A ultradireita na América Latina: particularidades locais e conexões globais. Por Cristóbal Rovira Kaltwasser

“A América Latina deixou de ser uma exceção em relação ao crescimento das direitas radicalizadas, que antes parecia ocorrer apenas na Europa. Como explicar esse fenômeno? O que nos diz essa dinâmica sobre o subcontinente? Como se conecta com o clima da época em uma escala mais global?”, questiona Cristóbal Rovira Kaltwasser*, em artigo publicado por Nueva Sociedad.

IHU

Até há pouco tempo, o tema da ultradireita era contemplado a partir da América Latina como um fenômeno distante, como algo que acontecia na Europa e obedecia aos conflitos políticos que lá ocorriam. De fato, a questão migratória é talvez uma das razões centrais por trás do sucesso eleitoral da ultradireita na Europa, e como grandes fluxos de migrantes não afetam de maneira pronunciada os países da América Latina, poderia se pensar que aqui estaríamos a salvo da expansão eleitoral de forças de ultradireita. No entanto, essa interpretação está errada por pelo menos três razões. Em primeiro lugar, a bibliografia acadêmica estabeleceu que não existe um vínculo direto entre a quantidade de imigrantes que chegam a um país e o ascenso da ultradireita. Por exemplo, a maior parte dos países da Europa Oriental não recebe um grande número de migrantes, mas sim observaram um aumento notável no voto a favor de partidos de ultradireita [1]. De fato, estudos revelam que, mais do que o aumento real de imigrantes, é o medo da chegada deles o que propicia o sucesso eleitoral de partidos políticos com uma agenda contra a migração [2]. Isso demonstra que uma das principais causas do apoio à ultradireita são as percepções dos eleitores, muitas das quais tendem a descansar em ameaças subjetivas antes do que objetivas. (mais…)

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Uma casa, uma irmã e um refúgio para venezuelanas que chegam ao Brasil

Criada na pandemia, Casa de Acolhida São de José já abrigou mais de 200 mulheres e crianças que fugiram da Venezuela

Por Rafael Custódio | Edição: Bruno Fonseca | Ilustração: Magno Borges, em Agência Pública

No ano de 2020, em meio à pandemia do coronavírus, uma casa se tornou um refúgio para mães solo que chegavam em Pacaraima, município no norte de Roraima, na fronteira do Brasil com a Venezuela. É a Casa de Acolhida de São José, fundada pela irmã Ana Maria da Silva, de 64 anos, que enfrentou as polícias Federal e Civil do estado para manter o local aberto e se tornar um símbolo de solidariedade em tempos difíceis.  (mais…)

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Nova etnia indígena brasileira, povo Warao luta por território e vida digna

Povo venezuelano foi forçado a deixar seu país e vive história de resiliência e invisibilidade no Brasil

Por Yolis Lyon | Edição: Laura Scofield, em Agência Pública

Não há mais 305 povos indígenas no Brasil. Desde a segunda metade da década de 2010, um novo povo passou a integrar o conjunto de etnias brasileiras: os Warao, o povo da canoa. Forçados a deixar seu país de origem, a Venezuela, pela situação de grave e generalizada violação de direitos humanos ali vivida, 9 mil indígenas migraram para o Brasil desde 2016, de acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur). Destes, 7 mil são Warao. No total, 7,7 milhões de venezuelanos deixaram seu país desde o início da crise humanitária. (mais…)

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A tática brutal das novas milícias digitais

Na Argentina, com as bênçãos e dinheiro de Milei, ódio salta da internet para as ruas. Linchamentos virtuais. Invasão de casas. Ameaças a adversários e familiares. Sabotagens. País é laboratório do que a ultradireita quer para o mundo

Por Colectivo Editorial Crisis – Equipo de Investigación Política (EdiPo), no Crisis | Tradução: Rôney Rodrigues, em Outras Palavras

A guerra encabeçada pelo governo nacional contra a população e as suas instituições representativas incluiu até agora ações repressivas cada vez mais virulentas em mobilizações e concentrações de rua; encarceramentos em massa que, a partir de uma aliança com o que há de mais rançoso no sistema judiciário, levam a acusações malucas como a de “terroristas” que tentaram perpetrar um “golpe de Estado” contra aqueles que ousaram resistir à Lei de Bases, uma cruzada judicial contra organizações sociais, a retenção de alimentos e o ajuste de rubricas orçamentárias em detrimento da fome dos mais castigados. (mais…)

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“A popularidade de Milei é mantida pelo medo causado pela oposição”. Entrevista com Pablo Semán

Sociólogo investiga os motivos que levaram Milei ao governo e porque é que a sua popularidade não cai apesar dos ajustamentos e cortes. Entre os responsáveis, aponta o kirchnerismo, a gestão da pandemia e uma Argentina sem futuro para milhões de jovens.

A entrevista é de Eduardo Giordano, publicada por El Salto / IHU

Pablo Semán coordenou a edição do livro A ascensão de Milei: chaves para compreender a direita libertária na Argentina. Trata-se de uma obra coletiva, publicada pela Siglo XXI, na qual participam investigadores das Ciências Sociais que analisam o tema sob vários prismas. Este é um dos poucos trabalhos analíticos – não necessariamente críticos – das causas do fenômeno Milei, visto que existem muitas obras hagiográficas, os livros do próprio Javier Milei – denunciados por plágio – e os daqueles que o atacam desde a defesa fechada dos governos anteriores, peronistas e/ou kirchneristas. Assim, foi necessária uma investigação rigorosa sobre como se concretizou a transformação ideológica dos jovens, cujo voto teve um peso decisivo na deslumbrante ascensão do líder da extrema-direita. (mais…)

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Argentina: A memória como exercício de cura

A jornada de ex-presos políticos do presídio Coronda. Criaram associação para denunciar crimes da ditadura, mostrado em livro. Esforço ajudou a condenar militares. Agora, movem novo processo: desta vez, contra guardas, oficiais e médicos que faziam a roda do terror girar…

por Sergio Ferrari, em Outras Palavras

Em 11 de maio de 2018, o Tribunal Federal Oral de Santa Fé, na Argentina, havia condenado os ex-comandantes da Gendarmaria Nacional Juan Ángel Domínguez e Adolfo Kushidonchi a 17 e 22 anos de prisão, respectivamente, por crimes contra a humanidade como diretores daquela prisão durante a última ditadura cívico-militar (1976-1983). (mais…)

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