Lula afirma que Conselhão é fundamental para políticas de redução das desigualdades

Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável reúne empresários, sindicalistas, banqueiros, indígenas, estudantes, cientistas, produtores rurais e movimentos sociais

Por Redação RBA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a lamentar a “desigualdade ampla, geral e irrestrita no Brasil” em cerimônia de posse dos integrantes do Conselhão, o Conselho de Desenvolvimento Econômico, Social e Sustentável (CDESS). E afirmou que o colegiado empossado nesta quinta-feira (4), formado por empresários, sindicalistas, banqueiros, indígenas, intelectuais, estudantes, cientistas, produtores rurais e movimentos sociais do campo e da cidade será, fundamental nesse enfrentamento.

“Tenho a absoluta certeza de que, em seu retorno, o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, agora acrescido da palavra ‘Sustentável’, desempenhará um papel tão ou mais importante do aquele que teve na fase anterior. E será fundamental na formulação dos caminhos a serem percorridos até o Brasil dos nossos sonhos. Precisamos aprimorar nossas políticas educacionais. Retomar nosso protagonismo nos foros globais. Repensar as novas relações de trabalho mediadas pelas plataformas. E trazer a inovação para aproveitar o melhor da economia digital”, disse o presidente.

Recriado por Lula em março após ser extinto logo no início do governo de Jair Bolsonaro, o Conselhão tem como objetivo assessorar o presidente na formulação de políticas e diretrizes, além de elaborar indicações normativas, propostas políticas e acordos de procedimento.

Além disso, avaliar propostas de políticas públicas, de reformas estruturais, e articular relações do governo federal com representantes da sociedade civil e os diversos setores nele representados. O objetivo dessas articulações é a mobilização para o engajamento em projetos e ações voltados ao desenvolvimento econômico social com sustentabilidade.

Lula destacou também a ampliação da representatividade na composição do Conselhão, agora mais diverso. “Temos uma participação maior dos movimentos sociais e dos novos setores da economia, a exemplo de startups e fintechs. Avançamos na representação regional e racial, e também em gênero. Hoje, 40% dos assentos desse Conselho são ocupados pelas mulheres”, disse.

A volta do diálogo após seis anos e o aumento da diversidade e da participação feminina foram destacados pela presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Juvandia Moreira. “A retomada do Conselho é a retomada do diálogo. É o conflito, mas é o acordo. É isso que o Brasil precisa. A reconstrução do Brasil precisa dialogar com a sociedade ampla e precisa pôr fim na desigualdade, tanto de gênero como de raça.”

Queda dos juros é reivindicação

A dirigente, que integra o Conselhão, aproveitou o espaço para criticar a decisão de ontem do Banco Central, de manter a taxa de juros. “Eu queria repudiar a decisão do Banco Central e toda a sinalização de que não baixar tão cedo. Isso inibe o processo produtivo, a criação de emprego e renda, depõe contra o Brasil. E o que nós precisamos é o contrário: geração de emprego e renda, investimento produtivo, crédito, tirar o brasileiro da miséria e da fome, diminuir a desigualdade.”

O presidente da CUT, Sérgio Nobre, afirmou que não existe governo democrático sem participação social. “E o Conselhão representa exatamente isso: a influência da sociedade organizada nas decisões do governo federal.” Em nota, a central classificou como “criminosa” a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom). “É criminosa a postura do Banco Central de manter a taxa Selic nas alturas. É preciso ajustar a meta inflacionária e reduzir imediatamente as taxas de juros. Sem o que o esforço governamental e empresarial se reduz a enxugar gelo”, diz a CUT.

O advogado Marco Aurélio de Carvalho, coordenador do grupo Prerrogativas, disse que a posse dos conselheiros é um momento histórico”. “A gente vinha dizendo que o presidente Lula é a única liderança política capaz de reconstruir, de reconciliar o país. A única capaz de dar voz a todos e todas brasileiros. E esse conselho é representativo dessa sociedade pela qual a gente vem lutando há tanto tempo: mais justa, fraterna, solidária, inclusiva, verdadeiramente antirracista”.

Na avaliação do jurista, “não é pouca coisa um conselho com uma representação regional significativa de todos os estados, paritário ainda aquém das nossas expectativas, mas muito além daquilo que se podia esperar. E mais: O espaço tem pela frente a tarefa de discutir temas de interesse, fortalecer o ambiente democrático e trabalhar pelo crescimento econômico mais inclusivo. “O Brasil voltou a sofrer com a mazela da fome. Temos também uma agenda verde e da diversidade para discutir. O desafio não é pequeno, mas a esperança é enorme”, disse.

Redação: Cida de Oliveira

Imagem: Lula em cerimônia de posse do Conselhão: União em torno da reconstrução – Ricardo Stuckert/PR

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