Indiana Jones: o arqueólogo mais racista do mundo volta a atacar

Novo – e com sorte último – filme da série insiste no discurso colonialista que valoriza um herói ocidental branco desrespeitoso com as populações locais e deliberadamente ignorante da arqueologia: é Hollywood usando o poder do “entretenimento” para ridicularizar e distorcer culturas e modos de vida daqueles que se mantiveram na natureza, como os povos da Amazônia

por JAQUELINE SORDI, em Sumaúma

“Você o roubou”, diz Indiana Jones. “Depois, você o roubou”, responde o nazista Jürgen Voller. “Depois, eu roubei. É assim no capitalismo”, encerra a conversa, com um sorriso no canto da boca, a personagem Helena Shaw, afilhada do carismático arqueólogo. Essa última frase, pinçada a dedo pelo seu poder de venda, está no trailer do mais recente filme da saga hollywoodiana – Indiana Jones e a Relíquia do Destino. Convicta e bem-humorada, Helena está justificando a posse de um artefato histórico, criado por Arquimedes, que teria o potencial de mudar o curso da humanidade. A única forma de salvar o planeta de uma catástrofe, indica o filme, é deixá-lo em um local seguro – ou seja, nas mãos do charmoso, heroico, aventureiro e estadunidense professor de arqueologia. Calma! Este texto não contém spoilers. De fato, não é preciso avançar muito no enredo para perceber que o recém-lançado longa-metragem repete a surrada fórmula que há mais de 40 anos consagrou Indiana Jones como símbolo da cultura dos Estados Unidos: o uso da narrativa colonialista e racista que reforça estereótipos ao considerar exótico, perigoso e ameaçador tudo aquilo que não faz parte de seus valores e modo de vida – ou que os contesta. (mais…)

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Colonialismo, face oculta da mudança climática

Mais da metade do CO² atirado à atmosfera foi produzida pelo mundo eurocêntrico – e a pilhagem colonial bloqueia a capacidade de resposta do Sul. É hora de promover a justiça climática global – e há formas muito concretas de fazê-lo

Por Tapti Sen para o Foreign Policy in Focus | Tradução: Maurício Ayer, em Outras Palavras

Pertenço a uma nação em extinção.

Meu país, Bangladesh, é um dos vários que correm o risco de submergir parcial ou totalmente pela elevação do nível do mar, por causa das mudanças climáticas nas próximas décadas. Cerca de 75% do país fica abaixo do nível do mar. (mais…)

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O que é ser mãe para uma mulher negra?

A pesquisadora Rachel Gouveia Passos fala, ao PULSO, sobre seus estudos com a saúde mental com aquelas a quem não é dado nem o direito de existir. E reflete sobre a “colonialidade do cuidado”, que as joga à marginalidade da família

por Gabriela Leite, em Outra Saúde

Na segunda metade do século XX, a historiadora Lélia Gonzalez refletia sobre o papel da mãe preta, nos séculos de escravidão no Brasil, e sua importância em passar seu conhecimentos ancestrais, sua linguagem e seu cuidado aos filhos das sinhás. E qual o lugar dessas mulheres, no século XXI? O livro Na mira do fuzil – a saúde mental das mulheres negras em questão, de Rachel Gouveia Passos, busca puxar esse fio e olhar para as violências a que estão submetidas ainda hoje – também no que diz respeito ao maternar. (mais…)

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Quem cura a dor das mães negras?

Em obra a ser lançada neste sábado, Rachel Gouveia Passos investiga o trauma persistente das mulheres periféricas, que insistem em psiquiatrizar. Capítulo que trata da perda de filhos para a violência policial aponta: “o tomar remédio já começa no cemitério”

por Rachel Gouveia Passos*, em Outra Saúde

Algo quase sempre invisível é tema central da obra Na mira do fuzil: a saúde mental das mulheres negras em questão, de Rachel Gouveia Passos, publicada pela Editora Hucitec, parceira editorial do Outra Saúde. Resultado de sua pesquisa de pós-doutorado, a autora busca tecer uma análise teórica e prática sobre a produção do sofrimento e do adoecimento psíquico vivido pelas mulheres negras do país. (mais…)

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Pochmann: comentário sobre a cegueira nacional

Assim como na segunda metade do século XIX, país fecha os olhos às transformações e acomoda-se à mediocridade. Joaquim Nabuco estudou o fenômeno de forma pioneira, mas foi Saramago quem o expôs, com a lâmina aguda da literatura

por Marcio Pochmann, em Outras Palavras

A passagem da segunda para a terceira década do século 21 atendeu a uma espécie de viagem às trevas. Força disso tem sido a quarentena da cegueira nacional que parece aprisionar o Brasil à mediocridade das superficialidades e de inconsistências dos discursos e práticas dominantes. (mais…)

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O que é o Brasil? Religião e identidade nacional

Estado nacional nunca assegurou os direitos que poderiam constituir uma nação. No vácuo aberto por sua ausência, atuou sempre o cristianismo. E vale reparar: nunca o jesuíta colonial foi tão semelhante a certos pastores…

por Fran Alavina, em Outras Palavras

Talvez as principais perguntas que devamos fazer, neste momento cruento de nossas piores tensões sociais (não nos iludamos, estas tensões e confrontos não podem ser extirpadas com o sopro de uma eleição!), são questões urgentes que sempre acompanham as mais diversas tentativas de construção da identidade nacional, uma pergunta que nunca foi bem respondida: o que é o Brasil? E, por conseguinte, por que as tentativas de uma concepção de nação e sentimento nacional sempre tendem ao discurso da religião dominante socialmente? (mais…)

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Para povos indígenas, repúdio do Vaticano à Doutrina da Descoberta é “apenas um passo”

No IHU

Povos indígenas dos Estados Unidos e do Canadá reagiram de forma mista ao repúdio do Vaticano à Doutrina da Descoberta, uma série de bulas papais do século XV que legitimavam a exploração colonial, concordando que a declaração deveria ser seguida de outras ações.

A reportagem é de Aleja Hertzler-McCain, publicada em National Catholic Reporter, 06-03-2023. A tradução é de Moisés Sbardelotto. (mais…)

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