Com desmatamento em baixa, emissões brasileiras registraram a maior queda em 15 anos em 2023

Queda na taxa de desmatamento amazônico ajudou o Brasil a reduzir suas emissões de gases de efeito estufa em 12% em 2023, segundo o SEGG.

ClimaInfo

O novo levantamento do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG) do Observatório do Clima, lançado nesta 5ª feira (7/11), trouxe uma boa notícia. O Brasil reduziu em 12% suas emissões em 2023, com uma queda de 2,6 bilhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente (GtCO2e) para 2,3 GtCO2e. Esta é a maior queda anual desde 2009, quando o Brasil registrou a menor emissão da série histórica iniciada em 1990.

De acordo com o SEEG, a queda do desmatamento na Amazônia é o principal vetor por trás da redução das emissões brasileiras no ano passado. As emissões referentes às mudanças no uso da terra, que respondem por 46% de todos os gases de efeito estufa que o Brasil lançou em 2023 (cerca de 1,06 GtCO2e), caíram 24% em relação ao ano anterior.

Entretanto, o SEEG identificou que as emissões associadas ao desmatamento de outros biomas subiram em 2023. Os gases liberados pela conversão de vegetação nativa aumentaram 86% no Pantanal, 23% no Cerrado, 11% na Caatinga e 4% na Mata Atlântica. O Pampa, que responde por apenas 1% do setor, teve redução de suas emissões de desmatamento, em cerca de 15%. No total, a devastação dos biomas brasileiros foi responsável pela liberação de 1,04 GtCO2e na atmosfera no último ano, um volume comparável às emissões totais de países como o Irã.

Nos demais setores analisados pelo SEEG, a trajetória das emissões brasileiras é de alta. A agropecuária registrou seu 4º recorde consecutivo de emissões, com 631,2 milhões de toneladas de CO2 equivalente (MtCO2e), um aumento de 2,2% em relação a 2022. O aumento se deve principalmente ao crescimento do rebanho bovino, com a maior parte das emissões originárias da fermentação entérica, vulgo “arroto de boi”, com 405 MtCO2e emitidos. O setor agropecuário representou 28% das emissões brutas do Brasil no ano passado.

Já os setores de energia e processos industriais tiveram um ligeiro aumento de 1,1% em suas emissões, com total de 511,3 MtCO2e, representando 22% das emissões brutas do país em 2023. Segundo o SEEG, o aumento é decorrente da alta do consumo de óleo diesel, gasolina e querosene de aviação, o que puxou as emissões relacionadas ao transporte em 3,2% (total de 224 MtCO2e). Isso mais do que compensou a redução de emissões devido à queda de 8% na geração de eletricidade por usinas termelétricas.

As emissões relacionadas ao setor de resíduos também tiveram uma pequena alta de 1%, chegando a 92 MtCO2e. Historicamente, as emissões desse setor são marcadas pelo crescimento populacional; no entanto, ao menos no último ano, os avanços no acesso aos serviços de saneamento podem ter ajudado a limitar essa alta.

Os dados do SEEG para as emissões brasileiras em 2023 tiveram grande destaque na imprensa, com matérias no Brasil de FatoCapital ResetEstadãoFolhag1InfoAmazoniaJornal Hoje (TV Globo), Metrópoles((o)) eco e TV Cultura, entre outros.

Orlando Jr / FAS

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