WikiLeaks realiza agendas com lideranças e organizações no Brasil

Na Abraji

Representantes do site WikiLeaks promovem, a partir desta semana, uma série de encontros no Brasil com associações, sindicatos, federações e organizações jornalísticas, além de lideranças sociais e políticas. A iniciativa busca expressar solidariedade ao jornalista Julian Assange, fundador do WikiLeaks, que sofre desde 2010 graves consequências por ter vazado documentos sigilosos sobre ações militares e diplomáticas dos Estados Unidos. Atualmente, ele encontra-se detido no Reino Unido.

A ideia é discutir os possíveis riscos para a democracia e a liberdade de imprensa caso Assange seja extraditado para os EUA. Em jun.2022, organizações nacionais e internacionais, como a Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) e as Federações Europeia (EFJ) e Internacional de Jornalistas (IFJ) afirmaram que a possível extradição do jornalista poderia estabelecer um precedente perigoso a ser aplicado a qualquer jornalista que publique notícias baseadas no vazamento de informações de interesse público. Antes, em 2020, a Abraji já havia se posicionado sobre o caso.

Formada pelo jornalista investigativo Kristinn Hrafnsson, editor-chefe e porta-voz da plataforma, e o jornalista e editor Joseph Farrell, a delegação também pretende debater outras questões ligadas à liberdade de expressão e ao acesso à informação, direitos primordiais em uma sociedade democrática.

Um encontro com o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está entre os compromissos previstos, que fazem parte de uma agenda mais ampla pela América Latina. Por meio dessa iniciativa na região, a delegação tem se reunido com pessoas e organizações que defendem a liberdade de Julian Assange e denunciam violações dos direitos humanos, civis e políticos do jornalista. No Brasil, as atividades estão sendo coordenadas pela Assembleia Internacional dos Povos (AIP).

Alguns encontros são restritos e outros ainda estão sendo agendados pela equipe no Brasil, que está mobilizando organizações. À Abraji, a AIP confirmou evento no Rio de Janeiro, na sede da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), na próxima quarta-feira (30.nov.2022) a partir das 16h (hora de Brasília).

O caso Julian Assange

Em 2010, o australiano Julian Assange, fundador do site WikiLeaks, publicou mais de 700 mil documentos que continham provas de crimes de guerra dos Estados Unidos no Iraque e Afeganistão, de campos de tortura em Guantánamo, em Cuba, além de espionagem do governo americano contra chefes de Estado estrangeiros.

O jornalista foi alvo de pelo menos 18 acusações após essa divulgação que trazia, entre outros documentos, evidências de tortura e maus-tratos na prisão de Guantánamo, vídeos de execuções durante a Guerra do Iraque, comunicações diplomáticas, provas de atividades ilegais em paraísos fiscais e segredos de cultos religiosos.

Parte do material publicado pelo WikiLeaks foi construído a partir dos relatórios das forças armadas americanas, supostamente vazados pela ex-analista da inteligência militar norte-americana Chelsea Manning. Em 2013, a ex-militar foi condenada a 35 anos de prisão, mas voltou à liberdade em 2017, após ter a pena comutada pelo governo de Barack Obama.

O governo dos EUA alega que, ao hackear computadores do governo e vazar os dados, Assange colocou em risco a vida de fontes. Com isso, o jornalista foi acusado de violar a Lei de Espionagem de 1917. O objetivo do governo americano é extraditá-lo para que ocorra seu julgamento e cumpra até 175 anos de prisão.

Os pedidos de extradição ocorrem desde 2010. Na época, Assange ainda sofria uma acusação de estupro na Suécia, que foi encerrada em 2017. Como temia que sua prisão o levasse a ser extraditado aos Estados Unidos, Assange acabou se exilando na embaixada do Equador em Londres em 2012. Desde 2019, ele está detido em uma prisão de segurança máxima no Reino Unido.

Foto: Jack Taylor / Getty Images

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