Em Manaus, rio Negro atinge o menor nível em mais de 120 anos

Afetado por forte seca que assola a Amazônia, o rio Negro atingiu seu nível mais baixo já registrado no trecho que passa pela capital amazonense.

ClimaInfo

A forte estiagem que atinge a maior parte da Amazônia reduziu o nível do rio Negro, que registrou sua pior marca em 120 anos de medição em Manaus (AM). De acordo com o Porto de Manaus, que monitora a subida e a descida da água do rio Negro, o nível nesta 2ª feira (16/10) foi de 13,59 metros, o mais baixo dos registros históricos na cidade desde 1902.

O índice desbanca o recorde anterior, de 13,63 metros, registrado em 24 de outubro de 2010, quando a Amazônia também experimentou uma seca intensa. Entre sábado (14/10) e ontem, o rio Negro baixou 32 centímetros. Em média, as águas do rio Negro vêm baixando 13 centímetros por dia desde o começo da seca, em julho. A expectativa é de que o nível do rio Negro siga diminuindo nas próximas semanas, a depender da chegada da temporada chuvosa no final do ano.

Folha destacou os efeitos da seca no rio Negro em Manaus. A diminuição do nível das águas inutilizou as instalações de transporte fluvial, interrompendo o serviço em alguns trechos e, consequentemente, isolando comunidades mais afastadas da região central da capital amazonense.

O transporte de mercadorias também foi afetado. Como informou o Amazonas Atual, empresas de transporte de contêineres suspenderam as operações para Manaus por conta da dificuldade de navegar o rio e desembarcar sem correr o risco da embarcação encalhar. O problema afetou as operações da Zona Franca de Manaus, que não consegue mais receber insumos para fabricação industrial. Estadão e g1 também abordaram essa situação.

g1 mostrou imagens do rio Negro ressecado em Manaus. Em quase toda a orla da cidade, a água escurecida característica do rio deu lugar a bancos de areia, barcos encalhados e pequenos filetes de água. Até mesmo o Encontro das Águas, um dos pontos turísticos mais famosos da capital amazonense, foi afetado pela seca.

A seca na Amazônia e a redução do nível do rio Negro em Manaus também foram destacadas pela Reuters.

Em tempo: Entusiastas do projeto de asfaltamento da BR-319, que liga Manaus a Porto Velho (RO), estão aproveitando a forte seca na Amazônia para pressionar o governo federal em favor do empreendimento. O argumento deles, de acordo com O Globo, é de que a rodovia reduziria o isolamento da capital amazonense, problema intensificado com a redução do nível dos rios da região. No entanto, especialistas questionam os impactos ambientais da obra, já que a rodovia é vista como um vetor de intensificação do desmatamento e das queimadas no sul do Amazonas.

Lalo de Almeida/Folhapress

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