Denunciado por racismo, vereador defende cortar árvores para evitar deslizamentos

Sandro Fantinel (PL) fez falas xenofóbicas após resgate de pessoas em situação análoga à escravidão e agora defende desmatamento

Por Sul21

Diante da maior tragédia ambiental vivida pelo Rio Grande do Sul, o vereador Sandro Fantinel (PL), de Caxias do Sul, defendeu em plenário que a saída para evitar que situações vividas pelas cidades se repitam é promover o corte de árvores e facilitar o desmatamento.

Em manifestação na Câmara de Caxias na última terça-feira (14), o vereador pontuou que a dificuldade principal para reassentar as famílias atingidas pelas chuvas seria do “meio ambiente”, referindo-se a órgãos de proteção ambiental, que impediriam o desmatamento de novos locais para receberem essas pessoas.

“Quanto essas pessoas vão ter que esperar para que o meio ambiente permita que se tire uma mata num lugar seguro para se colocar essas pessoas. Quanto nós vamos esperar? Porque o problema não é nem tanto o executivo, os projetos, o problema é: passou na Sema, passou no meio ambiente, passou na Fepam? Não passa”, disse.

Além disso, ele afirmou que irá apresentar um projeto para promover a retirada de árvores das margens de estradas e rodovias, uma vez que elas teriam responsabilidade por deslizamentos e desmoronamentos.

“Eu quero que fique registrado nos anais dessa Casa, porque eu vou apresentar, e não me importa os comentários que vão vir depois, um projeto para que todas as estradas principais do interior seja retirada a vegetação, 5 metros para cada lado. Por quê? Porque todas as barreiras que caíram na minha região, o que fez desmoronar? O peso das árvores, porque o solo encharcado, as raízes não seguram mais, a árvore com o seu peso despenca junto a terra e faz todos os desastres que nós vimos aí”, diz.

Ao contrário do que diz o vereador, especialistas apontam que o desmatamento de encostas é uma das principais causas de deslizamentos de terras.

Fantinel é o mesmo vereador que, em fevereiro do ano passado, defendeu as vinícolas da Serra alvo de operação por contratarem mão de obra análoga à escravidão e afirmou que empresários locais não deveriam contratar nordestinos.

“[…] os baianos, que a única cultura que eles têm é viver na praia tocando tambor, era normal que se fosse ter esse tipo de problema. Deixem de lado, que isso sirva de lição. Deixem de lado aquele povo que é acostumado com Carnaval e festa pra vocês não se incomodarem novamente”, disse.

Após a fala xenofóbica, Fantinel foi expulso do Patriota, seu partido na época, e teve aberto contra si um processo de cassação na Câmara de Caxias, posteriormente arquivado. Posteriormente, o Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS) denunciou o vereador por racismo.

Depois do episódio, Fantinel ingressou no PL.

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