“A popularidade de Milei é mantida pelo medo causado pela oposição”. Entrevista com Pablo Semán

Sociólogo investiga os motivos que levaram Milei ao governo e porque é que a sua popularidade não cai apesar dos ajustamentos e cortes. Entre os responsáveis, aponta o kirchnerismo, a gestão da pandemia e uma Argentina sem futuro para milhões de jovens.

A entrevista é de Eduardo Giordano, publicada por El Salto / IHU

Pablo Semán coordenou a edição do livro A ascensão de Milei: chaves para compreender a direita libertária na Argentina. Trata-se de uma obra coletiva, publicada pela Siglo XXI, na qual participam investigadores das Ciências Sociais que analisam o tema sob vários prismas. Este é um dos poucos trabalhos analíticos – não necessariamente críticos – das causas do fenômeno Milei, visto que existem muitas obras hagiográficas, os livros do próprio Javier Milei – denunciados por plágio – e os daqueles que o atacam desde a defesa fechada dos governos anteriores, peronistas e/ou kirchneristas. Assim, foi necessária uma investigação rigorosa sobre como se concretizou a transformação ideológica dos jovens, cujo voto teve um peso decisivo na deslumbrante ascensão do líder da extrema-direita. (mais…)

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Argentina: A memória como exercício de cura

A jornada de ex-presos políticos do presídio Coronda. Criaram associação para denunciar crimes da ditadura, mostrado em livro. Esforço ajudou a condenar militares. Agora, movem novo processo: desta vez, contra guardas, oficiais e médicos que faziam a roda do terror girar…

por Sergio Ferrari, em Outras Palavras

Em 11 de maio de 2018, o Tribunal Federal Oral de Santa Fé, na Argentina, havia condenado os ex-comandantes da Gendarmaria Nacional Juan Ángel Domínguez e Adolfo Kushidonchi a 17 e 22 anos de prisão, respectivamente, por crimes contra a humanidade como diretores daquela prisão durante a última ditadura cívico-militar (1976-1983). (mais…)

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Bolívia: O que aprender com a resistência andina

El Alto ajuda a compreender a Bolívia insurgente: organização popular, outra cosmovisão política e aposta no Comum. Maior cidade indígena do mundo foi crucial para frear os militares esta semana: assim como fora na Guerra da Água, em 2003

por Célio Turino, em Outras Palavras

El Alto, a cidade com maior população indígena do mundo, mais de 1 milhão de habitantes rodeando a capital da Bolívia, La Paz. Povos aimara, quéchua, mineiros, tecelões, camponeses, gente do altiplano e das terras baixas, como chiquitanos e guaranis. Uma profusão de cores, aromas e histórias, em que é quase possível tocar as montanhas. Wayna PotosíIllimani, picos montanhosos com mais neve, por mais altos, mas que também começam a perder a cobertura de gelo milenar, mesmo estando a mais de 6 mil metros de altitude. Não há como acessar La Paz sem passar por El Alto, que paira sobre a capital, estando entre oitocentos e quatrocentos metros acima. (mais…)

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Bolívia: anatomia de um golpe fracassado

Quartelada do general Zúñiga foi debelada pela firmeza do presidente, mobilização popular e isolamento internacional. Memória do governo Áñez debilita oposição. Mas fraturas entre Arce e Evo Morales, em meio a crise cambial, podem ser trágicas

Por Pablo Stefanoni, em Nueva Sociedad | Tradução: Antonio Martins, em Outras Palavras

Os tanques da Plaza Murillo acabaram sendo uma espécie de farsa que poderia ter levado à tragédia, num clima político cada vez mais deteriorado pelas disputas dentro do Movimento ao Socialismo (MAS) boliviano, hoje fraturado em duas alas: evistas e arcistas. Na tarde de quarta-feira, 26 de junho, o comandante geral do Exército, Juan José Zúñiga – que havia sido demitido na noite de terça-feira mas se recusou a reconhecer a decisão presidencial – ocupou aquela emblemática praça com tanques. Chegou a usar um deles para abrir à força a porta do Palácio Quemado, antiga sede do governo hoje compartilhada com a vizinha Casa Grande del Pueblo. A confusão sobre as intenções e estratégias em jogo reinou durante quase todo o motim, enquanto vários ministros arrastavam móveis para impedir a entrada dos soldados. (mais…)

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“A Argentina vai se tornar o laboratório social do futuro”. Entrevista com Robert Boyer

IHU

As ramificações da economia, o poder de Wall Street, a ideia de financeirização e o estado da economia argentina são alguns dos temas abordados pelo economista francês (1943), nascido em Nice. Pensador e economista global, é também um conhecedor do cenário argentino.

Robert Boyer Pesquisador associado do Institut des Amériques, foi diretor de pesquisa do Centro Nacional de Pesquisa Científica e de estudos da École des Hautes Etudes en Sciences Sociales, sendo um dos fundadores da chamada escola da regulação, cuja abordagem teve grande influência em todo o mundo, dentro das tradições que se opõem às visões ortodoxas da economia. (mais…)

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Mortes e parceria com o PCC: como facção venezuelana Trem de Aragua ganha espaço no Brasil

Facção violenta apostou no tráfico para expandir território; pesquisadores apontam elo do grupo da Venezuela com o PCC

Por Rafael Custódio | Edição: Bruno Fonseca, Ed Wanderley, em Agência Pública

Um grupo de narcotraficantes da Venezuela conhecido por dominar cidades a partir de presídios, por esquartejar corpos de inimigos ou de quem viola as regras estabelecidas pela organização e que, segundo pesquisadores, estabeleceu parceria com o Primeiro Comando da Capital (PCC) deixou de se restringir às operações na fronteira de Roraima e já se encontra em pelo menos quatro estados do Brasil. Documentos obtidos pela Agência Pública mostram que a polícia atribui a suspeitos de integrar a facção Trem de Aragua [El tren de Aragua] crimes cometidos em Roraima e segue pistas de suas passagens também nos estados de Santa Catarina, Paraná e Amazonas. (mais…)

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