Estudo mostra intensificação de eventos climáticos extremos no Brasil nos últimos 40 anos

ClimaInfo

Todo o litoral brasileiro já sofre algum tipo de impacto das mudanças climáticas em relação às ondas de calor. Nos últimos 40 anos, a temperatura subiu nas cidades costeiras do Sul e do Sudeste. As ondas de calor triplicaram no Espírito Santo e dobraram em São Paulo e Rio Grande do Sul no período, aponta um estudo de cientistas da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) publicado na Scientific Reports.

A pesquisa avaliou uma série histórica com dados de temperatura do ar coletados a cada hora do dia nas últimas quatro décadas em estações meteorológicas de cinco pontos da costa: São Luís (MA), Natal (RN), São Mateus (ES), Iguape (SP) e Rio Grande (RS). Depois de calcularem a temperatura média em cada mês do ano, os cientistas avaliaram quantas vezes o termômetro subiu acima desse ponto, classificado como evento extremo, explica o DW.

Os pesquisadores identificaram o litoral do Espírito Santo como a área mais afetada. Além das ondas de calor, foi a única região onde a frequência de ondas de frio tem sido cada vez maior, relata O Globo.

Na costa capixaba, há 40 anos ocorriam sete eventos extremos de temperatura por ano. Agora, são 21 registros anuais, tanto de ondas de calor quanto de frio, e elas são mais comuns na primavera e no outono. Em São Mateus, temperaturas máximas acima de 35oC aconteceram oito vezes até 1999; cinco na década seguinte, até 2010; e 19 vezes na última década, sendo 15 delas registradas de 2015 a 2019.

No litoral gaúcho, outro dado que chamou a atenção foram as temperaturas mínimas do dia, que estão ficando cada vez mais altas. “Um frio menos intenso no Rio Grande do Sul trará impactos ao agronegócio. As plantações dependem de temperaturas estáveis. Quando a amplitude térmica diária aumenta, a produtividade pode cair”, comenta Ronaldo Christofoletti, um dos autores do estudo.

Além da alteração das temperaturas, as regiões Sul e Sudeste também estão mais vulneráveis às tempestades causadas pelas mudanças climáticas. Dados históricos e projeções futuras indicam que chuvas extremas, como as que assolaram o litoral norte de São Paulo no Carnaval deste ano e provocaram 65 mortes, não são um fenômeno passageiro ou localizado. E o risco de desastres associados a elas é maior nas grandes cidades litorâneas, no Sul e no Sudeste, e entre as pessoas mais pobres que moram em áreas mais expostas a inundações e deslizamentos de terra, explica a Folha.

Em tempo: As fortes chuvas que atingiram o sul e o extremo sul da Bahia nos últimos dias deixaram bairros inundados, aldeias indígenas isoladas, uma pessoa morta e ao menos 5.112 pessoas fora de casa, sendo 16 desabrigados e 4.096 desalojados. Os dados correspondem a ocorrências registradas em 24 municípios baianos, incluindo quatro que estão em situação de emergência: Santa Cruz Cabrália, Ilhéus, Belmonte e Porto Seguro, informam a Folha e o g1. Uma estação do CEMADEN em Santa Cruz Cabrália registrou 406,6 mm de chuva na sexta (21/4), que foi seguida por mais 47,2 mm no sábado e 66 mm no domingo, relata o MetSul. E na segunda (24/4), a capital baiana, Salvador, também entrou em estado de atenção por causa das fortes chuvas. A Defesa Civil municipal recebeu cerca de cem solicitações de emergência, incluindo ameaças de desabamento e deslizamento de terra, até o final da manhã.

Bruno Santos / Folhapress

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