, provedores do conhecimento popular, gestores públicos que busquem ampliar listas oficiais de plantas medicinais no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), seguindo a Política e Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, e a população em geral.

Ao todo, o acervo atual conta com 300 espécies. Para consultar, basta acessar a página da Coleção de Botânica de Plantas Medicinais. As buscas podem ser feitas por família botânica, nome popular ou científico.

Imagem: Integrante do banco de dados, o camapú é uma planta medicinal com propriedades para diferentes aplicações, inclusive antibiótico (foto: Acervo CBPM)

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