A esquerda se tornou uma espécie de gestora de crises do capitalismo. Entrevista especial com Vladimir Safatle

Para o filósofo e pesquisador da USP, enquanto o espectro político associado ao fascismo cresce em escala global, aparecendo inclusive como força “revolucionária”, a esquerda não consegue realizar as mudanças estruturais urgentes e necessárias

Por: IHU e Baleia Comunicação | 09 Abril 2024

O Brasil foi sede do maior partido fascista fora da Europa. Nada menos que 1,2 milhão de membros compuseram a Ação Integralista Brasileira nos anos 1930. Quase 90 anos depois, o lema desse partido – Deus, Pátria e Família – é mais familiar do que nunca no país. “Isso diz muito, muito, muito do que é o Brasil e muito da perenidade desse processo, que se desrecalcou agora”, avalia Vladimir Safatle, professor e pesquisador a USP, em entrevista por telefone ao Instituto Humanitas Unisinos – IHU. (mais…)

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Sessenta anos depois. Por Valerio Arcary

O bonapartismo militar no Brasil tentou se legitimar como um regime que defendia a nação contra o perigo do comunismo. No auge da violência o bonapartismo militar degenerou em um regime semifascista

A Terra é Redonda 

“Se para o Brasil tivéssemos feito um estudo sério da realidade teríamos chegado à conclusão de que a principal tarefa revolucionária em toda a América Latina era muito mais modesta que preparar a guerra de guerrilhas: havia que impedir que triunfara o putch reacionário gorila que se estava preparando (…). A situação latino-americana, como a do país irmão (Brasil), com sua história, economia, relações sociais, política e caráter do governo indicavam que era inevitável um golpe de estado reacionário. A grande tarefa era, então, mobilizar o movimento de massas brasileiro para freá-lo ou esmagá-lo, sem depositar a mais mínima confiança no governo de (Jango) Goulart ou Brizola. A mais trágica derrota do movimento de massas latino americano nos últimos vinte anos foi a do Brasil. Essa derrota vai refletir em todo nosso continente”
(Nahuel Moreno, Dos métodos frente a la revolución latinoamericana). (mais…)

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Brasil – uma estratégia em construção. Por José Luís Fiori

Não existe um documento oficial que defina e explique a nova política externa do presidente Lula

A Terra é Redonda

O Estado brasileiro não possui um documento que defina periodicamente sua “estratégia internacional”. Houve uma tentativa, durante o segundo governo Lula, mas o documento foi esquecido após o golpe de Estado de 2016, e mais ainda, durante o governo de Jair Bolsonaro, que era partidário de um alinhamento incondicional do Brasil ao lado dos Estados Unidos e de Israel, e chegou a defender, inclusive, o isolamento do país com relação à comunidade internacional. (mais…)

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Lula, o Holocausto e a “Ordem baseada em regras”. Por José Luís Fiori

“Um número cada vez maior de países de todo o mundo clama pelo ‘cessar-fogo’, e ninguém consegue parar a fúria destrutiva do governo israelense”, escreve José Luís Fiori, professor emérito da UFRJ e autor, entre outros livros, de O poder global e a nova geopolítica das nações (Boitempo)

IHU

A entrevista do presidente brasileiro concedida na cidade de Adis Abeba, na Etiópia, no dia 18 de fevereiro de 2024, quando comparou o comportamento genocida do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu com Adolf Hitler e o genocídio alemão dos judeus, provocou uma pequena crise diplomática e uma grande reação da imprensa conservadora brasileira. A irritação do governo israelense é compreensível, devido à importância internacional do presidente Lula, porque esta comparação já havia sido feita por outros líderes de menor expressão global. (mais…)

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Por que a pesquisa Quaest é preocupante para o governo

A pesquisa publicada semana passada traz resultados ruins para o governo e não se trata das declarações acertadas do presidente Lula sobre o genocídio em Gaza. Trata-se do desidratamento dos índices na base de apoio em um cenário de polarizacão acirrada, com uma extrema direita ativa e engajada – mirando as próximas eleições

POR JEFERSON MIOLA, em Jacobin

A pesquisa da Consultoria Quaest publicada semana passada traz resultados preocupantes para o governo.

Numa interpretação apressada a mídia, analistas e políticos de variados espectros ideológicos atribuíram os dados desfavoráveis ao governo à declaração do Lula comparando a tragédia dos palestinos sob o regime nazi-sionista de Netanyahu com a realidade vivida pelos judeus sob Hitler durante o nazismo. (mais…)

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Lições da eleição portuguesa. Por Valerio Arcary

O pior erro que a esquerda pode cometer é desvalorizar o impacto da contraofensiva dos neofascistas. Se não forem interrompidos, avançarão

Em A Terra é Redonda

“A dúvida é a sala de espera do conhecimento”
(Ditado popular português).

1.

Neste domingo, dia 10 de março, ocorreu a mais importante eleição em Portugal desde a Revolução dos Cravos. Aconteceu um deslocamento de votos à direita e um terremoto de votos à extrema direita. No próximo dia 25 de abril, aniversário de 50 anos da derrubada ditadura salazarista, estará no poder o governo mais reacionário do último meio século! (mais…)

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A importância da análise de conjuntura para ativistas: um saber fazer essencial. Por Cândido Grzybowski

em Sentidos e Rumos

Tenho a sensação que, como cidadanias diversas, estamos atolados, literalmente. Não estou me referindo, no momento, às chuvas torrenciais em boa parte do Brasil, algo alarmante em si mesmo, pelos sofrimentos e estragos para muita gente, sinal evidente de mudanças na integridade do ecossistema climático. Meu olhar aqui, mais imediato, é ao perigo do atoleiro político, à falta de um claro protagonismo da ação política cidadã democrática ecossocial na atual conjuntura nacional. A vitória eleitoral de 2022 foi fundamental, mesmo apertada como foi. Mas as forças inimigas da democracia estão vivas e muito ativas. O 8 de janeiro de 2023, apenas uma semana após a posse foi um susto. Mas o fato essencial é a complexa rede de cumplicidades e financiamentos que foi criada pela extrema direita e que alimenta o ativismo político de seus seguidores. (mais…)

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