Vida institucional brasileira rasteja, aferrada à mercantilização, incapaz de se inspirar em quem tentou dar-lhe vitalidade, grandeza e viés solidarista. Por isso precisamos de quem, como o deputado, entrega o próprio corpo à luta coletiva
No ano 2000, publiquei um artigo no site No, sob o título “Perdão e esquecimento: a cultura política brasileira e as lições da África do Sul”i, onde procurava mostrar que a subordinação da política ao mercado corroía a credibilidade das instituições democráticas e poderia abrir, perigosamente, espaço para a reemergência do autoritarismo, se forças conservadoras identificassem a profundidade da rejeição popular à cultura política liberal e oferecessem um blend ideológico de ordem e mudança. O artigo afirmava a negligenciada importância do heroísmo – entendido como o sacrifício dos próprios interesses, quando não da própria vida –, como fonte de valor e legitimidade da política, talvez a única força moral e afetiva capaz de reverter a hegemonia degradante da mercantilização generalizada. (mais…)