Indígenas são alvo de madeireiros e pistoleiros há décadas; pela primeira vez, três desses crimes podem ser julgados
Por Marina Amaral, Agência Pública
Adriano Guajajara viveu os últimos 104 anos da epopeia dos Tenetehara — como os Guajajara se autodenominam —, que há milhares de anos habitam a região em torno da bacia do Pindaré, no Maranhão. “O primeiro registro do povo Tenetehara é de 1602”, diz o antropólogo Carlos Travassos, destacando a história de resistência da etnia mais populosa do Nordeste, com cerca de 20 mil habitantes em dez Terras Indígenas (TIs). “Os Tenetehara convivem há todo esse tempo com os não indígenas, passaram pelas missões dos capuchinhos, pelos deslocamentos do Serviço de Proteção ao Índio e depois da Funai, pelos projetos da mineradora Vale, por construção de estradas, invasões de fazendeiros, madeireiros, traficantes, e a grande maioria — quase todos —continua a falar a língua, a maior parte da população vive nas aldeias, mas ainda há muita luta pelo território”, explica Travassos, que trabalhou quatro anos com os Guardiões da Floresta de Araribóia, grupo indígena que há mais de dez anos atua na vigilância da TI. (mais…)