Em quase todas as matérias, ele é “polêmico” e “controverso” — mas nunca “fascista”, “de extrema direita” ou “violento”. Crônica de uma “imparcialidade” muito tendenciosa
Por Fabiana Moraes*, da Piauí, no Outras Palavras
Às vezes, estamos procurando um calmante, um Rivotril da vida, e acabamos tomando, sem querer, uma dose do jornalismo diário brasileiro. Se o primeiro tranquiliza e dá sono, o segundo causa algo desastroso para o cotidiano: confunde, desorienta. Principalmente quando não nomeia as coisas pelo que elas são. Um exemplo: quando chama crime de “polêmica”. Ameniza, doura a pílula, deixa soft. Lembro-me de quando a revista Placar lançou, em abril de 2014, uma capa com o ex-jogador Bruno na qual víamos seu rosto em quase pôster. Na foto, ele nos olhava diretamente, e a manchete dizia, em letras garrafais: “Me deixem jogar.” O título era seguido pela chamada “Goleiro fala da vida no cárcere, da morte de Eliza Samudio e do sonho de cumprir o contrato que assinou com um time mineiro.” Um desavisado poderia facilmente pensar, a partir daquela construção, que se tratava de alguém que sofria uma injustiça, que apenas queria voltar a exercer sua profissão. Que havia perdido um amor. Pobre Bruno. (mais…)
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