Operação da PF mira organização criminosa suspeita de comercializar ouro de Terra Yanomami

ClimaInfo

A Polícia Federal (PF) realizou mais uma operação de combate a grupos criminosos associados ao garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami. Batizada de Avis Aurea (ave dourada, em latim), a operação cumpriu nesta 3a feira (14/2) 13 mandados de busca e apreensão nos estados de Goiás, Roraima e São Paulo.

De acordo com a PF, as investigações tiveram início após uma abordagem da Polícia Rodoviária Federal apreender mais de R$ 4 milhões em espécie em um veículo no município de Cáceres (MT). Os investigadores identificaram que o valor seria relativo a parcelas de aquisição de ouro extraído em território indígena em Roraima. Os pagamentos seriam feitos regularmente, com recursos vindos das regiões Sudeste e Centro-Oeste. Na volta de Roraima, os veículos transportariam o ouro comprado pelo grupo criminoso.

Os alvos da operação não foram divulgados pela PF, que apenas informou serem empresários, advogados e um servidor público de Boa Vista (RR).

Uma das empresas suspeitas de participar do esquema já esteve envolvida em uma ação da PF que resultou na apreensão de 111 kg de ouro em Goiânia (GO). O grupo teria movimentado ao menos R$ 422 milhões nos últimos cinco anos. Folhag1 e Poder360, entre outros, repercutiram a notícia.

Já na Terra Yanomami, as autoridades federais seguem realizando ações de desmobilização do garimpo e retirada de invasores não indígenas.

Na Folha, Vinicius Sassine e Lado de Almeida acompanharam a jornada de um grupo de garimpeiros que deixou o território indígena atravessando áreas de floresta. Além do temor de uma eventual prisão, os garimpeiros também estão preocupados com o destino após o êxodo: enquanto alguns seguem para Boa Vista e outras cidades em Roraima, outros fazem planos para atravessar a fronteira e se instalar nas Guianas.

Os garimpeiros deixam para trás uma situação dramática para as comunidades Yanomami, que ainda contam os mortos e temem um eventual retorno dos invasores no futuro.

Também à Folha, o ministro dos Direitos Humanos e Cidadania, Silvio Almeida, afirmou enxergar elementos suficientes para apontar a ocorrência de crime de genocídio contra o Povo Yanomami; a dúvida está na autoria.

“Não se chega a uma tragédia desse tamanho sem responsabilidade. Nunca existiu uma ação que tivesse um caráter deliberado de virar as costas para o problema, pelo menos desse jeito, com um processo de desmonte das instituições”, disse Almeida.As cicatrizes deixadas pelo garimpo também estão entre as comunidades indígenas. “Os invasores contribuíram muito para crescerem mais os conflitos [entre] Yanomamis”, afirmou à Agência Brasil o líder Júnior Hekurari Yanomami. “Os garimpeiros levaram muitas armas de fogo para as comunidades. Ano passado, tivemos um problema muito grande em Xitei, onde adolescentes de 12, 13 e 14 anos beberam e mataram uns aos outros, com [revólver calibre] 38. Está muito tenso porque os garimpeiros armaram muito os Yanomami”.

Fernando Frazão/Agência Brasil.

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