Nota sobre o sistema de cotas no Brasil. Por Jorge Luiz Souto Maior

Uma política de inserção de negras e negros em um país marcado pela escravização

Em A Terra é Redonda

Nem adianta insistir no tema do racismo estrutural, explicitando, inclusive, que a questão do racismo no Brasil tem raízes históricas e está até hoje presente como elemento estruturante de um modelo de sociedade integrado ao contexto de capitalismo dependente. (mais…)

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Desnudar o poder numa sociedade violenta

Sociologia como coragem: quando novos atores alcançam condições de agir, as elites respondem com violência. Há pouco, vimos isso no Brasil. Cabe aos sociólogos buscar esquemas analíticos que realcem os modos do controle, explícitos ou sutis

Por Elide Rugai Bastosna coluna da Biblioteca Virtual do Pensamento Social (BVPS), em Outras Palavras

O tema que me propõem – A sociologia como o quê? – é intimidante, porque obriga a repensar nossa própria atuação como docentes, orientadores e pesquisadores na área específica da sociologia. Ainda mais, na formulação da questão a ser debatida, temos a ilustração de respostas de grandes autores formuladas anteriormente. (mais…)

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Caminhos para uma política pública do Cuidado

Governo Lula cria Grupo de Trabalho, reunindo 14 ministérios, com essa missão. E um desafio, urgente e estrutural: enfrentar a desigualdade sistêmica, patriarcal e racializada, que submete mulheres e meninas. Sem isso, há o risco do resultado ser inócuo

por 

Cuidar do povo brasileiro, este tem sido um compromisso reiterado do presidente Lula, desde a sua campanha. Não por acaso, foi na solenidade do 8 de Março, no Palácio do Planalto, que ele assinou o decreto de criação de um Grupo de Trabalho Interministerial,1 composto por 14 ministérios e pela Fenatrad – Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas, para definir a Política Nacional de Cuidados. Afinal, a incorporação dessa questão na agenda governamental se dá em resposta às demandas feministas, de militantes revolucionárias2 e de movimentos sociais, há muito colocadas e agora assumidas também por organismos internacionais no sistema das Nações Unidas. (mais…)

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Chomsky: ChatGPT contra o pensamento crítico

Filósofo dispara: novos bots são simuladores poderosos, mas também o oposto da inteligência, do aprendizado e da reflexão. Capital quer empregá-los para nublar o debate público. Porém, saída não é freá-los — e sim estimular a educação política

por Noam Chomsky, em entrevista a Ivo Neto e Karla Pequenino no Público | Tradução: Maurício Ayer, em Outras Palavras

Há um mês, o reputado filósofo e linguista Noam Chomsky co-assinou um artigo no New York Times em que condena a “falsa promessa do ChatGPT”, criticando o rumo que o desenvolvimento da inteligência artificial (IA) levou. Ao Ípsilon, numa videochamada, o especialista do MIT reforçou a preocupação com a forma como a tecnologia está evoluindo, com algoritmos que nos dão conteúdo à nossa medida e chatbots que simulam a comunicação humana e contribuem para a inércia analítica e criativa. (mais…)

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CLT 80 anos: modernização como justificativa para redução de direitos

Especialistas analisam a legislação trabalhista do país

Por Camila Boehm – Repórter da Agência Brasil

De estabilidade para trabalhadores com 10 anos de serviço para a criação do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). De horas extras pagas no salário, para banco de horas. De carteira assinada com garantias trabalhistas, para contrato por demanda. Essas foram algumas das alterações da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) ao longo do tempo. (mais…)

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“A fascistização é uma estratégia e uma política que dá cada vez mais poder ao capital”. Entrevista com Silvia Federici

IHU

Silvia Federici (Parma, Itália, 1942), autora do livro Calibã e a Bruxa: Mulheres, Corpos e Acumulação Primitiva (Elefante, 2019), aponta os crescentes ataques contra a reprodução da vida, o aumento brutal da exploração e a expropriação da terra, da água e do tempo. Ela fala sobre o fascismo econômico que se esconde no confronto entre blocos políticos e sobre a importância da alegria na luta feminista. (mais…)

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Cosmovisões ancestrais e resistências ao capitalismo

Reflexão sobre a profunda crise do projeto moderno ocidental e os caminhos para enfrentá-la. Superar ideais de conquista é crucial – assim como retomar concepções da vida e de mundo fundadas na integração à natureza, no cuidado e na partilha

Por Soleni Biscouto Fressato, em Outras Palavras

Para os povos indígenas do rio Negro,[1] dentre eles os Desana, os seus antepassados eram “gente-peixe”, que vieram do cosmos para povoar a Terra, navegando numa canoa em formato de uma enorme serpente. No meio da escuridão, surgiu, por ela mesma, Yebá Buró, a Avó do Mundo, sustentada num banco de quartzo branco. Mascando ipadu[2] e fumando tabaco, ela começou a pensar em como deveria ser o mundo. Enquanto ela pensava, levantou-se uma esfera: era o mundo, que ela chamou de Maloca[3] do Universo. Depois, Yebá Buró tirou um pouco de ipadu da boca e os transformou em homens, eram os Trovões ou os Homens de Quartzo Branco. Yebá Buró ordenou que eles criassem a humanidade, mas eles nada fizeram. A Avó do Mundo, então, resolveu criar outro ser que seguisse suas instruções e no mesmo momento surgiu, da fumaça do seu cigarro de tabaco, o Deus da Terra. O Terceiro Trovão e o Deus da Terra uniram-se para criar a “gente-peixe”. O Terceiro Trovão se transformou na “canoa serpente” e trouxe o Deus da Terra e a “gente-peixe” para povoar o mundo, que ainda não existia. Durante muitos séculos, a “gente-peixe” viveu na “canoa serpente”, até que surgiu uma enorme parede de gelo. O Deus da Terra reuniu todo o seu conhecimento e, com seu bastão, quebrou a parede de gelo. Quando a parede de gelo foi quebrada, surgiram o céu, os mares, os oceanos e toda a terra, e a “gente-peixe” desembarcou e começou a povoar o mundo todo[4]. Para os Kaxinawá, povos que habitam o estado do Acre (Brasil) e o Peru, a origem da vida é a “mulher jiboia”, que vive nas águas do igarapé[5]. Entre os Shipibos, povo da Amazônia peruana, o rio, onde surgiu a vida, é uma grande serpente que se chama Ronin.  (mais…)

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