O que é ser mãe para uma mulher negra?

A pesquisadora Rachel Gouveia Passos fala, ao PULSO, sobre seus estudos com a saúde mental com aquelas a quem não é dado nem o direito de existir. E reflete sobre a “colonialidade do cuidado”, que as joga à marginalidade da família

por Gabriela Leite, em Outra Saúde

Na segunda metade do século XX, a historiadora Lélia Gonzalez refletia sobre o papel da mãe preta, nos séculos de escravidão no Brasil, e sua importância em passar seu conhecimentos ancestrais, sua linguagem e seu cuidado aos filhos das sinhás. E qual o lugar dessas mulheres, no século XXI? O livro Na mira do fuzil – a saúde mental das mulheres negras em questão, de Rachel Gouveia Passos, busca puxar esse fio e olhar para as violências a que estão submetidas ainda hoje – também no que diz respeito ao maternar. (mais…)

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Quem cura a dor das mães negras?

Em obra a ser lançada neste sábado, Rachel Gouveia Passos investiga o trauma persistente das mulheres periféricas, que insistem em psiquiatrizar. Capítulo que trata da perda de filhos para a violência policial aponta: “o tomar remédio já começa no cemitério”

por Rachel Gouveia Passos*, em Outra Saúde

Algo quase sempre invisível é tema central da obra Na mira do fuzil: a saúde mental das mulheres negras em questão, de Rachel Gouveia Passos, publicada pela Editora Hucitec, parceira editorial do Outra Saúde. Resultado de sua pesquisa de pós-doutorado, a autora busca tecer uma análise teórica e prática sobre a produção do sofrimento e do adoecimento psíquico vivido pelas mulheres negras do país. (mais…)

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Pochmann: comentário sobre a cegueira nacional

Assim como na segunda metade do século XIX, país fecha os olhos às transformações e acomoda-se à mediocridade. Joaquim Nabuco estudou o fenômeno de forma pioneira, mas foi Saramago quem o expôs, com a lâmina aguda da literatura

por Marcio Pochmann, em Outras Palavras

A passagem da segunda para a terceira década do século 21 atendeu a uma espécie de viagem às trevas. Força disso tem sido a quarentena da cegueira nacional que parece aprisionar o Brasil à mediocridade das superficialidades e de inconsistências dos discursos e práticas dominantes. (mais…)

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O que é o Brasil? Religião e identidade nacional

Estado nacional nunca assegurou os direitos que poderiam constituir uma nação. No vácuo aberto por sua ausência, atuou sempre o cristianismo. E vale reparar: nunca o jesuíta colonial foi tão semelhante a certos pastores…

por Fran Alavina, em Outras Palavras

Talvez as principais perguntas que devamos fazer, neste momento cruento de nossas piores tensões sociais (não nos iludamos, estas tensões e confrontos não podem ser extirpadas com o sopro de uma eleição!), são questões urgentes que sempre acompanham as mais diversas tentativas de construção da identidade nacional, uma pergunta que nunca foi bem respondida: o que é o Brasil? E, por conseguinte, por que as tentativas de uma concepção de nação e sentimento nacional sempre tendem ao discurso da religião dominante socialmente? (mais…)

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Para povos indígenas, repúdio do Vaticano à Doutrina da Descoberta é “apenas um passo”

No IHU

Povos indígenas dos Estados Unidos e do Canadá reagiram de forma mista ao repúdio do Vaticano à Doutrina da Descoberta, uma série de bulas papais do século XV que legitimavam a exploração colonial, concordando que a declaração deveria ser seguida de outras ações.

A reportagem é de Aleja Hertzler-McCain, publicada em National Catholic Reporter, 06-03-2023. A tradução é de Moisés Sbardelotto. (mais…)

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O que podem as políticas públicas num país segregado?

Herança colonial nunca superada, riqueza e acesso à terra são ainda mais concentrados do que a renda. Fenômeno inferniza campo e cidades. Para vencê-lo, país precisa da reforma agrária – e de medidas redistributivas radicais

por Marie Madeleine Hutyra de Paula Lima, em Outras Palavras

A aprovação da Declaração Universal dos Direitos Humanos em 1948 pela Assembleia Geral das Nações Unidas exige o respeito à dignidade a todos e direitos iguais e inalienáveis, porém não conseguiu afastar a ideia da supremacia da raça branca e de uma política de segregação social na mente da elite dominante, também no Brasil, apesar das exigências neste sentido contidas na Constituição Federal de 1988. Falta educação política e humanização no país. (mais…)

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Suely Rolnik: Para o Brasil esconjurar o fascismo

Escravista, patriarcal e violenta, formação do país é fértil para subjetividades que querem a brutalização e o extermínio do outro. Saída precisa ser micropolítica, também: libertar nossos inconscientes do narcisismo que se blinda à diferença

Por Suely Rolnik | Tradução do espanhol: Josy Panão, em Outras Palavras

A bestial invasão das sedes dos três poderes da República Brasileira foi um passo a mais na escalada de um movimento de extrema direita que começa a mostrar sua cara, em 2005, durante o primeiro governo de Lula. Um movimento resultante da instalação no país da nova modalidade de golpe, própria do capitalismo em sua versão financeira, em que se unem neoliberalismo e um conservadorismo dos mais arcaicos e ferozes. Como descrevo em meu livro Esferas da insurreição.1, a nova modalidade de golpe se dá em várias etapas (a eleição de Bolsonaro em 2018 é apenas uma delas) e está longe de chegar ao fim. Desde que começou a se estabelecer este cenário, temos tentado nos equilibrar numa corda bamba cada vez mais perigosa. (mais…)

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