Žižek, tão contundente ao identitarismo, despediu-lhe por uma porta – a de defesa dos direitos humanos – para fazê-lo entrar por outra – a de defesa da civilização europeia. Permaneceu, portanto, preso ao paradigma do Estado sem a crítica da economia política. Por isso, optou desde sempre pelo pré-marxismo
Por Douglas Rodrigues Barros, no blog da Boitempo
Dentre as frases de Machado de Assis, uma particularmente especial é aquela que diz: “Os adjetivos passam, e os substantivos ficam!”. O mote é autoevidente: os predicados desaparecem e aquilo que essencialmente importa ganha uma temporalidade substancial. Há muitas problematizações na obra de Žižek que irão permanecer e, felizmente, muitas conclusões de suas intervenções que irão desaparecer. Seria erro, porém, tratar os artigos de circunstância, ou suas entrevistas, como meros predicados. Se lida bem, sua obra revela uma coerência lógica com suas intervenções públicas. (mais…)