Chomsky: ChatGPT contra o pensamento crítico

Filósofo dispara: novos bots são simuladores poderosos, mas também o oposto da inteligência, do aprendizado e da reflexão. Capital quer empregá-los para nublar o debate público. Porém, saída não é freá-los — e sim estimular a educação política

por Noam Chomsky, em entrevista a Ivo Neto e Karla Pequenino no Público | Tradução: Maurício Ayer, em Outras Palavras

Há um mês, o reputado filósofo e linguista Noam Chomsky co-assinou um artigo no New York Times em que condena a “falsa promessa do ChatGPT”, criticando o rumo que o desenvolvimento da inteligência artificial (IA) levou. Ao Ípsilon, numa videochamada, o especialista do MIT reforçou a preocupação com a forma como a tecnologia está evoluindo, com algoritmos que nos dão conteúdo à nossa medida e chatbots que simulam a comunicação humana e contribuem para a inércia analítica e criativa. (mais…)

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CLT 80 anos: modernização como justificativa para redução de direitos

Especialistas analisam a legislação trabalhista do país

Por Camila Boehm – Repórter da Agência Brasil

De estabilidade para trabalhadores com 10 anos de serviço para a criação do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). De horas extras pagas no salário, para banco de horas. De carteira assinada com garantias trabalhistas, para contrato por demanda. Essas foram algumas das alterações da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) ao longo do tempo. (mais…)

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“A fascistização é uma estratégia e uma política que dá cada vez mais poder ao capital”. Entrevista com Silvia Federici

IHU

Silvia Federici (Parma, Itália, 1942), autora do livro Calibã e a Bruxa: Mulheres, Corpos e Acumulação Primitiva (Elefante, 2019), aponta os crescentes ataques contra a reprodução da vida, o aumento brutal da exploração e a expropriação da terra, da água e do tempo. Ela fala sobre o fascismo econômico que se esconde no confronto entre blocos políticos e sobre a importância da alegria na luta feminista. (mais…)

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Cosmovisões ancestrais e resistências ao capitalismo

Reflexão sobre a profunda crise do projeto moderno ocidental e os caminhos para enfrentá-la. Superar ideais de conquista é crucial – assim como retomar concepções da vida e de mundo fundadas na integração à natureza, no cuidado e na partilha

Por Soleni Biscouto Fressato, em Outras Palavras

Para os povos indígenas do rio Negro,[1] dentre eles os Desana, os seus antepassados eram “gente-peixe”, que vieram do cosmos para povoar a Terra, navegando numa canoa em formato de uma enorme serpente. No meio da escuridão, surgiu, por ela mesma, Yebá Buró, a Avó do Mundo, sustentada num banco de quartzo branco. Mascando ipadu[2] e fumando tabaco, ela começou a pensar em como deveria ser o mundo. Enquanto ela pensava, levantou-se uma esfera: era o mundo, que ela chamou de Maloca[3] do Universo. Depois, Yebá Buró tirou um pouco de ipadu da boca e os transformou em homens, eram os Trovões ou os Homens de Quartzo Branco. Yebá Buró ordenou que eles criassem a humanidade, mas eles nada fizeram. A Avó do Mundo, então, resolveu criar outro ser que seguisse suas instruções e no mesmo momento surgiu, da fumaça do seu cigarro de tabaco, o Deus da Terra. O Terceiro Trovão e o Deus da Terra uniram-se para criar a “gente-peixe”. O Terceiro Trovão se transformou na “canoa serpente” e trouxe o Deus da Terra e a “gente-peixe” para povoar o mundo, que ainda não existia. Durante muitos séculos, a “gente-peixe” viveu na “canoa serpente”, até que surgiu uma enorme parede de gelo. O Deus da Terra reuniu todo o seu conhecimento e, com seu bastão, quebrou a parede de gelo. Quando a parede de gelo foi quebrada, surgiram o céu, os mares, os oceanos e toda a terra, e a “gente-peixe” desembarcou e começou a povoar o mundo todo[4]. Para os Kaxinawá, povos que habitam o estado do Acre (Brasil) e o Peru, a origem da vida é a “mulher jiboia”, que vive nas águas do igarapé[5]. Entre os Shipibos, povo da Amazônia peruana, o rio, onde surgiu a vida, é uma grande serpente que se chama Ronin.  (mais…)

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Economia: tudo o que falta mudar

Num seminário histórico, pensadores de relevo internacional reunidos pelo BNDES sugerem: país continua refém do rentismo. Juros impostos pelo BC são sabotagem. Mas há saída – em políticas que o ministério da Fazenda ainda resiste em adotar

por Antonio Martins, em Outras Palavras

A muralha de silêncio erguida para que o Brasil mantenha-se tão desigual e regredido foi vazada brevemente esta semana. Pensadores convidados pelo economista André Lara Resende sustentaram, num seminário promovido pelo BNDES1 em 20 e 21/3, ao menos quatro ideias esperançosas, e contrárias à ortodoxia econômica que sufoca o país há muito. Num Ocidente mergulhado em crise civilizatória e acossado pelo fascismo, afirmam eles, um processo de reconstrução nacional com redução das desigualdades, desencadeado por aqui, pode ter repercussão global. O prestígio internacional de Lula é um catalisador muito potente. (mais…)

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Meritocracia hereditária. Por Hugo Albuquerque

Como sempre acontece no Brasil, famílias se perpetuam no poder em processos de sucessão enquanto defendem o mantra liberal da meritocracia. É o caso de Roberto Campos Neto, presidente do “independente” Banco Central, que segue a missão de seu avô na implantação do capitalismo selvagem no país desde a ditadura.

Na Jacobin

Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central (BC), é a bola da vez. Defensor de uma política de juros altos, ele é o guardião do neoliberalismo em tempos em que Lula retorna ao Planalto. Beneficiado pela “independência” do BC e nomeado por Jair Bolsonaro, ele ganhou um “mandato” que vai até 2024, atravessando metade do governo Lula. (mais…)

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Ladislau Dowbor: fé, fanatismo (e lucro!) na pós-modernidade

Em meio à desigualdade abissal, à volta da fome e à devastação do planeta, muitos fazem-se de cegos e repetem o mantra: Deus, Família e Pátria. Por trás de seu delírio, está uma razão cínica que, para preservar interesses, busca ocultar as saídas

Em Meer / Outras Palavras

A raça humana é sempre toda ouvidos
para um conto de fadas

Lucrécio, De rerum natura, 50 AC (mais…)

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