O marxismo, a terra e a classe trabalhadora global

A resolução de nossas atuais crises ecológicas globais requer entender como o capitalismo transformou a relação da humanidade com a terra. O pensamento de Karl Marx nos dá as ferramentas certas para fazer exatamente isso.

Por Matt Huber, Jacobina

Quando se trata de política ecológica e anticolonial contemporânea, talvez não haja fator mais central do que a terra. As pessoas mais oprimidas do mundo continuam a ser expulsas de seus territórios, e da mesma forma os movimentos sociais há muito tentam expropriar terras controladas por capitalistas e Estados poderosos. A história da revolução do século XX e dos movimentos anticoloniais dependeu amplamente da terra e da reforma agrária. (mais…)

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COP30: o capitalismo, o Direito do Trabalho e a destruição de tudo

Este ano a COP30, uma conferência internacional sobre o clima, será realizada no Brasil, em Belém do Pará

Por Valdete Souto Severo, Brasil de Fato

Este ano a COP30, uma conferência internacional sobre o clima, será realizada no Brasil, em Belém do Pará. Tratar de meio ambiente é conversar sobre a iminência do fim do mundo para os seres viventes. E isso, por si só, deveria ser suficiente para que se percebesse a íntima relação da crise ambiental com o modo como produzimos e consumimos alimentos, como vivemos e nos relacionamos. Não há mágica ou quantidade de dinheiro capaz, hoje, de construir outro futuro, sem alterar profundamente o presente. (mais…)

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A floresta de cristal. Por Eduardo Viveiros de Castro

Trecho do livro recém-lançado, coletânea de artigos do autor.

A Terra é Redonda

Nenhum povo é uma ilha

Alguns meses atrás, os Sentineleses, habitantes da ilha epônima (North Sentinel Island) do arquipélago de Andaman e Nicobar, mataram um missionário estadunidense disfarçado de turista que tentava forçar contato com eles. Esse ato de autodefesa trouxe para as manchetes mundiais a atualidade de uma questão que diz respeito à ideia mesma de “atualidade”: qual o futuro dos povos ditos primitivos – em outras palavras, supostamente “inatuais” – que vivem isolados em lugares de difícil acesso, rejeitando enquanto podem qualquer comunicação com outros povos? (mais…)

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“Se desejasse projetar o melhor sistema para produzir os patógenos mais mortais, você escolheria o modelo do agronegócio”. Entrevista com Rob Wallace

Inaugurando uma série de reportagens preparatórias para a COP30, Rob Wallace alerta que o modelo de produção de alimentos capitalista cria um terreno fértil para a evolução de microrganismos cada vez mais virulentos e letais

André Antunes – EPSJV/Fiocruz

No final de 2025, líderes de todo o mundo voarão para Belém, no Pará, para a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, a COP30. Será mais uma tentativa de avançar no enfrentamento às mudanças climáticas, no momento em que o Acordo de Paris, pelo qual os países se comprometeram a reduzir emissões de gases de efeito estufa para limitar a média de aquecimento do planeta, completa dez anos. O epidemiologista evolucionário norte-americano Rob Wallace, no entanto, não vê grandes chances de se chegar a um acordo a partir da COP30, a despeito do grau de consenso em torno das mudanças climáticas. Para ele, a captura dos Estados nacionais, das instâncias de governança multilaterais e da ciência pelos interesses das classes capitalistas é hoje tão grande que fica difícil esperar grandes mudanças em um sistema econômico que serve aos interesses de alguns dos setores que mais emitem CO2. Wallace, integrante do Agroecology and Rural Economics Research Corps [em português, Corpo de Pesquisa em Economia Rural e Agroecologia, grupo de cientistas independentes dos Estados Unidos que estuda alternativas ao atual sistema agroalimentar], dirige uma crítica especial ao setor do agronegócio, que ele estudou mais diretamente quando analisou surtos de gripe aviária ao longo dos anos 2000. Segundo o epidemiologista, o mesmo modelo capitalista de produção de alimentos responsável por 30% das emissões anuais de gases de efeito estufa também serve de terreno fértil para a evolução de microrganismos cada vez mais virulentos e letais, com potencial para desencadearem a próxima pandemia. Nesta entrevista, que inaugura um especial sobre a COP 30, Wallace fala de mudanças climáticas, pandemia e agronegócio, conflitos de interesse na ciência, e da indissociabilidade entre ciência e política. (mais…)

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Coach — política neofascista e traumaturgia

Um povo que deseja o fascista brand new, o espírito vazio do capitalismo como golpe e como crime, e seu grande líder, a vida pública da política como sonho de um coach

Tales Ab´Sáber, A Terra é Redonda

O coach é a representação limite da financeirização do capital — a sua máxima abstração e pureza, dominando a produção e a guerra global — no âmbito da cultura. Psicólogo definido pelo incremento da produtividade de seu cliente, o coach teve origem na ruína do mundo do trabalho, das profissões e de suas éticas, no mundo da fragmentação e monadizacão do destino do trabalhador, vendedor de qualquer coisa que ninguém quer comprar. (mais…)

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Quem sustenta a Civilização do Plástico

Símbolo do descarte e desperdício que marcam o capitalismo, ele contamina rios, mares, solos e corpos. Redução drástica de seu uso é possível e está em debate num tratado internacional. Adivinhe quem trabalha intensamente para sabotá-lo

Por Jayathi Ghosh | Tradução: Antonio Martins, em Outras Palavras

Não há como negar que os plásticos trouxeram benefícios imensos ao longo do último século, impulsionando a inovação tecnológica, transformando os cuidados com a saúde e alimentando o crescimento econômico global. Mas, como sabemos agora, esse progresso teve um alto custo. (mais…)

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Carta Final do 1º Encontro Internacional de Territórios e Saberes (EITS)

No OTSS

“Só sabe pra onde vai quem sabe de onde vem.” Este verso, vindo do semiárido brasileiro, encontrou aqui em Paraty as vozes indígenas que já nos revelavam que “o futuro é ancestral”. Esse talvez seja o fundo das muitas mensagens que o território nos ensinou. No fundo, as soluções para adiar o fim do mundo já existem nos territórios. Para conhecê-las, é preciso sair dos gabinetes, pisar nas terras onde os saberes tradicionais resistem, preservados. (mais…)

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