O ciclone extratropical – acompanhado de uma forte frente fria – que atingiu a região Sul Brasil nesta quinta-feira (15) e a madrugada da sexta-feira (16); “Foram momentos assustadores”, relatam os indígenas
O ciclone extratropical – acompanhado de uma forte frente fria – que atingiu a região Sul Brasil nesta quinta-feira (15) e a madrugada da sexta-feira (16), atingiu várias regiões do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. A ventania impulsionada pela tempestade atingiu 107,6 km/h, recebeu o no nome de Yakecan, que significa “som do céu” em Tupi-Guarani.
As chuvas intensas geraram um acumulo de 200 milímetros causando alagamentos, derrubou árvores, arrancou telhados e inundou casas, comunidades e bairros inteiros. “Foram momentos assustadores”, relatam os Mbya Guarani.
Outra vez as vítimas foram os mais pobres, aqueles que vivem nas comunidades de periferias, indígenas e quilombolas. Essas pessoas já sofrem as “agruras da vida”, falta-lhes saneamento básico, moradia, transporte, emprego, assistência e passam dificuldades, inclusive, para se alimentarem adequadamente, relata Roberto Liegbott do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Regional Sul.
“As chuvas intensas geraram um acumulo de 200 milímetros causando alagamentos, derrubou árvores, arrancou telhados e inundou casas, comunidades e bairros inteiros”
Em Porto Alegre, a comunidade Mbya Guarani, Pindó Poty, Lami, teve seus espaços de vida completamente alagados. As casas foram inundadas, os pertences e animais domésticos carregados pelas águas.
Por volta das 5h da manhã, a Força Civil e o Corpo de Bombeiros, sabendo que naquele lugar há um arroio e a cada chuva mais intensa ocorrem alagamentos, se deslocaram até a comunidade e promoveram o resgate das famílias.
Todos foram levados a um abrigo no Bairro Restinga. Como não houve a possibilidade de recolherem os pertences as famílias ficaram sem agasalhos, roupas, cobertores e colchões, relata o missionário do Cimi.
Em diálogo com o Cacique Roberto Ramires e seu Vice Gabriel, eles relataram as preocupações das famílias pelo fato de terem perdido tudo. “Pedimos aos amigos, parceiros e aliados que mobilizem esforços no para adquirirem e doarem, especialmente roupas, cobertores, colchões e alimentos”.
“A comunidade Mbya Guarani teve seus espaços de vida completamente alagados, as casas foram inundadas, os pertences e animais domésticos carregados pelas águas”
Também apelam para que a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) busque recursos e formas de assegurar aos Mbya, assistência neste período de extrema dificuldade.
“Enquanto as águas não baixarem eles devem permanecer no abrigo, mas assim que possível retornarão à comunidade, onde precisarão de apoio para reconstruir tudo outra vez”, conta Roberto.
Dentre as comunidades mais impactadas estão ainda os Mbya Guarani de Canela, Terra de Areia. Maquine, Torres, Osório, Eldorado do Sul – Arroio Divisa – e Barra do Ribeiro – Passo Grande.
“Há momentos em que somente a solidariedade de pessoas, entidades, comunidades, associações, igrejas, organismos – viabiliza apoio, conforto e esperança aos que são vulnerabilizados pela omissão do poder público, pela discriminação. Intolerância e racismo”, finaliza o missionário do Cimi.
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Comunidades Mbya Guarani, no Rio Grande do Sul. Foto: Povo Mbya Guarani