Pelo que se vislumbra, a política seguirá por traços tortos, que podem nos conduzir a um abismo sem fim.
No Sul21
As eleições municipais, concluídas no domingo, 27 de outubro de 2024, em segundo turno, mostram uma realidade de traços aparentemente tortos. O cenário parece desconexo, porque as lideranças partidárias se desfazem – se esvaziam – por dentro de um núcleo de poder hegemônico à direita, onde estão as forças econômicas, os grandes meios de comunicação e informação, as igrejas e o crime organizado do narcotráfico.
O grande articulador desse núcleo de poder é o presidente do Partido Social Democrático (PSD), Gilberto Kassab, que consegue agregar integrantes da direita, extrema direita, centro e até segmentos mais à esquerda. Ele, inclusive, é aliado de primeira hora, por exemplo, do presidente Lula, naqueles assuntos desenvolvimentistas e predatórios que buscam a satisfação com a lucratividade fácil e rápida. Ele, Kassab, se reúne com os grupos ligados a Bolsonaro, para atender aos anseios do centrão.
O resultado das eleições sinaliza que há uma convicção nesse núcleo de poder – um blocão maior que o centrão -, o de apresentar à candidatura à presidência da República de Tarcísio de Freitas, atual governador de São Paulo.
Tem-se ainda, como resultado dessa eleição, a rejeição ao Partido dos Trabalhadores (PT), mas que não são descartados, dele, alguns personagens, desde que se insiram no blocão, desvinculando-se do que eles denominam de “ideologias de esquerda”. Nessa mesma lógica, ao que parece, o bolsonarismo perde força, buscando-se, simbolicamente, esvaziar as mensagens e repercussões da extrema direita.
As eleições municipais indicam, portanto, que o controle do eleitor se dá pelo tripé do poderio econômico da direita – bancos, empresas, agro -; do poderio evangélico, através das igrejas fundamentalistas; e do poderio do crime organizado, impondo-se pelo medo e violência. R
Não há, portanto, politização de parte da população, ao contrário, há ignorância, manipulação, vigilância, direcionamentos e imposição de candidaturas através das estruturas hegemônicas de poder, que determinam por onde e como a política partidária vai andar. Nesse contexto, pelo que se vislumbra, a política seguirá por traços tortos, que podem nos conduzir a um abismo sem fim.
(*) Missionários Leigos do CIMI – Regional Sul.
—