Detido nos EUA ex-militar chileno pelo homicídio há 50 anos do músico Victor Jara

O antigo soldado, que vivia nos Estados Unidos desde 1989, perdeu a cidadania norte-americana em julho, depois de um tribunal ter considerado que tinha ocultado informações sobre o serviço militar no Chile

Agência Lusa, na CNN Portugal

Um antigo militar acusado de torturar e assassinar o cantor e compositor chileno Victor Jara há 50 anos, no início da ditadura de Augusto Pinochet, foi detido nos Estados Unidos, anunciaram as autoridades locais na terça-feira.

Pedro Pablo Barrientos foi detido pelas autoridades de imigração norte-americanas na quinta-feira passada, em Deltona, no estado da Florida (sudeste), e deverá ser extraditado para o Chile, onde é procurado pela justiça desde 2013.

“Enfrentará acusações no Chile pelo envolvimento na tortura e execuções extrajudiciais de cidadãos chilenos”, disse John Condon, do Departamento de Segurança Interna dos EUA, em comunicado.

O antigo soldado, que vivia nos Estados Unidos desde 1989, perdeu a cidadania norte-americana em julho, depois de um tribunal ter considerado que tinha ocultado informações sobre o serviço militar no Chile.

Em 2016, um tribunal federal da Florida considerou-o responsável pela tortura e pelo assassínio de Victor Jara, na sequência de uma ação civil intentada pela família do cantor.

Em 1998, a justiça chilena começou a investigar as violações dos direitos humanos durante a ditadura militar de Augusto Pinochet, entre 1973 e 1990.

Desde então, foram condenados cerca de 250 agentes do regime, incluindo, no final de agosto, os responsáveis pela tortura e homicídio de Victor Jara.

Membro do Partido Comunista chileno e fervoroso apoiante do Presidente Salvador Allende, derrubado por Pinochet, Victor Jara encontrava-se entre os presos transferidos para o estádio nacional do Chile, agora com o seu nome. Ali foi interrogado, torturado e morto, tendo o corpo sido encontrado crivado com 44 balas.

Hernan Chacon, de 85 anos, general chileno reformado, condenado juntamente com outros oficiais pelo assassínio de Victor Jara em 1973, suicidou-se em agosto, pouco antes de ser levado para a prisão pela polícia.

Augusto Pinochet morreu em 2006 sem nunca ter sido condenado pelos crimes cometidos pelo regime que liderou. Cerca de 3.200 pessoas morreram ou desapareceram, de acordo com organizações de direitos humanos.

Foto: Biblioteca Nacional de Chile

Enviada para Combate Racismo Ambiental por Zelik Trajber.

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